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segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Bolsonarismo na clandestinidade - Gazeta do Povo

Luiz Felipe Pondé  

 
O que podemos aprender passado o primeiro turno das eleições? De forma imediata, que as pesquisas não capturam os votos bolsonaristas. Não erram tudo, mas de modo específico. E não capturam porque, apesar de a esquerda fazer discurso de resistência, os bolsonaristas é que estão na clandestinidade. Votam em segredo em quem querem e viram as costas para falas de risco de golpe.

  Bolsonaro discursa - Foto: Reprodução.

Há muito a esquerda perdeu a noção da realidade, tornando-se uma igreja dos belos e dos bons. Quando uma ideologia fala abertamente que os "homens brancos não prestam" e que o Brasil estaria melhor se fosse só feito de negros e mulheres, ela está indo para guerra fingindo-se de santa.

Os bolsonaristas usaram a competição por votos para se manifestar. E agora os petistas estão fazendo xixi nas calças. A agressividade bolsonarista é explícita, seu voto é invisível e silencioso. A agressividade petista é invisível, seu voto é confesso e orgulhoso.

Como toda clandestinidade, o bolsonarismo se esconde nos esgotos, mas sabe muito bem manipular as estratégias de guerrilha quando você não detém o lugar de fala. Sei que os inteligentinhos não entenderão o que eu acabei de dizer, mas eles nunca entendem nada mesmo, paciência.

Sim, a esquerda hoje tem todos os vícios de uma aristocracia burra. Ocupa praticamente todos os espaços da inteligência pública e não consegue ter um milímetro de inteligência para entender como grande parte da população se sente diante da desconstrução moral contemporânea.

Sigmund Freud (1856-1939) já havia dito que deveríamos levar a sério assuntos sobre o que temos no meio das pernas. A burrice da aristocracia intelectual pública, que não é só brasileira, se manifesta numa auto apreciação estética peculiar – ela se considera sublime nas suas intenções.

A histeria ao redor dessas eleições como um plebiscito a favor ou contra a democracia é uma prova cabal da inapetência da aristocracia intelectual pública. A apreensão popular da democracia é sua natureza procedimental: ganha quem levar a competição por votos – as eleições – e, nesse sentido, vale tudo para vencê-la. Todos mentem. A esquerda mente com garfo e faca, a direita mente falando de boca cheia.

O PT nunca foi um partido democrático. Sua violência é implícita. Coloniza instituições da República, persegue seus desafetos no espaço público, cala a oposição com elegância, tudo isso sob as palmas da inteligência pública enviesada.

A estridência ideológica da esquerda pode custar caro para ela diante do espírito disciplinado do protestantismo popular nacional. A elite é sempre cega, porque não suporta o cheiro de ônibus e trem.

Uma das armas dos bolsonaristas é o silêncio e o desprezo pela inteligência pública. E quem é ela? Intelectuais e jornalistas que se prestam ao ridículo de ficar há meses falando para si mesmos, gemendo que haveria golpe e uma violência terrível no dia das eleições.

Os bolsonaristas usaram a competição por votos para se manifestar. E agora os petistas estão fazendo xixi nas calças. E com os resultados do primeiro turno, vem a vergonha dos intelectuais e jornalistas que choram no ombro do Lula. "O que será de nós?" É humilhante ver essa choradeira.
Há muito a esquerda perdeu a noção da realidade, tornando-se uma igreja dos belos e dos bons.

Diria para os chorões que não conseguem dormir, que estão xingando o país, que se sentem em meio de uma guerra mortal contra o mal, que comprem um pacote "war experience", ou experiência de guerra, e vão passar umas semanas no Afeganistão ou no Sudão para ter uma real noção do que é viver entrincheirado num pesadelo contínuo.

A mídia profissional precisa abandonar a preferência ideológica se ainda quiser ser relevante. É triste ver as ginásticas que jornalistas, comentaristas e afins fazem para fingir imparcialidade – alguns nem mais fingem, escondidos atrás da mantra ridícula da "ameaça golpista", e berram aos quatro cantos do Brasil os seus horrores a quem cheira a "sangue de Jesus tem poder".

Pontualmente, vale dizer que ninguém iria mesmo dar bola para os mortos da pandemia – Bolsonaro demonstrou zero empatia com a agonia das pessoas. Apesar do mimimi, ninguém lembra desgraças passadas. A CPI da pandemia foi parte do circo institucional que é a vida política nacional.

