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segunda-feira, 19 de junho de 2023

Poder das Big Techs - Distopia real: Amazon desliga casa de cliente por denúncia de racismo infundada

Ideias - Roberta Ribeiro

Cliente ficou sem serviços da Amazon por uma semana - Foto: Eli Vieira com Midjourney

A Amazon cortou os serviços de IoT (ou internet das coisas, que conecta funções dentro de um lar, como acender e apagar as luzes, abrir as portas, ligar o som, a televisão, entre outras) de um cliente com base em acusações de racismo feitas por um entregador da Big Tech. 
O caso ocorreu com Brandon Jackson, de Baltimore, nos EUA, no dia 25 de maio, quando descobriu que as funcionalidades oferecidas pela empresa haviam sido interrompidas. “Esse incidente me deixou com uma casa cheia de dispositivos que não respondem, uma Alexa silenciosa e muitas perguntas”, disse Jackson em um texto comentando o caso.
 
Ao entrar em contato com a Amazon, Jackson foi informado, em tom acusatório por um executivo da empresa, de que sua “campainha”, que emite respostas faladas automatizadas, havia feito um comentário racista durante entrega realizada no dia 24 de maio. 
A denúncia foi recebida com surpresa: Jackson, que trabalha como engenheiro para a Microsoft, é negro, assim como sua família. Segundo ele, “parecia altamente improvável que fizéssemos tais comentários”.

A situação ficou ainda mais estranha quando Jackson perguntou o horário em que o suposto incidente tinha ocorrido — 18h05. Segundo ele, era praticamente impossível que alguém de sua família tivesse feito o comentário, pois não havia ninguém em casa naquele momento. Foi então que recorreu às imagens gravadas pelas múltiplas câmeras de sua propriedade para comprovar o que realmente havia acontecido.

A análise das filmagens não deixou dúvidas e ele confirmou que nenhum comentário havia sido feito. A campainha apenas havia emitido uma resposta automática, dizendo: "com licença, posso ajudá-lo?” para o entregador. Os vídeos também mostraram que, no momento da resposta, o motorista se afastava da porta usando fones de ouvido – o que, segundo Jackson, deve ter levado à má interpretação da mensagem.

Mesmo depois de enviar as evidências do equívoco cometido para a Amazon, Jackson continuou com os serviços bloqueados. “Deixe-me ser claro: apoio totalmente a adoção de medidas pela Amazon para garantir a segurança de seus motoristas. No entanto, questiono por que todo o meu sistema de inteligência doméstico foi inutilizado durante a investigação interna. (...) O envio de evidências em vídeo de vários ângulos logo após minha ligação inicial com o executivo pareceu ter pouco impacto em sua decisão de desativar minha conta”, relatou. Os serviços de Jackson foram restabelecidos no dia 31 de maio, uma semana após o corte.

Segundo Jackson, primeiramente, ele acreditava que “alguém podia ter tentado acessar sua conta repetidamente, causando um bloqueio. Eu uso um endereço de e-mail bastante antigo para minha conta da Amazon e é plausível que uma senha antiga tenha sido exposta em uma violação de dados”, comentou. Mas, mesmo tendo diversos dispositivos de segurança em operação, como o uso de senhas fortes e de dupla verificação, nenhuma dessas medidas é suficiente para barrar o próprio provedor de cortar o fornecimento de seus serviços.

Resposta da Amazon
Em resposta à Gazeta do Povo, a porta-voz da Amazon, Simone Griffin, disse que “trabalhamos muito para oferecer aos clientes uma ótima experiência e, ao mesmo tempo, garantir que os motoristas que entregam pacotes da Amazon se sintam seguros. Nesse caso, descobrimos por meio de nossa investigação que o cliente não agiu de forma inadequada e estamos trabalhando diretamente com o cliente para resolver suas preocupações e, ao mesmo tempo, procurar maneiras de evitar que uma situação semelhante aconteça novamente.”

Ao ser questionada sobre que ações são consideradas inadequadas a ponto de causar a suspensão ou restrição de serviços, quais são as regras e políticas da empresa para avaliação de tais situações, bem como onde essas diretrizes estão listadas e disponibilizadas para o público, a Amazon apenas reiterou a resposta já citada.

