Advogada ferida no ataque a acampamento pró-Lula relata ameaças de morte
O segurança Jefferson Lima, atingido no pescoço, já
deixou a UTI
A
advogada Márcia Koakoski, de 42 anos, uma das feridas no ataque a tiros contra
o acampamento de apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva
afirmou em um vídeo divulgado no YouTube que ouviu pessoas fazendo ameaças de
morte no local, antes dos disparos. A advogada contou que estava acampada havia
dois dias. Além dela, também ficou ferido no ataque o segurança voluntário Jefferson Lima de Menezes, que foi atingido no pescoço. Ele está internado no
Hospital do Trabalhador, mas já deixou a Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Segundo relato de pessoas que o acompanham no hospital, a vítima está
consciente e seu estado de saúde é estável. Os médicos afirmaram que Jefferson
não deve ficar com sequelas do tiro.
Segundo
relato da advogada, todos estavam dormindo na madrugada de sábado no
acampamento montado desde o dia 7 de abril a 1 quilômetro da sede da Polícia
Federal, onde o ex-presidente está preso. Mas, na madrugada, por volta das 2h,
foram ouvidos gritos de pessoas fazendo ameaças e dos próprios seguranças.
Márcia Koakoski ouviu os agressores gritando que voltariam para matar todas
aquelas pessoas. —
Estávamos dormindo e, por volta das duas horas, ouvimos uns gritos dados pelo vigias.
Eles não têm arma e gritam para espantar as pessoas que fazem ameaças. Havia
pessoas gritando ameaças, que iam voltar e matar aquelas pessoas. Foi uma
situação delicada. As pessoas se levantaram, todos assustados. Aí os ânimos
foram se acalmando, porque várias vezes, o tempo inteiro na realidade, o
acampamento foi objeto de ofensas, as pessoas passam gritando — contou a
advogada, que ficou ferida sem gravidade no ombro, atingida por estilhaços de
um banheiro químico que foi alvo tiros.
A Polícia
Civil do Paraná obteve imagens de câmeras de segurança que mostram um homem
atirando contra apoiadores petistas na madrugada deste sábado. O suspeito
chegou em um carro preto modelo sedan, caminhou até o local e efetuou vários
disparos. Segundo o delegado da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa
(DHPP) de Curitiba, Fábio Amaro, o indivíduo fugiu após os tiros e ainda não
foi identificado. Segundo a assessoria do acampamento, a Polícia Militar está
fazendo rondas em torno do local durante todo o dia. Três pessoas já foram
ouvidas pela Polícia Civil, que investiga o caso: a própria Márcia Koakoski e
mais duas testemunhas.
O PT
pediu reforço no policiamento junto ao acampamento, batizado de Marisa Letícia,
depois do ataque sofrido. O presidente do PT do Paraná, Dr. Rosinha, e
representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) se reuniram com a
Segurança Pública do Paraná pedindo reforço no policiamento. Após encontro, o
presidente do PT do Paraná disse que policiamento irá aumentar. A expectativa é
que pelo menos vinte mil pessoas se reúnam no local na próxima terça-feira para
comemoração do feriado de 1º de Maio, dia do Trabalho. [haverá uma festa e a presença do público é normal; mas os pró Lula não atingirão sequer dois mil militontos.
o PT como é habitual vai catalogar até os que estiverem passando na região como pró Lula, mas é fácil descobrir a farsa.]
Esta é a
segunda vez que apoiadores do ex-presidente são atacados a tiros. Na primeira,
no último dia 27 de março, também no Paraná, um dos ônibus da caravana que o
ex-presidente fazia pelo Sul do país foi alvo de de disparos de arma de fogo.
ninguém ficou ferido. Os tiros acertaram o veículo em que estavam os
jornalistas, mas o ônibus em que o ex-presidente viajava não foi atingido. [perícia policial comprovou que os tiros foram disparados com os ônibus parados, com utilização de arma curta e a queima roupa - prova irrefutável de que os disparos foram efetuados por integrantes da caravana do fracasso.]
Os petistas perderam, Dilma foi deposta e não levou ninguém às ruas; Lula está preso, novas condenações virão e apenas algumas centenas de fanáticos foram as ruas protestar.]
Não é aceitável numa democracia que o debate de ideias chegue a tal radicalização e que a disputa partidária se transforme em guerra aberta, distorcendo a visão de Clausewitz de que a guerra é a continuação da política por outros meios. O que aconteceu em Curitiba precisa ter uma resposta rápida e eficiente das autoridades, mesmo que os militantes acampados em frente à Polícia Federal sejam típicos representantes do mote “nós contra eles” ressuscitado pelo ex-presidente Lula em seu discurso no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, momentos antes de ser preso.
A radicalização da política, à esquerda e à direita, não é aceitável numa democracia, e é preciso que os líderes partidários entendam que não podem esticar a corda até onde o Estado de Direito não aguentar. A presidente do PT, senadora Gleisi Hoffman, não é a líder que o momento exige. Ao contrário, estimula o radicalismo com seus vídeos absurdos, pedindo apoio a países ditatoriais que têm suas prisões cheias de presos políticos quando considera Lula um preso político numa democracia.
Agora mesmo, acusou irresponsavelmente o juiz Sergio Moro e os meios de comunicação, especialmente o Grupo Globo, de serem culpados pelos atentados. Considerar que quanto pior melhor é o lema desses radicais da direita e da esquerda, que agora se enfrentam nas ruas do país quando deveriam se enfrentar nas urnas de outubro.
A campanha presidencial deste ano, se não formos sensatos como sociedade, será a mais radicalizada desde 1989, quando milícias esquerdistas e seguidores de Collor de Mello se enfrentavam nos comícios, e não através dos discursos.
Os ataques ao acampamento de Curitiba e, anteriormente, ao ônibus da caravana de Lula, são a contrapartida de uma direita insana aos ataques que o MST e o MTST espalham pelo país, com invasões de prédios públicos e propriedades privadas, e até mesmo o ataque ao edifício em Belo Horizonte onde mora a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármem Lúcia. É inaceitável em uma democracia que esse tipo de enfrentamento sirva como a linguagem da política partidária. Na terça-feira, comemorasse o Dia do Trabalho, que tem sido um momento de confraternização nos últimos anos, e não pode se transformar em uma oportunidade para novos confrontos ou provocações.
O ex-presidente Lula aprendeu, em 2002, que só chegaria ao Palácio do Planalto se ampliasse seu eleitorado, e a radicalização com que o PT responde à prisão de seu grande líder coloca o partido num nicho militância radical que se afasta do centro, deixando o partido em um isolamento que nem mesmo a esquerda democrática deseja. O slogan eleição sem Lula é fraude não mobiliza a população nem atrai os aliados petistas, que gostariam de uma definição do maior partido da esquerda para começar a enfrentar uma campanha que será das mais difíceis dos últimos tempos. Não será com a radicalização à direita e à esquerda que seus representantes chegarão ao Palácio do Planalto.
Merval Pereira - O Globo