A resposta bolsonarista veio pelo voto, não pelo golpe. Uma vergonha, não?

Luiz Felipe Pondé, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Por que o PT quer aparelhar a OAB? - Jorge Serrão

Quando o PT assumiu o poder federal, no começo de 2013, o ideólogo José Dirceu de Oliveira e Silva, que sonhava ser Presidente da República, definiu a estratégia de que o partido precisava juntar dinheiro e ter capacidade financeira para ficar 20 anos no Palácio do Planalto, também conquistando os governos dos estados e principais municípios. Como prioridade tática para atingir tal finalidade, Dirceu cuidou de “ocupar”, com gente de sua confiança e indicação pessoal, as diretorias financeiras dos principais fundos de pensão das empresas “estatais”.

Muitos anos e algumas condenações por corrupção depois, puxando uma cadeia no meio do caminho, José Dirceu definiu a amigos um dos objetivos de médio prazo do Partido dos Trabalhadores. Até novembro de 2021, Dirceu deseja que o PT coloque seus militantes para conquistar o maior número possível de presidências estaduais da Ordem dos Advogados do Brasil. Dirceu – que já foi Pedro Caroço nos tempos da clandestinidade, está de olho na “butique” da OAB porque a entidade tem muito dinheiro (movimenta R$ 1,3 bilhão por ano), com pouquíssima transparência na fiscalização dos gastos. Ou seja, Dirceu planeja mais um lucrativo aparelhamento para seu criminoso partido.
Criada pelo Decreto 19.408 de 1930 de Getúlio Vargas, para disciplinar, selecionar e defender a classe dos advogados, a OAB parece um ente superior em relação às outras categorias que desempenham semelhante papel de fiscalizar as profissões regulamentadas no Brasil. No Conselho Nacional de Justiça, dos 15 membros, o Conselho Federal da OAB indica dois advogados. No Conselho Nacional do Ministério Público, dos 14 membros, também são indicados dois advogados para composição. A OAB participa da seleção de pessoal para a administração do Judiciário em todo o País, no Superior Tribunal de Justiça, no Tribunal Superior do Trabalho, nos Tribunais de Justiça estaduais e por aí vai...[o aparelhamento de todos os Poderes da República por advogados é um fato - no momento atual, o presidente da República não é advogado,mas, seu antecessor era e grande parte da estrutura da PR tem advogados incrustados em pontos chave.
Adequar a estrutura da  OAB a que tem os Conselhos Federais das demais profissões, tais como médicos, dentistas, economistas, engenheiros, arquitetos - a OAB foi criada para realizar,no que se refere aos advogados, o que os Conselhos Federais realizam - pela via legislativa é impossível = grande parte dos congressistas optaram pela advocacia.]
Dirceu quer aparelhar a OAB porque sabe que o advogado de hoje, bem orientado ideologicamente, tende a ser o futuro magistrado de amanhã. Nos últimos anos, mais especificamente a partir da operação LAVA JATO, o PT tem buscado abrigo nas OABs, pedindo que elas cegamente defendam os líderes partidários, publicamente, usando o papel histórico construído pela OAB BRASIL, ao longo de décadas. A tática é usar os advogados como porta-vozes para defender os corruptos presos, especialmente os que são do PT.
Acontece que a militância do advogado petista é o que menos importa. A grana sem controle da OAB é que interessa aos delírios de poder do petista José Dirceu. Todos os conselhos de classe têm as contas escrutinadas pelo Tribunal de Contas da União, exceto a OAB. A entidade alega sua condição de “natureza autárquica sui generis” para não ser monitorada pela área técnica do TCU.
O privilégio da OAB em relação a outras entidades merece uma reflexão em um Brasil em ritmo de mudanças. Na prática, o dinheiro da OAB é um imposto (classificado como “contribuição”). É igual àquela que os sindicatos recebiam “compulsoriamente” – e que se transformou em “voluntária” com a reforma trabalhista. O lógico seria aplicar a mesma regra às OABsque hoje parecem mais uma espécie de “Sistema S”. Advogados, que sentem no bolso a pesada contribuição anual obrigatória, deveriam pensar no assunto.
Cabe perguntar, até que surja uma resposta decente, ética e moral: A contribuição obrigatória para as OABs é mais uma herança do Brasil do século passado. Se a Consolidação das Leis do Trabalho foi modernizada e os sindicatos terão que buscar representatividade legítima, ao invés de viver de imposto sindical, por que a mesma lógica não deve valer para a OAB? A velha esquerda corrupta continua sofrendo do devaneio de impor seu stalinismo para aparelhar entidades e as instituições. A canhota segue na contramão do interesse da maioria do povo brasileiro. [é questão de tempo a atual estrutura da OAB, seus privilégios, sua imunidade, caírem;
ou pela via legislativa ou por outros caminhos - talvez até mesmo por advogados não comprometidos com a arcaica estrutura.]