Controle doméstico
Jackson disse que o incidente o levou a questionar sua relação com a empresa, após quase “uma década de lealdade”. “Estou pensando seriamente em interromper o uso dos dispositivos Amazon Echo e alertarei outras pessoas sobre esse incidente. Essa dura experiência abriu caminho para buscar um sistema de assistência doméstica mais personalizado”, talvez utilizando outros dispositivos, completou.

Em vídeo postado sobre o caso, o Youtuber norte-americano Louis Rossmann, que tem uma empresa de conserto de aparelhos eletrônicos e que conta com 1,8 milhões de inscritos em seu canal, expressou sua indignação diante do fato. “Esse é o problema quando você dá muito controle para uma companhia e, particularmente, quando o controle que você dá é para dispositivos dentro da sua casa conectados aos servidores deles. Você pode, literalmente, se encontrar em uma situação na qual alguém que fez uma acusação infundada (...) comprovadamente falsa, faça com que a infraestrutura da sua casa pare de funcionar”.

Em uma atualização do texto no qual relata sua história, Jackson disse que não ficou uma semana no escuro, exatamente por também ter seus dispositivos vinculados a servidores locais, ao invés de depender somente da Amazon. Ele ainda disse esperar que sua experiência leve a empresa a reformar e repensar sua abordagem para lidar com tais situações no futuro. “É essencial que os clientes se sintam confiantes na segurança e confiabilidade de seus serviços, especialmente quando esses serviços são parte integrante das funcionalidades de suas casas. É hora da Amazon adotar uma abordagem mais focada no cliente para a resolução de problemas e  de conflitos”, concluiu.

Roberta Ribeiro - Coluna Gazeta do Povo - Ideias

 

domingo, 19 de julho de 2020

Estado de choque - Nas entrelinhas

Correio Braziliense


“Guedes propõe solução simples para um problema complexo: mais um imposto. Como sabe que é isso, pode ser para criar um cavalo de batalha, justificar seu fracasso e deixar o cargo”

A ideologia de livre mercado do vienense Friedrich August Von Hayek, paradigma da política liberal conservadora do pós-guerra, foi historicamente associada às doutrinas de choque. Embora originárias das décadas de 1920/1930, suas ideias somente ganhariam força após a II Guerra Mundial. Esse caráter de “choque” foi resultado do envolvimento de Hayke com regime ditatoriais da América Latina, entre os quais a ditadura sanguinária do general Augusto Pinochet, no Chile. A doutrina de choque funciona como uma chantagem, porque as pessoas são persuadidas de que a única opção é aceitar o “mal menor” diante das crises, o que se traduz em soluções selvagens para a desregulamentação da economia e alienação patrimonial, assim como a naturalização do desemprego em massa e da chamada “destruição criativa”.

[Presidente Bolsonaro, Guedes já fracassou - além de ser indeciso é azarado = a pandemia acabou com alguma chance dele acertar.
Agora, fracassado quer levar ao fracasso a sua necessária, para o Brasil e milhões de brasileiros, reeleição.]

Obviamente, Hayke foi um crítico das teorias de John Maynard Keynes, o que dificultou muito sua vida no imediato pós-guerra, por causa do sucesso das políticas keynesianas nos Estados Unidos, depois da Grande Depressão de 1929, e na reconstrução da Europa Ocidental, com o Plano Marshall, no imediato pós-guerra. Entretanto, Hayke ganhou o prêmio Nobel de 1970 e conquistou corações e mentes dos dois principais líderes ocidentais da década seguinte, Ronald Reagan, presidente republicano dos Estados Unidos, e Margareth Thatcher, primeira-ministra conservadora do Reino Unido. Com isso, sua figura controversa deixou de ser associada aos ditadores latino-americanos e passou ser identificada com a bem-sucedida política “neoliberal” desses dois líderes.

