Motivados pelo desempenho do deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ),
pré-candidato à Presidência, nas pesquisas eleitorais, pelo menos 71
militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica lançaram
pré-candidaturas a vagas no Congresso e no Executivo em 25 Estados e no
Distrito Federal. Por enquanto, só o Acre não tem pré-candidato nesse
grupo. Parte deles se reuniu nesta terça-feira, 8, pela primeira vez, em
Brasília para unificar o discurso. Bem ao estilo militar, a reunião começou pontualmente
no horário marcado, com pouco mais de 30 participantes. A mesa foi
composta apenas por generais, hierarquicamente superiores aos demais nas
Forças.
Cada presente se apresentou e os discursos, feitos sem
interrupção, tinham como tema principal o combate à corrupção e o
direito de militares de se candidatar a cargos eletivos. Os
pré-candidatos usaram frases e slogans para afirmar que trabalham com
princípios de “honestidade” e “defesa dos interesses do País”
cultivados, segundo eles, nos quartéis. Mesmo ausente, Bolsonaro foi lembrado no evento, realizado em uma
sala da Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (Feplana), na área
central de Brasília. O presidenciável foi convidado, mas não compareceu –
o que rendeu críticas de um dos presentes, que preferiu não se
identificar. [crítica descabida, Bolsonaro será o presidente de todos os brasileiros - o que obviamente inclui os militares - e tem que cumprir uma agenda intensa de compromissos, tudo tendo que ser agendado com antecedência.] Nesta quarta-feira, 9, o grupo pretende ir ao Congresso
para se encontrar com o deputado.
O discurso mais contundente da reunião foi o do general de
Exército da reserva, Augusto Heleno, que não se coloca como candidato,
mas está sendo pressionado por seus pares a entrar para a política.
General Heleno primeiro rejeitou a tese de que se esteja tentando formar
uma “bancada militar”, justificando que não pode existir divisão entre
sociedade civil e militar, e disse que considera isso “um preconceito” e
“uma invenção da esquerda”. O general afirmou ainda que Bolsonaro “não é o candidato dos
seus sonhos”, mas que “é o único com possibilidade de mudar o que está
aí porque todos querem que se faça uma faxina no País”. Depois de
recomendar que o momento não é de “olhar pelo retrovisor e ficar
elogiando o regime militar, mas de olhar para frente e buscar mudanças
no País”, o general Heleno saiu em defesa do pré-candidato do PSL.
“Exigem do Bolsonaro o que nunca exigiram dos outros candidatos.
Querem que o Bolsonaro seja a mistura de Churchill, Margareth Thatcher,
Ronald Reagan, o Papa Pio XII. Essa cobrança nunca foi feita antes aos
outros”, disse o general. “Bolsonaro tem defeito? Tem defeitos. Mas é o
único que se apresenta hoje, pelo menos com a intenção e a possibilidade
de mudar o que está aí. Daí essa grande reação ao nome dele, que está
sendo até chamado de fascista, o que é um absurdo, porque quem não é de
esquerda é tachado de fascista, o que ele não é, sem direito de defesa”,
afirmou. Neste momento, foi aplaudido pelos colegas.
Heleno disse ainda que, “ao contrário do que alguns entendem,
Bolsonaro não vai poder governar sozinho e vai ter de montar uma equipe
conjunta”. A mesa de discussão foi conduzida pelo general Girão Monteiro,
pré-candidato a deputado federal pelo Rio Grande do Norte – que está
atuando como organizador dos pré-candidatos militares no País. Ele
defendeu a tese de que os militares “têm direito de votar e ser votado,
como qualquer outro segmento da sociedade”. Segundo ele, “temos de
funcionar como agentes de mudança do País”. Para o general, os
militares, com esta mobilização, “estão dobrando a esquina e a dobrada é
para o lado direito”.
Partidos
É da legenda de Bolsonaro, o PSL, que vem a maior parte dos
pré-candidatos ligados às Forças Armadas – 60 deles são filiados a
legenda.
Dos 71 postulantes, entre militares da reserva e da ativa, há
uma única mulher. A coronel da reserva do Exército Regina Moézia, de 54
anos, quer ser deputada distrital em Brasília. Terceira geração de
militares de sua família e integrante da primeira turma de mulheres do
Exército, coronel Regina diz estar acostumada a lidar com grupos
majoritariamente masculinos.
Coronel Regina está apostando nas mídias sociais para se eleger. Este
tem sido o principal meio de comunicação dos pré-candidatos militares –
que veem na falta de recursos e na filiação a partidos pequenos e sem
dinheiro um dos principais obstáculos para se elegerem. Além do PSL, outros militares vão lançar candidaturas por 13
partidos – PSDB, PSC, PR, PEN, PRP, PRTB, Novo, Patriotas, DEM, PHS,
PROS, PTB e PSD. Várias patentes têm representantes – desde generais até
coronéis, sargentos e capitães.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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quarta-feira, 9 de maio de 2018
Militares se unem para lançar 71 candidatos
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