As forças de oposição ao governo de Jair Bolsonaro precisam de uma
ideia. Qualquer ideia. Do contrário, arriscam-se a se comportar no Congresso
como os cachorros que perseguem automóveis na rua. Latem como se quisessem
estraçalhar os pneus ou morder o parachoque. Mas não fica claro o que seriam
capazes de fazer se alcançassem o carro. A oposição dá a impressão de saber o
que não quer: o Bolsonaro, o Moro, o Guedes. Mas ainda não conseguiu esclarecer
o que colocaria no lugar se tivesse a oportunidade. No imaginário dos
brasileiros, o contraponto ao pacote anticorrupção de Sergio Moro, por exemplo,
continua sendo o "Lula livre" do PT e dos seus satélites. A
alternativa mais visível ao liberalismo econômico de Paulo Guedes ainda é a
administração empregocida de Dilma Rousseff.
A demonização de Bolsonaro, assim
como o latido dos cachorros que perseguem carros, já não faz sentido. É preciso
apresentar ideias. Considerando-se que a presidência-tampão de Michel Temer foi
uma herança do petismo, a eleição de Bolsonaro representou o desejo da maioria
dos brasileiros de dar fim a um ciclo político que durou 16 anos. O governo do
capitão começou a despejar seus projetos no Congresso. E a oposição, à procura
de uma ideia, se divide em dois grupos. Uma ala quer virar a mesa. Outra,
permanece embaixo da mesa.
Até o
momento, a maior força oposicionista de Brasília se chama Coaf. Subordinado ao
ministro Sergio Moro, o órgão farejou os movimentos bancários suspeitos do
primeiro-filho Flávio Bolsonaro e do assessor Fabrício Queiroz, incluindo o
cheque repassado à primeira-dama Michelle Bolsonaro. Com isso, o Coaf revelou
que a oposição mais corrosiva ao governo Bolsonaro é exercida pela família
Bolsonaro. [o único crime que ocorreu até agora no caso Coaf x primeiro-filho foi, e continua sendo, o vazamento dos relatórios do Coaf.
Vazam e nada é investigado.
Violação de sigilo é, para dizer o mínimo, crime.]
Blog do Josias de Souza