Tombini admite queda de juros, Bradesco é indiciado, TCU pega Dilma de novo e TSE proporá reforma política
O décimo nono dia do governo
provisório de Michel Temer vem cheio de novidades. Umas boas, outras ruins -
dependendo de quem é afetado pelas notícias. A melhor delas é que o ministro
Gilmar Mendes, Presidente do Superior Tribunal Eleitoral, anunciou a criação de
um conselho para definir uma reforma política. Os magistrados pensam até em
fazer uma proposta de mudança no sistema eleitoral para apresentar ao
Congresso.
Outra excelente notícia foi dada por
quem está de saideira da presidência Banco Central do Brasil. Alexandre Tombini
enxerga espaço para os juros de 14,25% caírem em julho. Tombini só não aposta
que seu sucessor, Ilan Goldfajn, que vem da chefia econômica do Banco Itaú,
faça isso logo na primeira reunião de que participará no Comitê de Política
Monetária - o Copom. O mercado já aposta que, sem uma afrouxada monetária, não
se consegue reverter a recessão. Até os banqueiros já aceitam ceder anéis para
não perderem os dedos, a mão ou até o braço inteiro, com a inadimplência e o
descontrole da dívida pública, independentemente do ajuste fiscal que Henrique
Meirelles consiga (o milagre político) de produzir.
Outra notícia boa, sob o ponto de
vista do combate à corrupção sem medo do poder de fogo dos poderosos, foi o
indiciamento do presidente do Bradesco, pela Polícia Federal, na Operação
Zelotes (uma prima menos famosa da Lava Jato que começa a crescer em
gravidade). O executivo Luiz Carlos Trabuco Cappi já mandou soltar uma nota
oficial para negar que o banco tenha contratado empresas que traficavam
influência no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) para anular um
"debitozinho" de R$ 3 bilhões com a Super Receita Federal.
A PF indiciou o auditor da Receita
Federal Eduardo Cerqueira Leite, que teria articulado a reunião entre os
integrantes do esquema e o comando do Bradesco. Junto com Trabuco, foram
indiciados o vice-presidente do banco, Domingos Abreu, e Luiz Carlos Angelotti,
diretor de relações com investidores da instituição. A PF enviou o inquérito ao
Ministério Público Federal, que pode ou não oferece denúncia à Justiça Federal.
O Bradesco se defende previamente: "O mérito do julgamento se refere à
ação que o Bradesco perdeu em todas as instâncias da Justiça, em questionamento
à cobrança de adicional de PIS/Cofins. Esta ação foi objeto de recurso pela
Procuradoria da Fazenda no âmbito do Carf. O Bradesco irá apresentar seus
argumentos juridicamente por meio do seu corpo de advogados. O Bradesco reitera
seus elevados padrões de conduta ética e reafirma sua confiança na
Justiça".
Outra notícia excelente é muito ruim
para a Presidenta afastada Dilma Rousseff. A ciclista foi pega em novas
pedaladas pelo Tribunal de Contas da União. A área técnica do TCU apontou uma
série de irregularidades que fundamentariam a reprovação das demonstrações
referentes ao exercício de 2015. O rolo ainda vai para análise do
ministro-relator, José Múcio Monteiro, que pretende levar o processo ao
plenário do TCU na segunda semana de junho, possivelmente entre os dias 15 e
17.
Dilma cai novamente da bicicleta
porque os técnicos do tribunal indicaram que o governo fez uso de medida
provisória para efetuar mudanças na destinação de receitas vinculadas, o que é
proibido por lei. A MP 704, publicada em 23 de dezembro do ano passado,
autorizou que o superávit financeiro das fontes de recursos decorrentes de
vinculação legal existente na conta única do Tesouro Nacional até dezembro de
2014 fosse destinado à cobertura de despesas primárias obrigatórias no
exercício de 2015.
Agora, uma notícia que não é
novidade, mas apenas um replay do que a petelândia era craque em fazer: jogar a
culpa no desgoverno anterior. O presidento Michel Temer orienta sua base aliada
para defenderem seu governo provisório, alegando que receberem uma
"herança maldita do PT". O ministro da Secretaria de Governo, Geddel
Vieira Lima, reproduziu o que Temer deseja que seus defensores repitam,
exaustivamente: "Temos que deixar de forma bastante clara que ninguém pode
esquecer o que estamos herdando e que essa gente que hoje faz pose de maior
oposição do mundo foi a grande responsável por tudo isso que está acontecendo
no País".
O
último dia de maio teve outra
especulação preocupante: ameaçam "mijar para trás" alguns senadores
que votaram pela admissibilidade do processo de impedimento da Dilma.
Até
agora, são contabilizados entre 53 e 55 votos para aprovar o afastamento
definitivo de Dilma. São necessários 54 votos para ela ser tirada.
Dilminha
anda até esperançosa sobre a impossível volta ao trono do Palácio do
Planalto.
Mas todos sabem que os desdobramentos da Lava Jato é que ditarão o
futuro dos
acontecimentos políticos e econômicos. Como já previu José Sarney, a
delação de Marcelo Odebrecht será a "metralhadora ponto 100"... A OAS
vai na mesma onda, mas depende de uma avaliação do MPF sobre o que o
executivo Léo Pinheiro tem a revelar de fato. A Força Tarefa da Lava
Jato também estuda como pedirá ao Supremo Tribunal Federal o afastamento
do presidente do Senado, Renan Calheiros, por tentativas de
interferência no caso, em função das conversas gravadas por Sérgio
Machado...
Enquanto os políticos brincam e
especulam, estão na merda real os 11 milhões e 400 mil desempregados oficiais e
os 60 milhões de inadimplentes. A pressão da crise econômica levará de volta às
ruas a massa mobilizada nas redes sociais. A Revolução Brasileira prossegue, do
jeito que dá e pode... Aguardemos os próximos acontecimentos na Grampolândia do
Brasil lavado a jato...
Fonte: Blog Alerta Total - Jorge Serrão