O número de bandidos mortos é
muito menor do que o número das vítimas que produzem. Portanto,
aritmeticamente, cada bandido na lista dos mortos gera um número significativo
de não vítimas.
Causou
polêmica a recente pesquisa sobre o que pensam os brasileiros da frase "Bandido bom é bandido morto".
A informação de que 50% concordam com tal afirmação
alvoroçou determinados grupos de opinião, especialmente os seletivos defensores
de direitos humanos dos criminosos. A
frase e os que a ela aderem foram agraciados com vários adjetivos depreciativos:
violentos, racistas, vingativos, destituídos de sentimentos de solidariedade e
por aí afora. Significativo saber que a
frase tem apoio de 44% dos pretos e 48% dos pardos. Também é significativo
saber que ela não significa adesão a esquadrões da morte ou a linchamentos.
Expressa, apenas, o fato de que a criminalidade saturou a tolerância social. E
assim deveria ser entendida pelas autoridades.
Apesar de
não conseguir, por profundo antagonismo
com minha formação católica, endossar essa opinião, eu quero afirmar que
dela não se pode dizer que seja desumana ou irracional. É da natureza humana, perante o medo que lhe impõe o potencial agressor, desejar sua eliminação do mundo dos vivos,
seja ele uma fera no mato, seja uma fera na cidade. O medo é um
sentimento muito forte para que suas consequências na psicologia social sejam
desqualificadas com motivações ideológicas. Tampouco se deve dizer que seja não
razoável, irracional. Num país em que
ocorrem quase 60 mil homicídios por ano, o número de bandidos mortos é muito menor do
que o número das vítimas que produzem. Portanto,
aritmeticamente, cada bandido na lista dos mortos gera um número significativo
de não vítimas.
Em nosso
país, na contramão das expectativas
sociais, o presidente do Supremo Tribunal Federal anuncia como grande feito
a criação de audiências de custódia que permitirão
colocar em liberdade, mediante condições, criminosos presos que, apesar de presos em flagrante, só serão
encarcerados após o julgamento definitivo. Para ele é uma iniciativa ótima! E note-se:
muitos magistrados,
independentemente das novidades aportadas pelo ministro Lewandowsky, já vêm adotando esse procedimento alegando
a precariedade do sistema penitenciário.
Disparate? Absurdo? Sim, mas disparate e absurdo ainda
maior é o fato de que, em nosso país, os estudos sobre
o assunto se detêm no grande número de presos e não no número infinitamente
maior de vítimas. Estas são esquecidas sempre que se trata da
criminalidade em nosso país. A soltura de criminosos
presos em flagrante é algo tão desconexo com o mundo dos fatos que me
leva à frase título deste artigo. Será,
então, que vítima boa é a vítima morta? É a eliminada, que não dá queixa, que
sequer suscita investigação? Por que nossas autoridades, junto com esses intelectuais de
meia prateleira e com esses políticos corretores de interesses não reconhecem o estrago feito e nos devolvem o Brasil?
Fonte: www.puggina.org