A verdade elementar, descarada, que
salta aos olhos de quem quer que veja a coisa com um mínimo de juízo
crítico, é a seguinte: um setor da economia enfrentava dificuldades — e
quem não? — e aproveitou o clima de insatisfação do cidadão comum com o
preço dos combustíveis e resolveu parar o país.
E as pusilanimidades as
mais constrangedoras de mostraram sem retoques. Rodrigo Maia (DEM)
merece um picadeiro, não a Presidência da Câmara. Eunício Oliveira
(PMDB-CE) ainda não explicou se, tentando ser esperto, pareceu apenas
covarde ou se, covarde mesmo, não teve a esperteza de disfarçar. Na
média, infelizmente, a imprensa não se saiu melhor. Está de tal sorte
contaminada pela monomania de declarar o fim antecipado do governo Temer
que não percebeu a tempo que os cofres públicos estavam sendo alvos da
pistolagem praticada por nababos.
É claro que não me refiro aos
caminhoneiros, mas a donos de muitos milhares de caminhões. Com a devida
vênia, qualquer um com um pouco de experiência social percebe logo que
José da Fonseca Lopes, que preside a Associação Brasileira de
Caminhoneiros, ou Diumar Bueno, que comanda a Confederação Nacional de
Transportadores Autônomos, não têm bala na agulha para armar aquilo a
que se viu. E assim seria ainda que se juntassem as outras oito
entidades. Na verdade, quanto mais fragmentadas são as demandas e as
lideranças, mais difícil é a eficiência de um movimento paredista. As
empresas de transporte é que definiram o sucesso do movimento — sucesso,
claro, para quem vai meter a mão no nosso bolso. [vai sobrar para o nosso Bolso:
Vejamos:
1º - quando o Tesouro arca com qualquer despesas significa que nós é que estamos pagando - essa situação é a que podemos chamar de custo embutido, mas, sempre presente atacando o bolso do consumidor = contribuinte;
2º - a retirada da Cide sobre o diesel, havendo risco do PIS/COFINS também deixar de incidir sobre aquele combustível, vai gerar um rombo que já tem a fórmula certa para ser coberto: jogar o que sair do diesel sobre a gasolina - seja mediante aumento do percentual que já incide sobre a gasolina ou via empréstimo compulsório = emprestamos compulsoriamente e não recebemos seja via amigável ou compulsória - ainda hoje milhões de brasileiros esperam receber o que emprestaram compulsoriamente, via combustível, ao governo Sarney.]
Não dá para saber ainda o custo destes
dias de balbúrdia. Mas já é possível saber de quanto será o rombo
inicialmente planejado aos cofres públicos. Notem: eu chamei de “rombo
inicial”. A bagatela, por ora, está em R$ 8,1 bilhões. Explica-se por
quê: a Petrobras deixará de receber R$ 350 milhões em razão dos
primeiros 15 dias em que venderá o diesel na refinaria com 10% de
desconto; o Tesouro arcará com outros R$ 350 milhões pelos 15 dias
finais. Como os reajustes passarão a ser mensais, esse mesmo Tesouro
terá de reembolsar a empresa em mais R$ 4,9 bilhões, e o fim da Cide
sobre diesel tirará outros R$ 2,5 bilhões da arrecadação.
Eis aí o preço da irresponsabilidade. E tudo isso num país que luta contra o descalabro fiscal
Blog do Reinaldo Azevedo