“Coletiva em off” concedida por procuradores-vazadores, espetáculo grotesco da PF e laivo populista de juiz indicam o óbvio: estão todos fazendo política
O espetáculo grotesco, deprimente e
perigoso estrelado pela Polícia Federal, que pode trazer prejuízos
gigantescos ao Brasil e aos brasileiros, tem antecedentes. Não se chegou
àquele descalabro do nada. Há muito está em curso a marcha da
insensatez.
Quando eu começar a errar, aviso. Ou
avisam os que têm a pretensão de ser meus adversários, não é? Ocorre
que, até agora, assiste-se ao contrário disso. Só acerto! As provas
estão nos fatos. Há bastante tempo venho chamando atenção para
procedimentos impróprios de algumas autoridades encarregadas de
investigar crimes (Polícia Federal e Ministério Público) ou de julgar os
que são processados pelo estado — e, nesse último caso, refiro-me, é
evidente, a setores do Judiciário.
Digamos com todas as letras, com todos
os pingos nos is, com todas traves no tês: os porras-loucas desses três
entes — PF, MPF e Judiciário — decidiram exercer o controle da política e
dos políticos. E a melhor forma que encontraram de fazê-lo é criando
factoides para manter a opinião pública em estado de permanente
exasperação e mobilização rancorosa, que é coisa diferente de fazer uma
escolha política. E contam, para isso, com a imprensa como subordinada e
porta-voz.
Orgulho-me de ter escrito no dia 15 de
fevereiro um post em que afirmei que há apenas três partidos no Brasil:
1) o PT e seus satélites de esquerda; 2) o PMDB-PSDB e seus satélites do
Centrão e 3) o PAMPI (O Partido do Ministério Público e da Imprensa).
Posso até fazer uma pequena mudança para tornar a coisa ainda mais
precisa; o certo é PAMPIPO (Partido do Ministério Público, da Imprensa e
da Polícia).
Alguém tem alguma dúvida disso?
A coluna deste
domingo da ombudsman da Folha traz uma denúncia grave. Escreve Paula
Cesarino Costa sobre o vazamento de nomes da chamada “Lista de Janot”,
que deve chegar o ministro Edson Fachin apenas nesta segunda ou terça:
“Das dezenas de envolvidos na
investigação, vazaram para os jornalistas os mesmos 16 nomes de
políticos — cinco ministros do atual governo, os presidentes da Câmara e
do Senado, cinco senadores, dois ex-presidentes e dois ex-ministros.
Eles estavam nas manchetes dos telejornais, das rádios, dos portais de
internet e nas páginas da Folha e dos seus concorrentes — O Estado de S.
Paulo, O Globo e Valor. Por que tanta coincidência?
A ombudsman apurou
que a divulgação da chamada segunda lista de Janot se deu por meio do
que, no mundo jornalístico, se convencionou chamar de ‘entrevista
coletiva em off’. (….) Após receberem a garantia de que não seriam
identificados, representantes do Ministério Público Federal se reuniram
com jornalistas, em conjunto, para passar informações sobre os pedidos
de inquérito, sob segredo, baseados nas delações de executivos da
Odebrecht.”
Antes que prossiga, deixo claro: eu e
Paula Cesarino somos, como costumo brincar, de “enfermarias diferentes”.
Ela já lamentou de modo indireto que eu seja colunista da Folha. Não
estou procurando pegar carona numa opinião sua ou fazer dobradinha.
Estou é destacando uma informação que ela publicou e que sei correta.
Afinal, já escrevi aqui que o objetivo da “Lista de Janot” é provar que
todos são iguais. Ao industriar os vazamentos, os procuradores cometem
um crime, que nem investigado será, e desbordam de sua função: fazem
política. Prossigo.
Aécio Neves e Lula
E só nesse caso? Ah, não! Os vazadores resolveram também passar adiante o conteúdo de outras supostas delações: a Odebrecht e a Andrade Gutierrez teriam acertado o repasse de R$ 50 milhões a Aécio Neves, em 2007, depois de vencerem o leilão para a construção da hidrelétrica Santo Antônio, em Rondônia. Mas atenção: a) ninguém disse que era propina; b) os delatores não sabem se o dinheiro realmente foi pago. Entenderam?
E só nesse caso? Ah, não! Os vazadores resolveram também passar adiante o conteúdo de outras supostas delações: a Odebrecht e a Andrade Gutierrez teriam acertado o repasse de R$ 50 milhões a Aécio Neves, em 2007, depois de vencerem o leilão para a construção da hidrelétrica Santo Antônio, em Rondônia. Mas atenção: a) ninguém disse que era propina; b) os delatores não sabem se o dinheiro realmente foi pago. Entenderam?
Na coletiva que concederam na
sexta-feira, os procuradores Deltan Dallagnol e Carlos Fernando
evidenciaram o desprezo que têm pelo Congresso, asseguraram que os
senhores parlamentares querem é acabar com a Lava Jato, e um deles,
Deltan, antecipou até a data do julgamento de Lula, que será feito pelo
juiz Sergio Moro. A condenação veio sugerida nas entrelinhas. Na
página-trocadilho criada por sua mulher — “Eu Moro com Ele” —, o juiz
agradece o apoio da população e sugere que, sem este, a história poderia
ser outra.
Todas essas ações têm nome. E o nome
disso é política. É o que fazem os procuradores quando dão coletivas em
off; é o que faz Moro quando apela diretamente à população; é o que faz a
Polícia Federal quando, com impressionante irresponsabilidade,
desfaçatez, ligeireza, falta de elementos e estupidez técnica, demoniza a
carne brasileira, cuja excelência é reconhecida mundo afora.
Todos querem fazer história
Há uma evidente sede de protagonismo dessas forças. Não se contentam com o seu papel institucional, que, obviamente, pode, sim, dar conta do recado, combater a corrupção, prender os corruptos. A propósito: a única força no Brasil que hoje promove a impunidade é a Lava Jato, dadas as penas ridículas que aplicam aos delatores. Notórios bandidos estão sendo, de fato, literalmente premiados. Os abusos sem contenção nem punição da Lava Jato conduzem a outros tantos.
Há uma evidente sede de protagonismo dessas forças. Não se contentam com o seu papel institucional, que, obviamente, pode, sim, dar conta do recado, combater a corrupção, prender os corruptos. A propósito: a única força no Brasil que hoje promove a impunidade é a Lava Jato, dadas as penas ridículas que aplicam aos delatores. Notórios bandidos estão sendo, de fato, literalmente premiados. Os abusos sem contenção nem punição da Lava Jato conduzem a outros tantos.
Não senhores! O espetáculo grotesco da
Polícia Federal na sexta não surgiu do nada. Sob o pretexto de combater
bandidos, só pode fazer aquela patuscada quem aposta na impunidade. A
mesma impunidade que protege os procuradores-vazadores. Todos esses
entes, incluindo setores do Judiciário, estão convencidos de que o país
não precisa de políticos e da política. Querem saber? Entreguemos o Brasil aos
porras-loucas do MPF, da PF e do Judiciário, e, em dez anos, seremos um
Haiti de dimensões continentais.