A assessoria da Kinross Gold Corporation informou que os check points, como chamam os bloqueios, "foram acordados em uma ação conjunta definida pela empresa e as comunidades locais"
Ao percorrer os cerca de quatro quilômetros de extensão da barragem
de Santa Antônio, em Paracatu, a reportagem seguiu a estrada em direção
ao norte da construção, mas foi impedida de passar. No local havia uma
guarita, construída pela empresa canadense Kinross Gold Corporation,
responsável pela mineração de ouro da região. O problema é que a via é
pública. Ao informar ao segurança do local que estávamos em lugar
público e que o ato contrariava o direito de ir e vir estabelecido pela
Constituição Federal, o agente foi enfático. “Aqui é público, mas
somente para moradores da região”, declarou por meio de um interfone
instalado no local.
Em Paracatu, mineradora bloqueia vias públicas e aciona seguranças armados
Após
diversos esforços, o funcionário decidiu acionar os superiores que,
aproximadamente 25 minutos depois, chegaram em uma caminhonete ao local.
Eram três seguranças armados, sendo que um deles estava identificado
com um crachá, preso no lado esquerdo do peito, com o nome Kinross. [faltou pensamento aos repórteres, deveriam ter acionado a polícia, a Civil ou a Militar, o risco era eventual demora excessiva, mas, viriam.
Outro força policial que deveria ter sido acionada seria a Polícia Federal.
mas, quando viessem, a questão estaria formada, já que exceção área de embaixada ou organização internacional reconhecida, nenhuma parte do território nacional está fora da jurisdição das autoridades brasileiras - exceto, área militar, que está sob a jurisdição militar, que anula a da estrangeira.]
Em
um diálogo semelhante ao travado com o primeiro segurança, o agente
privado reconheceu que a estrada era pública, mas que não poderia deixar
passar por ser uma “área controlada”. Questionado sobre quem teria dado
ordem, ele passou a responder uma única frase em sequência. “Eu não
posso dar mais informações”.
Um dos representantes da Associação dos Produtores de Santa Rita,
que, com medo, preferiu não se identificar, lamentou que as restrições
impeçam a circulação de pessoas. Ele explica que a população que mora
além da portaria tem permissão de ultrapassar a porteira, mas quem é de
fora não tem mais acesso ao local tão facilmente. “Uma empresa visitante
que está impedindo a passagem por uma estrada que deveria ser pública”,
criticou.
A assessoria da Kinross Gold
Corporation informou que os check points, como chamam os bloqueios,
foram acordados em uma “ação conjunta definida pela empresa e as
comunidades locais, com conhecimento das autoridades competentes”. A
multinacional também ressaltou a razão das instalações de quatro destas
portarias. “Foi o alto índice de criminalidade (furtos e roubos contra a
comunidade e a empresa)”, afirmou em nota.
“A
colocação dos check points foi aprovada pelas partes, com o propósito de
promover o bem coletivo e inibir a ação criminosa nas proximidades, não
apenas na empresa, como também nas propriedades rurais do entorno”,
enfatizou o documento.
Sem resposta
Até
o fechamento da edição, no entanto, a empresa não havia enviado cópia
do acordo firmado. Procuradas, a Câmara Municipal e a Prefeitura da
cidade não responderam aos questionamentos. Não explicaram se houve
autorização para que a empresa bloqueasse vias públicas. Também não
esclareceram a razão pela qual a Kinross se tornou responsável pela
segurança do local e pelo controle da via. O Ministério Público Federal
da região informou que “nenhum procedimento relativo a essas condutas
foram chanceladas pelo MP”.
Correio Braziliense
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