Em uma das
conversas gravadas recentemente pela Polícia Federal, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva gaba-se
de ser
“a única pessoa que poderia incendiar o país”.
Eis aí a ameaça nada
velada do chefão petista de provocar distúrbios caso o cerco judicial e político se feche de vez
contra ele e contra seus apaniguados. É claro que se deve levar a sério
qualquer movimentação da tigrada para causar abalos à ordem pública, a título de
defender o ex-presidente do que considera uma injustiça. Mas que não se exagere o poder de Lula – pois, neste momento, pode-se dizer que as únicas coisas que o autoproclamado Nero consegue reduzir a cinzas são sua própria biografia, o pouco que restou
da presidência de Dilma Rousseff e o PT.
Lula
é um líder político que se diz “popular”, mas hoje não pode sair às ruas sem correr o risco de levar
estrepitosa vaia. Também não
viaja em aviões de carreira – prefere o conforto e
a privacidade de jatinhos emprestados ou alugados, diz-se que pelo Instituto Lula, que, na verdade, é seu
escritório político. Lula,
ademais, só consegue comparecer a eventos estritamente controlados, em que a entrada é
limitada àqueles que seguramente urrarão
a cada bravata proferida no palanque.
Esse isolamento se traduz por sua
crescente impopularidade. Segundo o Datafolha, a rejeição a Lula chegou a 57% dos eleitores. Nas classes mais pobres, reduto do voto
lulopetista, já são 49% os que repudiam o ex-presidente.
O poder de Lula se restringe cada
vez mais à voz de comando que tem sobre um punhado de
sindicalistas e líderes de movimentos sociais, que, a
título de proteger o genial guia da “perseguição”
judicial, ameaçam transformar em milícias as organizações que chefiam, afrontando ainda mais a lei e ameaçando
diretamente a democracia. Tudo para defender um projeto que transformou o
Estado em fonte da preciosa boquinha que sustenta essa turma de ergofóbicos.
Os sequazes do lulopetismo são
minoritários, como
provou a manifestação do dia 18. Naquela oportunidade, menos de 300 mil pessoas em todo o país
atenderam à convocação da CUT e de movimentos sociais em ato de “desagravo” a
Lula. O número não chegou a
10% do total de manifestantes que saíram às ruas no dia 13 para exigir o impeachment de Dilma e expressar seu desapreço
por Lula e pelo PT. Considerando-se
que a CUT diz ter quase 8 milhões de trabalhadores associados, sua capacidade de mobilização para ajudar Lula, mesmo apenas entre seus filiados, provou-se
muito limitada.
Ademais, pode-se especular que, se não fosse o
chamamento da CUT – que sempre vem acompanhado de pagamento de cachê, de
transporte gratuito e de fornecimento dos já tradicionais sanduíches de
mortadela para os manifestantes –, muito provavelmente a afluência teria sido
ainda menor. É certo que ainda há quem se disponha a defender Lula sem
receber nada em troca. Com convicção comovente, dizem tratar-se de um grande líder,
o primeiro político neste país a olhar para os pobres e, portanto, merecedor de
consideração mesmo por parte daqueles que não votaram nele.
Diante de tudo o que o país hoje
sabe a respeito de Lula, no entanto, pergunta-se: como é possível defendê-lo? Como acreditar no discurso
de alguém que critica as “elites” ao mesmo tempo que come, bebe, dorme e se diverte à custa de
favores de empreiteiros?
Como
acreditar nas juras de inocência de um homem que chefia com mão de ferro o partido que é o principal beneficiário do maior esquema de
corrupção da história brasileira? Como
enxergar em Lula o republicano que ele diz ser enquanto, ao mesmo tempo,
está claro que ele procurou sabotar as
instituições republicanas no momento em que estas o flagraram com a boca na
botija?
É preciso ser um
seguidor muito fanático para não perceber que Lula é uma farsa, hoje devidamente exposta para todo o país. E de fanáticos não se deve
esperar nada sensato. Por
isso, se Lula realmente quiser tocar fogo no Brasil, é possível que ele tenha
uns quantos sectários a apoiá-lo. Seria,
no entanto, o último ato da grande bufonaria lulopetista.
Fonte: Editorial do Estadão