Dilma lavara as mãos em meio a toda essa
roubalheira, apesar de
sua presença no Ministério de Minas e Energia, no
Conselho de Administração da Petrobras
“Tivemos golpes de Estado militares. Esses
golpes mudam de forma em regimes democráticos. Cada regime tem seu tipo de
golpe”, alerta a
presidente Dilma Rousseff. Mas... e se o
ex-presidente Lula estivesse certo em sua avaliação de que havia 300 picaretas
no Congresso?
E se houvesse comprado
apoio parlamentar desses congressistas com a roubalheira do Mensalão e do
Petrolão,
confirmando
seu julgamento de que eram mercenários? E
se toda essa roubalheira houvesse também financiado a eleição e a reeleição de Dilma?
E se algumas indicações para o Supremo Tribunal Federal
fossem apostas na reciprocidade em busca de favores jurídicos?
E se as nomeações de Lula e
Eugênio Aragão para os ministérios da Casa Civil e da Justiça se desnudassem como tentativas de obstrução da
Justiça, uma operação “Mãos Sujas” que sai da clandestinidade para virar programa de governo e ocultar as
bases legais do impeachment?
E se Sarney e Renan
reaproximassem o PMDB do governo Dilma, com Lula e seu ministro Aragão afastando Sergio Moro, acobertando a
compra do Legislativo pela asfixia do Judiciário, garantindo o mandato de Dilma e até mesmo uma nova eleição
de Lula, graças às práticas não republicanas permitidas pela excessiva
concentração de poderes e recursos nas mãos de um Leviatã bolivariano do século
XXI?
A presidente Dilma teria razão: golpes
mudam de forma, e estaríamos diante de um novo tipo de golpe contra a
democracia. Mas é claro que não
era a esse tipo de golpe que se referia Dilma. Convencida
de que não há base legal especificamente dirigida contra ela, considera seu
impeachment um golpe contra a democracia. Algumas vezes escrevi aqui que
era tão cedo para a oposição pedir o impeachment quanto para o governo e seus
militantes denunciarem como golpe esse processo absolutamente constitucional.
Como Pilatos no Credo, Dilma
lavara as mãos em meio a toda essa roubalheira, apesar de sua presença no
Ministério de Minas e Energia, no Conselho de Administração da Petrobras e
depois na Presidência da República. O desesperado abraço de Dilma e Lula
parece não ser o bastante para resolver a dissolução de sua base no
Legislativo, como saberemos amanhã na reunião do Diretório Nacional do PMDB. Mas pode ser o que
faltava para condená-la no Judiciário.
Fonte:
Paulo Guedes
– Blog do Noblat – O Globo