Com o colapso da antiga União Soviética e do comunismo no Leste Europeu, o mundo ingressou num período de aparente unipolaridade, até a Rússia de Putin se reerguer como potência energética, a aliança franco-alemã se consolidar na Europa e a China, emergir como novo player da economia mundial, cujo eixo comercial se deslocou do Atlântico para o Pacífico. Simultaneamente, um filósofo norte-americano, John Rawls, que cresceu em Baltimore e havia servido no Pacífico — Nova Guiné, Filipinas e Japão —, durante a II Guerra Mundial, começou a ser muito discutido nos Estados Unidos, por causa de suas teses sobre a justiça, o direito dos povos e a equidade. Formado em Princeton, no começo dos anos 1950, estudou na Universidade de Oxford, no Reino Unido, onde conviveu com outro gigante do liberalismo, Isaiah Berlin.


Equidade
Justiça, equidade e desigualdades eram as principais preocupações de Rawls, que questionava a forma como os princípios de justiça se baseavam. Ele estava preocupado com a relação entre a política e as desigualdades, que ultrapassa os julgamentos morais individuais. Por essa razão, estabeleceu uma correlação entre os princípios da justiça e a forma como os sistemas educacional, sanitário, tributário e eleitoral funcionam. Crítico da guerra do Vietnã e simpático aos movimentos de direitos civis das minorias, concluiu que todos têm as mesmas demandas para as liberdades básicas e que as desigualdades sociais e econômicas deveriam ter um limite razoável, que fossem associados a cargos e posições acessíveis a qualquer um, de forma a que todos pudessem sobreviver com dignidade. Nesse aspecto, o Estado deveria ser garantidor da justiça com equidade. Suas palestras sobre o tema foram reunidas num livro por ele revisado em 2001: Justiça como equidade: uma reformulação (Martins Fontes), muito adotado nas escolas de direito no Brasil. Sua Teoria da Justiça era o livro de cabeceira do presidente Bill Clinton, do Partido Democrata.


O ministro da Economia, Paulo Guedes, é um discípulo da Escola de Chicago, liderada por Milton Friedman, outro prêmio Nobel de Economia, de quem foi aluno e apadrinhado na ida para a equipe econômica do general Pinochet. A essência do seu pensamento se baseia na formação de preços, livre mercado e expectativas racionais dos agentes econômicos. Há um ano, o ministro anuncia uma reforma tributária, sem apresentá-la, enquanto o Congresso discute dois projetos, um no Senado, de autoria do ex-deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), e outro na Câmara, do deputado Baleia Rossi (MDB-SP), com base em estudos do economista Bernard Appy.

Como já vimos, é preciso compatibilizar nosso liberalismo com a justiça social. O que a pandemia escancarou foi o sucateamento da saúde e da educação e a brutal violência e iniquidade social nas favelas, periferias e grotões do país. Entretanto, agora, Guedes anuncia uma proposta de reforma tributária cujo eixo é a criação de imposto com tributação automática de operações digitais, para arrecadar mais de R$ 100 bilhões. Na prática, é uma exumação da antiga CPMF, que foi criada originalmente para viabilizar recursos para a Saúde.

O problema de Guedes é o crescimento da dívida pública por causa da pandemia, que deve elevar o deficit fiscal de R$ 134 bilhões para, aproximadamente, R$ 700 bilhões, o que inviabiliza as políticas de transferência de renda e pode provocar o colapso financeiro do governo federal, se não houver uma reforma administrativa e nova reforma previdenciária no próximo ano. Guedes propõe uma solução simples para um problema complexo: mais um imposto. Política de choque. Como sabe que é isso mesmo, pode ser, também, para criar um cavalo de batalha, justificar seu fracasso e deixar o cargo.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo,jornalista - Correio Braziliense





domingo, 19 de maio de 2019

Gaiato no navio

O “apelo às massas” é uma situação recorrente na política brasileira, quando presidentes se veem em dificuldades com a economia e o Congresso, mas não costuma dar certo. Bolsonaro lembra Jânio Quadros e Collor de Mello”


A aparente desorientação do presidente Jair Bolsonaro, que compartilhou de forma enigmática, na sua rede pessoal de WhatsApp, um texto do economista João Portinho, no qual o autor afirma que o país é ingovernável por causa das corporações, do Congresso e do Judiciário, lembra um velho rock de Os Paralamas do Sucesso, Melô do marinheiro, de Bi Ribeiro e João Barone: “Entrei de gaiato num navio/ Entrei, entrei, entrei pelo cano/ Entrei de gaiato/ Entrei, entrei, entrei por engano”, diz o refrão. É uma analogia quase perfeita com a situação: “Aceitei, me engajei, fui conhecer a embarcação/ A popa e o convés, a proa e o timão/ Tudo bem bonito pra chamar a atenção/ Foi quando eu recebi um balde d’água e sabão/ Tá vendo essa sujeira bem debaixo dos seus pés?/ Pois deixa de moleza e vai lavando esse convés!”

