Trinta e
três anos atrás passei por uma cirurgia de redesignação de sexo apenas para
descobrir que era um alívio temporário, não uma solução para as comorbidades
subjacentes.
Pioneiros
nas cirurgias de mudança de sexo e estudos clínicos recentes concordam que a maioria do transexuais sofrem de distúrbios psicológicos
simultaneamente, levando à tragédia de um elevado número de suicídios. A
proibição da psicoterapia para pessoas transexuais pode ser politicamente
correta, mas mostra um desrespeito imprudente pela vida humana.
Linha
do tempo:
04 de outubro de 1966: A coluna de fofocas do New York Daily News informou que uma moça que estava circulando em clubes de Manhattan admitiu ser um homem em 1965. Ela tinha passado por uma operação de mudança de sexo em Baltimore, na clínica Johns Hopkins. Em 1979, treze anos mais tarde, um grande número de cirurgias desse tipo haviam sido realizadas, sendo possível avaliar os resultados. Era hora para uma pesquisa com base em pacientes reais.
04 de outubro de 1966: A coluna de fofocas do New York Daily News informou que uma moça que estava circulando em clubes de Manhattan admitiu ser um homem em 1965. Ela tinha passado por uma operação de mudança de sexo em Baltimore, na clínica Johns Hopkins. Em 1979, treze anos mais tarde, um grande número de cirurgias desse tipo haviam sido realizadas, sendo possível avaliar os resultados. Era hora para uma pesquisa com base em pacientes reais.
1970: Qual a
eficiência da cirurgia de mudança? Quais foram os resultados para os transexuais?
O
primeiro relatório vem do Dr. Harry Benjamin, um forte defensor de terapia
hormonal com o sexo oposto e da cirurgia de "reatribuição
de gênero", que era realizada
num clínica privada para transexuais. De acordo com um artigo no Journal of Gay & Lesbian Mental Health, "em 1972, Benjamin
tinha diagnosticado, tratado e feito amizade com, pelo menos, mil dos dez mil
americanos conhecidos por serem transexuais."
Um colega
do Dr. Benjamin, o endocrinologista Charles Ihlenfeld, administrou a terapia
hormonal para cerca de 500 pessoas "trans" ao
longo de um período de seis anos na clínica de Benjamin – até que ficou
preocupado com os resultados. "Há
muito descontentamento entre as pessoas que fizeram a cirurgia", disse
ele. "Muitos deles acabam como
suicidas.
80% dos que querem mudar de sexo não devem fazê-lo." Mas,
mesmo para os 20% que ele achava que
poderiam ser bons candidatos para isso, a mudança de sexo não é de nenhuma maneira uma
solução para os problemas da vida. Ele
pensa nisso mais como uma espécie de alívio.
"Compra-se talvez 10 ou 15 anos de uma vida mais feliz", disse
ele, "e vale a pena por isso."
Mas o próprio Dr. Ihlenfeld nunca
fez mudança de sexo. Eu fiz, e discordo dele nesse último
ponto: o alívio não vale a pena. Eu tive
um alívio de sete ou oito anos, e depois? Eu estava
pior do que antes. Eu parecia uma mulher – meus documentos legais me identificavam como uma mulher –
mas eu achei que no final do "alívio"
eu queria ser um homem com a mesma intensidade com que eu tinha uma vez desejada
ser uma mulher. A recuperação foi difícil.
No
entanto, com base em sua experiência no tratamento de 500 transgêneros, o Dr.
Ihlenfeld concluiu que o desejo de mudar os sexos provavelmente resultava de
fatores psicológicos poderosos. Ele disse em
'Transgender Subjectivities: A Clinicians Guide': "o que quer que a
cirurgia tenha feito, ela não cumpriu um desejo básico de algo que é difícil de
definir. Conclui-se que estamos tentando tratar superficialmente algo que é
muito mais profundo".
O Dr. Ihlenfeld deixou a endocrinologia em 1975
para começar uma residência em psiquiatria.
Há cerca
de três anos, ao escrever meu livro 'Paper
Genders', fiquei curioso e chamei Dr. Ihlenfeld para perguntar se alguma
coisa tinha mudado em suas idéias sobre os comentários que fez em 1979.
Ihlenfeld foi educado comigo no telefone e rapidamente disse que não, nada
tinha mudado. É interessante, na atmosfera de hoje do politicamente correto,
que o Dr. Ihlenfeld, um homossexual, sustente a opinião que a cirurgia de "redesignação de gênero" não é
a resposta para aliviar os fatores psicológicos que levam à compulsão para
mudar de sexo. Eu aprecio sua honesta avaliação clínica, da evidência e recusa
em dobrar os resultados médicos a um ponto de vista político particular.
Em
seguida, vamos dar uma olhada na Clínica de Gênero da Universidade Johns
Hopkins, onde a moça transgênero da fofoca no New York Daily News fez sua
cirurgia. O Dr. Paul McHugh tornou-se diretor de Psiquiatria e Ciências
Comportamentais em meados da década de 1970 e pediu ao Dr. Jon Meyer, diretor
da clínica na época, a realização de um estudo aprofundado dos resultados de
pessoas tratadas na clínica.
Notas de Heitor De Paola:
Notas de Heitor De Paola:
(1) Comorbidades (Comorbidity)
é a presença de uma ou mais doença ou síndrome que ocorre simultaneamente com
uma condição clínica primária. O distúrbio secundário pode ser de ordem mental
ou comportamental.
(2) Axis I é um dos cinco eixos
considerados pelo Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders
(DSM) para determinação diagnóstica. O diagnóstico das principais perturbações
depressivas geralmente estão acompanhados de distúrbios no trabalho, problemas físicos como hipertensão, tristeza e
desespero. (Psychiatric Axis I Comorbidities among
Ler na íntegra, clique aqui
Escrito por Walt Heyer
Tradução:
William Uchoa
Divulgação:
Papéis Avulsos - http://heitordepaola.com