Henrique Pires disse ter deixado o cargo por ser ''voz dissonante do governo''; assessoria do Ministério da Cidadania sustenta que ele foi demitido
[é só nomear outro, mais disciplinado;
a Cultura deve receber atenção do Governo e também ficar sob controle.
A melhor forma é ser vinculada à educação - nos moldes do antigo MEC.]
O secretário especial de Cultura do Ministério da Cidadania,
Henrique Pires, anunciou, nessa quarta-feira (21/8), que deixará o
cargo, pois é "voz dissonante" no governo. A assessoria do ministro da
Cidadania, Osmar Terra, porém, disse que foi ele quem demitiu o
secretário.
Henrique Pires estava no cargo desde o
início do governo Bolsonaro e afirmou que decidiu deixar a secretaria
após o ministério suspender edital que havia selecionado séries sobre
diversidade de gênero e sexualidade a serem exibidas nas TVs públicas.
"Isso [suspensão] é uma gota d'água, porque vem acontecendo. E tenho
sido uma voz dissonante interna", disse Pires. “Tenho o maior respeito
pelo presidente da República, tenho o maior respeito pelo ministro, mas
não vou chancelar a censura", acrescentou.
Na
semana passada, ao fazer transmissão ao vivo em uma rede social,
Bolsonaro disse que o governo não vai financiar produções com temas
LGBT. "Fomos garimpar na Ancine, filmes que estavam já prontos para ser
captado recursos no mercado. [...] É um dinheiro jogado fora. Não tem
cabimento fazer um filme com esse tema", afirmou o presidente na
ocasião.
Ele citou quatro obras que participaram do edital realizado pela
Ancine, pelo Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e
pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC). As produções seriam
financiadas pelo Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). Afronte,
Transversais, Religare Queer e O sexo reverso são projetos de séries
anunciados em março como parte de uma seleção preliminar do processo.
“Não concordo com a colocação de filtros em qualquer tipo de atividade
cultural. Não concordo como cidadão, e não concordo como agente público,
você tem que respeitar a Constituição", afirmou Henrique Pires.
Em
nota, o Ministério da Cidadania afirmou: “Ao contrário da versão
divulgada pelo ex-secretário especial da Cultura José Henrique Pires, o
cargo foi pedido pelo ministro da Cidadania, Osmar Terra, na
terça-feira, à noite, por entender que ele não estava desempenhando as
políticas propostas pela pasta. O ministro se diz surpreso com o fato de
que o ex secretário, até ser comunicado da sua demissão, não manifestou
qualquer discordância à frente da secretaria. O secretário-adjunto e
secretário de Fomento e Incentivo à Cultura, José Paulo Soares Martins,
assume o cargo.”