Sucesso na voz de Herbert Vianna, a música prossegue: “Quando eu dei por mim eu já estava em alto-mar/Sem a menor chance nem vontade de voltar/Pensei que era moleza, mas foi pura ilusão/Conhecer o mundo inteiro sem gastar nenhum tostão/Liverpool, Baltimore, Bangkok e Japão/ E eu aqui descascando batata no porão!” A divulgação do texto por Bolsonaro, com um comentário que revelava sua frustração no cargo, provocou boatos e muita confusão política. Fontes palacianas vazaram para a imprensa que o presidente da República, desgostoso com as dificuldades que enfrenta, estaria disposto até a renunciar para não ceder às pressões do Congresso, por mais espaço no governo em troca da aprovação da reforma da Previdência. O vazamento foi atribuído a militares, que estariam em rota de colisão com Bolsonaro.

O diagnóstico foi catastrófico para o governo. Ao ser indagado sobre o texto ontem, em frente ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro minimizou sua repercussão: “O texto? Pergunta para o autor. Eu apenas passei para meia dúzia de pessoas”. Entretanto, em linha com a narrativa de Portinho, apoiadores de Bolsonaro estão convocando uma manifestação para o próximo dia 26, cujo objetivo seria “invadir” o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF). Movimentos cívicos como Vem Pra Rua, liderado por Rogério Chequer, e Movimento Brasil Livre (MBL), de Kim Kataguiri, também nas redes sociais, porém, se manifestaram contra o movimento, que virou um dos assuntos quentes deste fim de semana.

Outro assunto é a quebra do sigilo bancário de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente da República. De janeiro a dezembro de 2016, a conta no Itaú aberta por Queiroz na agência Personnalité Freguesia, no Rio, movimentou R$ 1,23 milhão. Os depósitos em dinheiro representam um terço do total de R$ 605.652 que entraram na conta. Também terão as contas bancárias investigadas a esposa de Flávio, Fernanda Bolsonaro; uma empresa do casal, Bolsotini Chocolates e Café Ltda; as duas filhas de Queiroz, Nathalia e Evelyn; e a esposa do ex-assessor, Marcia. Outros 88 ex-funcionários do gabinete, seus parentes e empresas relacionadas a eles também terão as informações bancárias checadas. Entre os investigados estão Danielle Nóbrega e Raimunda Magalhães, irmã e mãe do ex-PM Adriano Magalhães da Nóbrega, o homem-forte do “Escritório do crime”, organização de milicianos suspeitos de envolvimento no assassinato da vereadora carioca Marielle Franco.

Ideologia
O “apelo às massas” é recorrente na política brasileira, quando presidentes se veem em dificuldades com a economia e o Congresso, mas não costuma dar certo. Bolsonaro lembra Jânio Quadros e Collor de Mello, simultaneamente. O primeiro renunciou ao mandato, acreditando que voltaria ao poder nos braços do povo; o segundo, convocou seus apoiadores a vestir verde e amarelo e acabou forçado a renunciar pela campanha do impeachment. A voz rouca das ruas, como dizia o falecido deputado Ulysses Guimarães, se manifestou na semana passada pela primeira vez após as eleições, por causa do contingenciamento de verbas das universidades federais, com forte repercussão no Congresso. [as razões que levaram as ruas a manifestar a 'voz rouca das ruas', não se sustentam e deixam evidente que se trata de um movimento orquestrado (e maximizado na narrativa apresentada por parte da imprensa) pelos adeptos do 'quanto pior, melhor'.


Contingenciamento é uma prática corriqueira em todos os governos. 
Para provar o quanto contingenciamento é comum, nos Estados Unidos - país cuja economia vai de vento em popa - recentemente ocorreu fato parecido que provocou até funcionários públicos não receberem salários.

