Enquanto o Brasil aguarda pelo julgamento do ex-presidente Lula pelo
Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre, que
analisará o recurso apresentado pelos advogados do petista contra a
condenação a 9 anos e 6 meses de prisão, por corrupção passiva e lavagem
de dinheiro, proferida pelo juiz Sergio Moro em primeira instância no
processo referente ao rumoroso caso do triplex no Guarujá (SP), ficam
cada vez mais evidentes o desespero do lulopetismo em relação ao futuro
de seu principal líder e as constantes e desmedidas agressões do PT ao
Poder Judiciário brasileiro e às instituições democráticas do país.
Nas últimas semanas, à medida que se aproxima o julgamento marcado
para o dia 24 de janeiro, não foram poucos os próceres lulopetistas que
se manifestaram abertamente contra o que vêm chamando de “rito de
exceção” contra Lula, como se houvesse um complô com o objetivo de
afastar o ex-presidente das eleições e consumar um “golpe” – mesmo termo
utilizado de forma desavergonhada no período em que Dilma Rousseff foi
afastada por meio do impeachment. São inúmeros os relatos de ameaças e
tentativas de intimidação contra os desembargadores do TRF-4, além de
palavras de ordem e gritos de guerra que indicam a possibilidade de
haver quebra-quebra e atos de vandalismo caso o recurso de Lula seja
rechaçado. Os bate-paus do lulopetismo não têm limites, demonstrando uma
vez mais total descompromisso com as instituições republicanas e a
própria democracia.
Trata-se, ao fim e ao cabo, de uma inútil e patética tentativa de
mobilizar a militância do PT e seus simpatizantes, desqualificando o
processo na hipótese de uma eventual condenação do ex-presidente também
em segunda instância – o que parece cada vez mais provável diante da
amplitude de seus crimes e das provas apresentadas pelo Ministério
Público e corroboradas pelo juiz Moro na sentença. [vale lembrar que o TRF-4 pode além de ratificar, retificar, a sentença de primeira instância majorando a pena; isto já ocorreu com outros condenados em primeira instância e que tiveram a pena aumentada pelo TRF-4.] Até parece que Lula é
inimputável ou está acima da lei. Nada mais autoritário ou
antidemocrático do que essa interpretação.
Em alguns casos, é perceptível que se trata de certo desespero de
áulicos do lulopetismo em relação à iminente condenação do grande
símbolo do partido. Em outros, no entanto, talvez a grande maioria das
lideranças do PT, o que se vê é claramente a intenção de solapar e até
mesmo derrubar a ordem democrática vigente no país, o que nos faz
recordar do período de tão triste memória da ditadura militar. É uma
postura totalmente irresponsável, para dizer o mínimo. É evidente que se trata do óbvio, mas diante de tamanha desfaçatez e
da afronta do PT às instituições é importante reforçar: Lula não tem
salvo conduto, assim como nenhum dos cidadãos brasileiros, para praticar
crimes. A Lei da Ficha Limpa (LC 135/2010) é cristalina e não deixa
margem para qualquer tipo de dúvida: em caso de condenação por um
tribunal colegiado, como o TRF-4, o possível candidato se torna “ficha
suja” e fica impedido de disputar eleições. Além disso, há um
entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) de que um condenado em
segunda instância já pode iniciar o cumprimento de sua pena (no caso de
Lula, provavelmente em regime fechado, se a sentença de Moro for
referendada pelo TRF-4) enquanto apela às instâncias superiores do
Judiciário. Vem daí, muito provavelmente, o desespero e o descontrole da
militância lulopetista.
Como se não bastasse a mobilização do PT, também os aliados não
declarados do partido, como o PSOL, já se manifestaram em uma nota
oficial divulgada há alguns dias que faz coro à narrativa delirante e
mentirosa de que “eleição sem Lula é fraude”. No texto, a legenda – que
se diz oposição ao lulopetismo, mas costuma cerrar fileiras ao lado e
Lula e seus liderados em momentos cruciais – defende o direito de o
ex-presidente ser candidato mesmo se condenado pelo TRF-4, descumprindo a
Lei da Ficha Limpa.
Por mais que o lulopetismo e seus satélites esperneiem sobre o que
pode acontecer em Porto Alegre no dia 24, a ordem democrática do país
está preservada e as instituições estão em pleno funcionamento. Se
condenado, o ex-presidente não poderá participar do processo eleitoral
e, mais do que isso, deverá iniciar o cumprimento da sentença na cadeia.
É o que esperam os brasileiros de bem, a imensa maioria da população
tão ultrajada pela roubalheira perpetrada pelo PT durante mais de 13
anos. Que se cumpra a lei. Lula não está acima dela.
Roberto Freire - Advogado, deputado federal, presidente nacional do PPS
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sexta-feira, 19 de janeiro de 2018
Lula e a lei
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