A República precisa ser reinstaurada, o Estado reconstruído e a Federação remodelada. Para isso, temos de focar na elaboração do Projeto Estratégico de Nação para que possamos formular uma Nova Constituição para o Brasil, em base realmente democrática...

Como bem lembra o advogado Antônio José Ribas Paiva, historicamente, as revoluções ocorrem sempre que os mecanismos institucionais deixam de funcionar “Direito”... A Revolução brasileira está em andamento, sem dúvida...


Releia o artigo: Como vencer a Ditadura do Crime & Mentira

Transcrito do Alerta Total - Jorge Serrão


domingo, 30 de junho de 2019

Clemente, terrorista assassino, covarde, sucessor de Marighella, morre - que a terra lhe seja leve - Sit tibi terra levis

Morre Clemente, o último chefe militar da ALN e sucessor de Marighella 
Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz liderou a organização que pegou em armas contra o regime militar

[falar sobre as atrocidades, frieza e covardia  desse verme nos toma muito tempo e não vale a pena.

Abaixo dois vídeos que mostram um pouco do assassino que matava os próprios companheiros - inclusive depoimentos nos quais se vangloria das covardias que praticou.

Mesmo assim, como católicos temos que desejar que DEUS seja clemente com ele - que por seus atos covardes não honrou nem o PAZ do sobrenome e ainda motivou o deboche de o chamarem de comandante Clemente.

Saber mais, clique aqui ]

 Ex-guerrilheiro confessa execução - Terroristas assumidos.flv


A vida de Clemente – como até hoje ele era conhecido por seus companheiros e adversários na esquerda – é parte da história de uma geração de jovens que se envolveu na resistência armada ao regime instaurado em 31 de março de 1964.  Estudante do Colégio Pedro II, no Rio, ele conheceu Marighella quando tinha 15 anos. Entrou para o Exército, de onde desertou como cabo quando servia no Forte de Copacabana. Passou para a clandestinidade e para as ações armadas. Dedicava sua sobrevivência à caçada que lhe movera os órgãos de segurança do regime à firmeza dos companheiros que – presos e torturados – não o entregaram. Para os militares que colocaram seu rostos nos cartazes de “Procura-se”, ele era um "terrorista frio e um assassino cruel". Muitos dos veteranos do DOI lamentavam que tivesse sobrevivido aos anos de chumbo e sido, depois, anistiado. 


A voz era rouca, mas a disposição para contar suas histórias nunca esmoreceu. E ele tinha muitas. Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz, o Comandante Clemente, foi o homem que o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra e o Destacamento de Operações de Informações (DOI) de São Paulo nunca conseguiram prender. O homem que foi o último chefe militar da Ação Libertadora Nacional (ALN), a organização fundada por Carlos Marighella, morreu aos 69 anos, neste sábado, dia 29, em Ribeirão Preto, onde vivia com sua mulher, a historiadora Maria Cláudia Badan Ribeiro. 


Entrevista de Carlos Eugênio a Geneton da Globo News

 Clemente nunca escondeu o que fizera: foi o homem que disparou o tiro de fuzil que abateu o empresário Henning Albert Boilesen. Um dos financiadores do DOI do 2º Exército, Boilensen foi morto por um comando da ALN e do Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT), nos Jardins, em São Paulo, em 15 de abril de 1971.  Também participou da reunião na qual a ALN condenou à morte Márcio Toledo Leite. Estudante de Sociologia, Leite era da Coordenação Nacional da organização. Seus colegas temiam que ele desertasse, levando consigo segredos da guerrilha. Clemente foi um dos quatro integrantes do grupo que o executou. 