O contingenciamento realizado por Bolsonaro está sendo considerado uma catástrofe devido espertalhões, da gang do 'quanto pior, melhor' se valerem de ingênuos, ou idiotas úteis,  para prejudicar o ainda vacilante governo Bolsonaro.
Por favor e para sua informação, clique aqui e leia; 
Você terá uma ideia do real significado do contingenciamento - verá números, que podem ser comprovados, e não comentários vazios e que não se sustentam.]  A convocação de uma manifestação em apoio ao governo como resposta não vai resolver os problemas do país, apenas eleva a temperatura política e aumenta a radicalização [favorecendo os defensores do 'quanto pior, melhor'. 
Qualquer manifestação no momento será prejudicial a nossa Pátria Amada, só favorece os que estão contra o BRASIL e a favor do desemprego, da manutenção da bagunça do governo da organização criminosa comandada pelo PT = perda total. 
Lembrem-se que o perda total - pt - está nos estertores da agonia, se extinguindo e disposto a qualquer manobra desesperada para se salvar ou levar o Brasil e os brasileiros, especialmente os menos favorecidos, para o abismo.

Há de se cogitar se a convocação atribuída a 'apoiadores de Bolsonaro' não é na realidade uma armação quinta-coluna da corja lulopetista e demais integrantes da quadrilha do 'quanto pior, melhor'???]
 
O governo tem duas ordens de problemas: uma é estrutural, a crise fiscal, a estagnação econômica e o desemprego em massa demandam reformas econômicas, principalmente a da Previdência; a outra é política, passa por reformas nas instituições, que são contingenciadas pela Constituição, ou seja, pelo Congresso e o Judiciário. A maneira correta de lidar com isso é a apresentação de propostas tecnicamente robustas e politicamente exequíveis, não há outro caminho na democracia. O problema é que Bolsonaro está focado numa revolução conservadora, inspirada em certa nostalgia reacionária.

Houve, no mundo, uma revolução cultural bem-sucedida, com o feminismo, os direitos dos homossexuais e o declínio da autoridade patriarcal, mas não houve uma revolução política. A democracia representativa foi posta em xeque pelo globalismo e o multiculturalismo. É nesse cenário que autores reacionários, como Olavo de Carvalho, encontraram seu público e ajudaram políticos de direita do Ocidente a sair do isolamento e catalisar as insatisfações populares, chegando ao poder em alguns países, entre os quais os Estados Unidos. [felizmente, para os EUA, a direita chegou ao poder.
Comparem o crescimento atual da economia americana e confirmem que onde a direita chega, e governar, a prosperidade chega junto.
Tanto que Trump vez ou outra dá suas 'caneladas' a as críticas feitas a ele não prosperam.] Toda ideologia, porém, é uma visão distorcida da realidade; diante da objetividade dos nossos problemas, o Brasil precisa é de coesão política para sair do atoleiro.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - CB 


domingo, 10 de julho de 2016

A cor da pele, a opção sexual e o gênero, não podem ser aceitos como motivos para colocar cidadãos acima das leis

ARTIGO: A mancha do racismo institucional

Alton Sterling e Philando Castile se juntam a um grupo crescente de mártires — de Sandra Bland, em Hampstead (Texas), até Freddie Gray, em Baltimore (Maryland), e Michael Brown, em Ferguson (Missouri) — que morrem depois de entreveros com policiais nos últimos dois anos, um padrão de violência racial que deu início ao movimento “Black Lives Matter”, que se apoderou do imaginário nacional nos EUA.

A morte de Sterling, em Baton Rouge (Louisiana), na última terça-feira, foi registrada em vídeo. O desenrolar da ação em que Castile foi baleado em um sinal de trânsito em Falcon Heights (Minnesota), no dia seguinte, foi transmitido ao vivo na internet pela namorada da vítima. Seu lamento, interrompido pela tentativa de sua filha de 4 anos de confortá-la, se espalhou pela rede. 

Os dois vídeos, exibidos pelas emissoras de TV a cabo ao redor do país, oferecem um duro retrato do que significa ser um negro da pobre classe operária nos Estados Unidos de hoje.
Recentemente, a Suprema Corte deu carta branca à polícia para abordar praticamente qualquer um, o que torna ainda mais aceitável que negros homens e mulheres, meninos e meninas, gays, heterossexuais e transgêneros — sejam escolhidos para sofrer vigilância e assédio que podem, novamente, levar a momentos de brutalidade, violência e mesmo morte. Isso num mundo em que, somente em 2016, a polícia matou mais de 560 pessoas. 

