Entre, aqui, na cabeça e na alma de Sérgio Cabral — e descubra por que ele decidiu delatar a sua esposa, a advogada Adriana Ancelmo
Bom poeta e bom caráter, o excelente homem Vinicius de Moraes foi definitivo sobre o amor: “(…) que não seja imortal posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure”. Mau político e mau caráter, o ex-governador Sérgio Cabral, a seu modo, também fez lá o seu verso: que não seja imortal posto que é ladroagem, mas que seja infinito enquanto em liberdade. O que se quer dizer é que o amor de Cabral a sua esposa, a advogada Adriana Ancelmo, foi lindo somente enquanto ele governava e rapinava o Rio de Janeiro, embora, já aí, olhando a coisa bem de perto, era possível enxergar alguns atalhos nesse afeto – ele chegou a abrilhantá-la com um anel de R$ 800 mil, feito agrado de príncipe à consorte, só que o dinheiro para a aquisição da joia não saiu de seu bolso. Cabral está preso no complexo penitenciário de Bangu e condenado, até agora, a 282 anos de reclusão.Como diz a voz corrente saída das celas nas quais apodrecem anônimos, a cadeia pesa. E, claro, pesa também para prisioneiro famoso. O ex-governador obteve do STF a homologação de sua delação premiada proposta à Polícia Federal. E eis que, em sua primeira audiência nessa nova fase processual, na segunda-feira 10, Cabral, que de pés juntos jurava que sua mulher não sabia de nada sobre as gatunagens que fez no governo, entregou Adriana às autoridades. Eles seguem casados no papel, mas ela não usa mais aliança.
Lição de Oscar Wilde
Tenta ele, assim, algum benefício de pena, algo na linha “vão-se os anéis (até os de R$ 800 mil), ficam os dedos”.
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