Nos anos seguintes, ele viu um a um seus principais companheiros e companheiras da organização serem presos ou mortos pelos órgãos de segurança. Participou de dezenas de assaltos a banco para levantar fundos para a organização e, em 1973, esse alagoano nascido em Maceió, em 23 de junho de 1950, saiu do Brasil e foi clandestinamente para Cuba. Era por demais visado no Brasil e sua queda e morte eram iminentes. Ali, na Ilha, manteve contatos com o Departamento América do Partido Comunista Cubano e chegou a ser convidado pelo general Arnaldo Ochoa para chefiar uma coluna guerrilheira que os cubanos queriam patrocinar no Brasil. Clemente recusou. 

Aos poucos, o guerrilheiro foi deixando a luta armada. Ele só a reencontraria nos dois livros que escreveu sobre os tempos da guerrilha: Viagem à Luta Armada e Nas Trilhas da ALN, ambos publicados nos anos 1990.  Clemente fez neles o acerto de contas pessoal com seus anos de comandante militar. Lamentava a morte de Toledo, mas não a de Boilesen. Dizia ter profundo orgulho do que fizera e dizia que faria tudo de novo. “Só  vou tentar ser mais competente.” O único problema da decisão de pegar em armas contra a ditadura havia sido o fato de a guerrilha ter sido derrotada.
O exílio trouxe o caminho que o levou da ALN à volta à militância no Partido Comunista Brasileiro. Viveu na França, onde se tornou músico – ao voltar ao Brasil, no começo dos anos 1980,  o ex-guerrilheiro passou a dar aulas de música. Concorreu pelo voto a uma vaga no Parlamento mais de uma vez, mas não teve sucesso. Ligou-se a Miguel Arraes e ao seu PSB, no Rio. E nele ficou até a morte de Eduardo Campos, o sobrinho de Arraes e candidato do partido à Presidência, em 2014. 

Casou-se pela última vez com Maria Claudia, que pesquisava a atuação das mulheres na ALN. Deixou então o Rio e o trocou pelo interior de São Paulo. Um longa doença que ele enfrentou nos últimos anos parou sua respiração neste sábado. Maria Claudia escreveu então aos amigos. “O quadro é irreversível. Ele se vai como viveu a vida: com coragem. Obrigada a todos que por todo lado nos deram força e nos reconfortaram. Vou viver a passagem dele assim, segurando a mão dele e sussurrando bem em seus ouvidos todo amor que tenho por ele.”

O Estado de S. Paulo




sexta-feira, 8 de abril de 2016

A Lei de Newton da luta armada

O país vive um momento de notável perda de parâmetros. Alguns valores que pareciam imunes a ataques especulativos estão sendo rifados com impressionante ligeireza. E mais chocantes são ora a complacência, ora a cumplicidade de setores da sociedade civil que deveriam constituir a vanguarda na defesa de garantias e civilidades. Refiro-me muito especialmente à imprensa. Nota: eu a critico porque a quero mais livre; as esquerdas, porque querem censurá-la.

A defesa impensada que fez esta Folha da antecipação da eleição presidencial –traduzida, em editorial, na fórmula "Nem Dilma nem Temer" integra a lista das minhas insatisfações. A tese iguala desigualdades em favor do vício, não da virtude. Ou, para os mais pessimistas, em favor do mal maior, não do menor. E escolher o mal menor, quando não há saída ótima, é um imperativo ético.

Eugênio Aragão, ministro da Justiça, comete crimes de responsabilidade em penca quando classifica de compreensível a promessa que fazem grupos de esquerda de reagir com violência ao eventual impeachment de Dilma. Disse o doutor tratar-se da Lei de Newton. E filosofou: "A manifestação de absoluta rejeição a qualquer tipo de afastamento através de golpe me parece um movimento legítimo".
Segundo o ministro, pois, para que não haja a violência "legítima", o Congresso tem de votar a favor de Dilma. A "Lei de Newton" de Aragão torturou a agora presidente da República. É um lixo moral, ético e histórico.

Leiam a Lei 1.079. O ministro mandou às favas os incisos II, III e IV do Artigo 4º do texto: atentou contra o livre exercício do Legislativo e do Judiciário, que fez o rito do impeachment, contra direitos políticos, individuais e sociais e contra a segurança interna no país. E o que leio, ouço e vejo na imprensa vai do silêncio covarde à apologia da violência –na pena de alguns colunistas. Afinal, se os adversários são golpistas, Deus está morto.