Embora o democrata John Lewis, do estado da Geórgia, tenha sido aplaudido ao comandar um protesto na Câmara dos Representantes, reivindicando a votação de uma reforma sobre o controle das armas de fogo, muitos políticos não demonstram tanto afinco para questionar as mortes de cidadãos negros causadas por policiais. Teria algum político a coragem de realizar um protesto por Sterling e Castile e defender uma legislação bipartidária para dar fim a essa epidemia de violência contra a população negra?

O sistema da Justiça criminal americana representa as aspirações coletivas de milhões de pessoas que tomam decisões eleitores, políticos, juízes e promotores — e que criaram uma estrutura que demoniza os negros. O comportamento violento de agentes de segurança não deve ser visto como uma aberração, mas sim como resultado do racismo institucional e do preconceito contra negros da classe operária. E o sucesso do Departamento de Justiça para criar um consenso em cidades como Ferguson apenas arranha a superfície do problema, que faz com que negros sejam sistematicamente punidos por tribunais, sistemas de liberdade condicional, cadeias locais e penitenciárias estaduais e federais.

As mortes de Sterling e Castile refletem o modo panorâmico como as instituições democráticas americanas tratam o cotidiano dos negros no século XXI.  A maioria dos negros está excluída da excelência afro-americana, representada por nomes como Barack Obama e Beyoncé, e, como Streling e Castile, pode se ver em situações de vida ou morte a cada encontro com os agentes da lei. Eles habitam as esferas mais baixas da vida no país, locais particularmente vulneráveis à pobreza, discriminação racial, violência, segregação, ao desemprego, a perigos ambientais, doenças e morte.

A persistência e evolução do racismo institucional atestam como ela é considerada normal na cultura americana, em nossa política e democracia. A aberração desta perspectiva não é a morte de Sterling e Castile, mas as imagens da excelência negra que são rotineiramente saudadas como “progresso” racial.  A América Negra sempre foi um canário na mina de carvão, um denominador comum para as medidas de dor, sofrimento e miséria.


Embora alguns sonhos tenham se tornado realidade, muitos outros esbarraram em limitações legais e foram ameaçados pelo ressurgimento de antigos movimentos racistas, que catapultaram um candidato presidencial abertamente apoiado por membros de um movimento defensor da supremacia branca e por outros grupos de ódio. Este é o lado negro da promessa de Donald Trump de levar os Estados Unidos de volta à glória da era do presidente Dwight Eisenhower, um período marcado pela segregação aberta e violência contra os negros.

Por:Diretor e fundador do Centro para Estudo das Raças e da Democracia na LBJ School of Public Affairs; professor de História na Universidade do Texas em Austin; e autor de “Stokely: a Life", sobre o ativista Stokely Carmichael

 

sexta-feira, 10 de junho de 2016

50 anos de mudanças de sexo, transtornos mentais e suicídios aos montes



Trinta e três anos atrás passei por uma cirurgia de redesignação de sexo apenas para descobrir que era um alívio temporário, não uma solução para as comorbidades subjacentes.

Pioneiros nas cirurgias de mudança de sexo e estudos clínicos recentes concordam que a maioria do transexuais sofrem de distúrbios psicológicos simultaneamente, levando à tragédia de um elevado número de suicídios. A proibição da psicoterapia para pessoas transexuais pode ser politicamente correta, mas mostra um desrespeito imprudente pela vida humana.

Linha do tempo:
04 de outubro de 1966: A coluna de fofocas do New York Daily News informou que uma moça que estava circulando em clubes de Manhattan admitiu ser um homem em 1965. Ela tinha passado por  uma operação de mudança de sexo em Baltimore, na clínica Johns Hopkins. Em 1979, treze anos mais tarde, um grande número de cirurgias desse tipo haviam sido realizadas, sendo possível avaliar os resultados. Era hora para uma pesquisa com base em pacientes reais.

