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sábado, 5 de junho de 2021

TIRANIA E COVARDIA - Percival Puggina

A grosseria na CPI é termômetro da covardia
Aproveitar-se do poder conferido pelo mandato para ofender os depoentes é atitude reprovável, típica de tiranos e de abusadores. 
Senadores cobram dos interrogados um respeito que não lhes concedem. Quantas vezes os trabalhos da CPI me fizeram lembrar as assembleias estudantis do início dos anos 60! 
 
Militantes da esquerda de então, ensaiavam os mesmos artifícios, a mesma gritaria, os mesmos recursos regimentais para fazer calar a divergência. Mas eram adolescentes e lá havia o recurso da hombridade: “Te espero na saída!”.[pouco a pouco, os inimigos do Brasil vão criando as condições dos anos 60, especialmente as situações vividas a  partir de 68;
Quanto ao abusivo, deseducado e desrespeitoso comportamento dos senadores que integram a CPI - não de todos e sim dos que se julgam os donos do Circo Parlamentar de Inquérito, que são: senador Omar - quando governador do Amazonas teve mulher e filho presos por corrupção na área de Saúde; 
o relator Calheiros, respondendo a vários processos por corrupção;  
o senador petista, Humberto Costa, vulgo 'Drácula' = alcunha que recebeu quando ministro da Saúde do condenado Lula, por envolvimento em crimes envolvendo bancos de sangue, investigados na operação 'sanguessuga'; 
o senador Jader Barbalho, senador com experiência no uso de  algemas, é pai  do governador do Pará - que comprou respiradores emuma loja de vinho;
o senador Rodrigues, especializado em encrencas que sempre perde; e, fechando, aquele senador médico - nos parece que seu nome é Otto Alencar - que a TV Funerária tem o cuidado de destacar ser ele médico - ressalva usada, talvez, por ele ser dos tempos em que as sanguessugas eram utilizadas como remédio. 
Fazemos questão de declarar não ser do nosso conhecimento  nenhum fato que desabone os senadores Rodrigues e Otto - apesar de andarem em más companhias. Os quatro primeiros deixamos por conta dos nossos dois leitores concluírem, após rápida pesquisa, sobre o histórico do trio parada dura.]

Nem naqueles tempos, contudo, o desrespeito da militância esquerdista se voltava contra as colegas. Impensável então, tanto quanto hoje, fazer o que alguns senadores fazem ao interrogar mulheres nas sessões de tortura da CPI. E tudo perante o silêncio complacente da mídia e do feminismo militantes, que só zelam pelas mulheres de esquerda.

Disse bem o Simers em nota de repúdio:

O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul manifesta indignação ao tratamento de senadores às médicas Mayra Pinheiro e Nise Yamaguchi, na CPI da Pandemia. A entidade repudia veementemente constrangimentos submetidos às respeitadas cidadãs, mulheres experientes, profissionais com qualificados currículos e respeito profissional. 

O ambiente de hostilidade e absoluto demérito a posicionamentos contrários aos dos questionadores que se direcionaram às médicas, além de expostos preconceitos, denota profundo desrespeito ao ato médico. O fato ataca profundamente toda a categoria, independentemente da atuação de cada profissional. 

Mais contundente ainda falou o presidente do Conselho Federal de Medicina, órgão máximo da categoria, em manifestação cuja íntegra pode ser assistida aqui. Afirma o Dr. Mauro Ribeiro:

Infelizmente, aquilo que nós temos visto nessa CPI da Covid é inaceitável, é intolerável, principalmente quando nós vemos médicas, como no caso das doutoras Nise Yamagushi  e a Mayra Pinheiro, que estiveram lá recentemente, sendo completamente destratadas por alguns senadores que fazem parte daquela Comissão Parlamentar de Inquérito. Isso, para o CFM, instituição maior da medicina brasileira, é intolerável, é inaceitável sob todos os pontos de vista.

Antes de encerrar lamentando o ambiente tóxico da CPI, o presidente do CFM, dirigindo-se ao senador Otto Alencar por sua conduta em relação à colega doutora Nise Yamaguchi quando depondo à CPI, disse:

O senhor é um médico e deveria refletir sobre aquilo que o senhor fez, a deslealdade que o senhor teve com uma médica mulher. Sua atitude como senador da República poderia, até, ser caracterizada como um ato de misoginia, tamanha a agressividade que o senhor teve naquele momento e a desqualificação que o senhor fez com uma mulher que estava ali convidada.[Doutor Mauro Ribeiro: por favor, tenha presente que a CPI Covidão está sendo a única forma do médico Otto se tornar conhecido - os holofotes o deixaram sem noção.
A fama é efêmera, mas costuma causar males permanentes nos que não estão preparados para desfrutá-la.]

Creio estar minha opinião suficientemente respaldada, seja por minha observação pessoal, seja pelos depoimentos transcritos, aos quais se somaram protestos de outras senadoras e senadores presentes às sessões da Comissão. Essa CPI faz mal a si mesma e mostra ao Brasil a face sinistra de políticos e partidos que, exatamente por serem como são e agirem como agem, têm que ser mantidos, por opção democrática da sociedade brasileira, longe de posições de mando. São tiranetes em busca de mais poder.

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.