Não atuou de modo diferente o advogado geral da União, José Eduardo Cardozo, na comissão especial do impeachment. Assegurou que um eventual governo Temer será ilegítimo. Ora, se é assim, tudo o que se fizesse de ilegal para derrubá-lo estaria justificado pela "Lei de Newton". A propósito: que sentido faz entregar a defesa se ele diz que só um resultado é aceitável? É um pouco mais sutil do que Aragão, mas não menos doloso.

De igual modo agiu Dilma Rousseff ao abrir o Palácio do Planalto ao proselitismo e ouvir, sem sombra de reprovação, um de seus aliados a fazer terrorismo aberto: ou o Congresso se ajoelha aos pés do PT, ou ninguém governa "estepaiz". Em peregrinação, Lula, o presidente "de facto", promete a seus milicianos que o próximo passo será controlar a "mídia".

Quando esta Folha escreve "Nem Dilma nem Temer", acaba, na prática, por acatar essas ameaças como instrumentos aceitáveis da luta política. Até que haja, e não há, evidências de que o vice-presidente tenha cometido crime de responsabilidade, "nem Temer" por quê? Assim como não é aceitável que as esquerdas, no poder, legitimem as ações criminosas, não se pode tolerar que deslegitimem as saídas preconizadas na Constituição.

Até porque não é o PT que justifica a existência da democracia; é a democracia que justifica a existência do PT. E, por isso, o partido tem de parar de tentar solapá-la. Ou migrar, então, para a clandestinidade.


Fonte:  Folha de São Paulo

segunda-feira, 28 de março de 2016

Tipos de golpe



Dilma lavara as mãos em meio a toda essa roubalheira, apesar de sua presença no Ministério de Minas e Energia, no Conselho de Administração da Petrobras
 “Tivemos golpes de Estado militares. Esses golpes mudam de forma em regimes democráticos. Cada regime tem seu tipo de golpe”, alerta a presidente Dilma Rousseff. Mas... e se o ex-presidente Lula estivesse certo em sua avaliação de que havia 300 picaretas no Congresso?

E se houvesse comprado apoio parlamentar desses congressistas com a roubalheira do Mensalão e do Petrolão, confirmando seu julgamento de que eram mercenários? E se toda essa roubalheira houvesse também financiado a eleição e a reeleição de Dilma? E se algumas indicações para o Supremo Tribunal Federal fossem apostas na reciprocidade em busca de favores jurídicos?

E se as nomeações de Lula e Eugênio Aragão para os ministérios da Casa Civil e da Justiça se desnudassem como tentativas de obstrução da Justiça, uma operação “Mãos Sujas” que sai da clandestinidade para virar programa de governo e ocultar as bases legais do impeachment?  

E se Sarney e Renan reaproximassem o PMDB do governo Dilma, com Lula e seu ministro Aragão afastando Sergio Moro, acobertando a compra do Legislativo pela asfixia do Judiciário, garantindo o mandato de Dilma e até mesmo uma nova eleição de Lula, graças às práticas não republicanas permitidas pela excessiva concentração de poderes e recursos nas mãos de um Leviatã bolivariano do século XXI?

A presidente Dilma teria razão: golpes mudam de forma, e estaríamos diante de um novo tipo de golpe contra a democracia. Mas é claro que não era a esse tipo de golpe que se referia Dilma. Convencida de que não há base legal especificamente dirigida contra ela, considera seu impeachment um golpe contra a democracia. Algumas vezes escrevi aqui que era tão cedo para a oposição pedir o impeachment quanto para o governo e seus militantes denunciarem como golpe esse processo absolutamente constitucional.

Como Pilatos no Credo, Dilma lavara as mãos em meio a toda essa roubalheira, apesar de sua presença no Ministério de Minas e Energia, no Conselho de Administração da Petrobras e depois na Presidência da República.  O desesperado abraço de Dilma e Lula parece não ser o bastante para resolver a dissolução de sua base no Legislativo, como saberemos amanhã na reunião do Diretório Nacional do PMDB. Mas pode ser o que faltava para condená-la no Judiciário.

Fonte: Paulo Guedes – Blog do Noblat – O Globo