1970: Qual a eficiência da cirurgia de mudança? Quais foram os resultados para os transexuais?
O primeiro relatório vem do Dr. Harry Benjamin, um forte defensor de terapia hormonal com o sexo oposto e da cirurgia de "reatribuição de gênero", que era realizada num clínica privada para transexuais. De acordo com um artigo  no Journal of Gay & Lesbian Mental Health, "em 1972, Benjamin tinha diagnosticado, tratado e feito amizade com, pelo menos, mil dos dez mil americanos conhecidos por serem transexuais."

Um colega do Dr. Benjamin, o endocrinologista Charles Ihlenfeld, administrou a terapia hormonal para cerca de 500 pessoas "trans" ao longo de um período de seis anos na clínica de Benjamin – até que ficou preocupado com os resultados. "Há muito descontentamento entre as pessoas que fizeram a cirurgia", disse ele. "Muitos deles acabam como suicidas. 
80%  dos que querem mudar de sexo não devem fazê-lo." Mas, mesmo para os 20% que ele achava que poderiam ser bons candidatos para isso, a mudança de sexo não é de nenhuma maneira uma solução para os problemas da vida. Ele pensa nisso mais como uma espécie de alívio. "Compra-se talvez 10 ou 15 anos de uma vida mais feliz", disse ele, "e vale a pena por isso."

Mas o próprio Dr. Ihlenfeld nunca fez mudança de sexo. Eu fiz, e discordo dele nesse último ponto: o alívio não vale a pena. Eu tive um alívio de sete ou oito anos, e depois? Eu estava pior do que antes. Eu parecia uma mulher – meus documentos legais me identificavam como uma mulher – mas eu achei que no final do "alívio" eu queria ser um homem com a mesma intensidade com que eu tinha uma vez desejada ser uma mulher. A recuperação foi difícil.  

No entanto, com base em sua experiência no tratamento de 500 transgêneros, o Dr. Ihlenfeld concluiu que o desejo de mudar os sexos provavelmente resultava de fatores psicológicos poderosos. Ele disse em 'Transgender Subjectivities: A Clinicians Guide': "o que quer que a cirurgia tenha feito, ela não cumpriu um desejo básico de algo que é difícil de definir. Conclui-se que estamos tentando tratar superficialmente algo que é muito mais profundo".

O Dr. Ihlenfeld deixou a endocrinologia em 1975 para começar uma residência em psiquiatria.
Há cerca de três anos, ao escrever meu livro 'Paper Genders', fiquei curioso e chamei Dr. Ihlenfeld para perguntar se alguma coisa tinha mudado em suas idéias sobre os comentários que fez em 1979. Ihlenfeld foi educado comigo no telefone e rapidamente disse que não, nada tinha mudado. É interessante, na atmosfera de hoje do politicamente correto, que o Dr. Ihlenfeld, um homossexual, sustente a opinião que a cirurgia de "redesignação de gênero" não é a resposta para aliviar os fatores psicológicos que levam à compulsão para mudar de sexo. Eu aprecio sua honesta avaliação clínica, da evidência e recusa em dobrar os resultados médicos a um ponto de vista político particular.

Em seguida, vamos dar uma olhada na Clínica de Gênero da Universidade Johns Hopkins, onde a moça transgênero da fofoca no New York Daily News fez sua cirurgia. O Dr. Paul McHugh tornou-se diretor de Psiquiatria e Ciências Comportamentais em meados da década de 1970 e pediu ao Dr. Jon Meyer, diretor da clínica na época, a realização de um estudo aprofundado dos resultados de pessoas tratadas na clínica.

Notas de Heitor De Paola:
(1)  Comorbidades (Comorbidity) é a presença de uma ou mais doença ou síndrome que ocorre simultaneamente com uma condição clínica primária. O distúrbio secundário pode ser de ordem mental ou comportamental. 
(2) Axis I é um dos cinco eixos considerados pelo Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders  (DSM) para determinação diagnóstica. O diagnóstico das principais perturbações depressivas geralmente estão acompanhados de distúrbios no trabalho, problemas físicos como hipertensão, tristeza e desespero.  (Psychiatric Axis I Comorbidities among 

Ler na íntegra, clique aqui

Escrito por Walt Heyer
Publicado originalmente em The Public Discourse.
Tradução: William Uchoa
Divulgação: Papéis Avulsos - http://heitordepaola.com


segunda-feira, 18 de maio de 2015

Por sorte é uma proposta fadada ao arquivamento; a polícia americana é eficiente mas não abre mão do uso da força quando necessário


Obama anuncia proposta que bane equipamentos militares das polícias americanas
Projeto é parte de série de medidas propostas para restaurar confiança com comunidades e reduzir incidentes de violência
Equipamentos fundamentais do armamento militar serão banidos e outros serão restritos em departamentos de polícia locais dos EUA, segundo funcionários da Casa Branca. O presidente americano, Barack Obama, anuncia nesta segunda-feira uma medida que tem em mente reduzir as tensões entre as polícias e comunidades, após incidentes fatais em cidades como Ferguson e Nova York, além da recente morte do jovem negro Freddie Gray, em Baltimore. Ele anunciará um pacote de estímulo à adoção da medida avaliado em US$ 163 milhões.

 Tropa de choque da polícia de Baltimore contém manifestantes que protestam nas imediações do shopping Mondawmin Mall - Drew Angerer / AFP
Imagine  esses baderneiros tendo a oportunidade de enfrentar uma polícia humanizada – haveria mortes e certamente não seria dos desordeiros

Obama decidiu tomar a medida após criar uma força-tarefa em janeiro, proibindo que os departamentos usassem verbas federais para adquirir veículos blindados, armas e munição de alto calibre e uniformes camuflados. [na verdade Obama não está adotando nenhuma medida e sim cogitando de apresentar uma proposta que será rejeitada; não tem sentido devido a ação reprovável de um grupo de baderneiros, contrários à ação da polícia, que se desarme os policiais, deixando-os a mercê dos marginais.]
Os itens banidos incluirão ainda lança-granadas e baionetas. Explosivos e materiais de contenção de manifestações, explosivos e veículos táticos só terão autorização mediante termo de compromisso. Outra ideia é aumentar o uso de câmeras equipadas no corpo. A proposta, segundo os funcionários ouvidos pelo “New York Times”, serviria para ajudar a aumentar a confiança entre a polícia e moradores.
O anúncio foi deixado para uma visita à cidade de Camden, em Nova Jersey. A cidade se tornou modelo nacional após substituir sua força policial por um sistema dividido em condados que não utiliza armamentos pesados e tem colaboração da comunidade. Camden é uma das 20 cidades que se juntaram ao programa recente da Casa Branca de usar câmeras na farda policial.
A proposta do presidente é fazer contraponto a locais como Ferguson, onde o jovem Michael Brown foi morto com um tiro na cabeça por um policial,  e não se sabe se o disparo foi correto.  — Sem dúvida, estamos vivendo um momento de definição no policiamento americano. É uma oportunidade única de redefinir a atuação policial em nossa democracia, garantindo que a segurança pública seja mais que a ausência do crime, mas que tenha uma presença pela justiça — afirmou em coletiva Ronald Davis, diretor do Escritório de Serviços de Policiamento para a Comunidade do Departamento de Justiça.
Uma crítica ao governo por alas mais progressistas era a manutenção de armas de alto calibre e proteção pesada, medidas muito estimuladas após os atentados de 11 de setembro de 2001. [a ideia é estúpida, convenhamos que desarmar a força policial – reduzindo seu poder de fogo – e ao mesmo retirando equipamentos de proteção, é a melhor forma de entregar as cidades aos bandidos, aos baderneiros e na sequência aos terroristas.  É isso que querem?]  
Em várias ocasiões, Obama admitiu que a polícia americana aplica métodos discriminatórios contra minorias negras, e vem buscando soluções para episódios que terminam em acusações de violência policial. Um relatório recente do Departamento de Justiça reforçou os apelos por maior “humanização” da polícia americana. [polícia humanizada é polícia desmoralizada; até a própria Inglaterra que cultiva o mito de que sua polícia – Scotland Yard – trabalha desarmada, quando necessário não vacila no uso de força letal, especialmente contra terroristas.
Mostrando que existe um pequeno contingente de policiais, colocados em pontos estratégicos para turista ver (vale o contrário do adágio ‘para inglês ver’) que trabalha desarmado.]

Fonte: O Globo