Durante audiência, o senador que combina gravatas com um assassino, resolve ligar um post meu a uma ação da Abin. Então vou mostrar pra ele “O É da Coisa”. Pela ordem!
O senador Randolfe Rodrigues, do Amapá,
meteu, nesta quinta, os pés pelos pés na sessão conjunta das comissões
de Direitos Humanos e de Relações Exteriores e Defesa Nacional. Eu já o
sabia equivocado, claro!, mas não o tinha na cota de um covarde —
covardia política. O homem resolveu me atacar de maneira asquerosa. Já
chego lá.
No primeiro plano, Randolfe
combina a sua gravata com a de Maduro; ao fundo Ivan Valente, que grita
“Fora, Temer” todo dia, e Luciana Genro. Os cadáveres de Maduro não
estão nessa foto
Os senadores ouviram o depoimento do
general e chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Sergio
Etchegoyen, a quem está subordinada a Abin (Agência Brasileira de
Inteligência). Certa fantasia que circula em Brasília sustenta que o
órgão foi mobilizado pelo governo Temer para espionar Rodrigo Janot,
procurador-geral da República, e Edson Fachin, ministro do Supremo e
relator dos processos do petrolão.
Antes de ir a detalhes, algumas
observações prévias. Sempre considerei, por óbvio, o senador Randolfe
Rodrigues (Rede-AP) equivocado. Afinal, ele é do PSOL, esse partido que
já carrega no nome este oximoro homicida, de homicídio em massa mesmo:
“socialismo e liberdade”. O mundo conheceu e conhece países livres.
Conheceu e conhece países socialistas. As duas coisas, no entanto,
jamais se conjugaram. Quando muito, partidos socialistas fingem tolerar a
democracia pelo tempo que avaliam útil a seus desígnios. Se O puderem,
eles a golpeiam. Assim, o PSOL é, por si, uma desonestidade intelectual e
a manifestação de uma farsa. Como Randolfe.
“Ah, Reinaldo, mas você mesmo diz que
agora ele é Rede”. Bem, no máximo, poderia compor um dueto, ou desafio,
de vozes com Marina Silva. Ele migrou para essa legenda por
incompatibilidade com, acreditem!, o PSOL do Amapá. Mas ele segue sendo o
mesmo em essência.
Este senhor, como sabemos, passou a ser o
que chamo de “soprano do golpe”. Virou, ao lado de Alessandro Molon —um
petista disfarçado de marineiro —, plantonista do “Jornal Nacional”.
Ainda vai recorrer à Justiça cobrando vínculo empregatício… Também
costuma dar, com a competência que tem, aula de deposição de presidente
aos frequentadores da Casa de Caetano Veloso, onde certamente há a
possibilidade de se ouvir boa música, mas não se corre o risco de
aprender algo que preste em política.
Muito bem. Num dado momento de sua
intervenção, Randolfe cita um texto publicado pela revista “Veja”,
segundo o qual o general teria se encontrado com o próprio Temer e
assessores no dia 3 de junho de 2017. E agora transcrevo a sua fala:
Segundo ainda a revista, a
partir dessa data, se organizou ainda uma ofensiva contra a Operação
Lava Jato, tendo como alvo o procurador-geral da República e o ministro
Edson Fachin. Essa reunião teria definido uma “varredura” sobre a vida
privada do ministro Fachin. E se teria suscitado nessa reunião que
existiriam relações do ministro Fachin com membros da JBS, que passariam
a ser utilizadas depois (…). Coincidência ou não, logo após essa
data, no dia 5 de junho, que é conhecido por ser mais governista do que o
próprio presidente Michel Temer, publicou uma matéria com o seguinte
título: “Fachin em jantar com o Joesley, o Folgadão, e Renan, que varou a
madrugada. Pode isso, não!” Esse é o título da matéria do jornalista
Reinaldo Azevedo, que teria sido veiculada dois dias após esta reunião.
Repito: é de conhecimento de todos a relação… Recentemente, o presidente
da República só concedeu entrevista ao vivo, exclusivamente, ao
jornalista Reinaldo Azevedo, quando sofria o processo de denúncia na
Câmara dos Deputados.
Sim, já respondi em “O É da Coisa”,
programa de rádio que ancoro na Band News FM, à fala do senador. O vídeo
segue abaixo. E volto ao tema.
Retomo
Randolfe, como afirmo hoje na Folha, é só um “Jean Wyllys que não ousa dizer seu nome”. Não passa, também ele, de um falastrão que cospe por outros meios, com seu jeitinho de comunista janota. Observem, no entanto, que ele pode ser bastante doloso quando quer. Na sua fantasia, o post que publiquei me foi soprado, ora vejam, pela Abin! Eu seria um mero repassador das coisas decididas no complô — que, de resto, não aconteceu.
Randolfe, como afirmo hoje na Folha, é só um “Jean Wyllys que não ousa dizer seu nome”. Não passa, também ele, de um falastrão que cospe por outros meios, com seu jeitinho de comunista janota. Observem, no entanto, que ele pode ser bastante doloso quando quer. Na sua fantasia, o post que publiquei me foi soprado, ora vejam, pela Abin! Eu seria um mero repassador das coisas decididas no complô — que, de resto, não aconteceu.
E quais são as evidências que a sua delinquência intelectual lhe aponta? Estas:
1: o meu post foi publicado dois dias depois da suposta reunião;
2: Temer concedeu só a mim entrevista exclusiva “quando sofria processo…” — até nisso, erra: a dita-cuja aconteceu no dia seguinte à vitória do presidente.
1: o meu post foi publicado dois dias depois da suposta reunião;
2: Temer concedeu só a mim entrevista exclusiva “quando sofria processo…” — até nisso, erra: a dita-cuja aconteceu no dia seguinte à vitória do presidente.
Não estranho que esse comunista que
resolveu entrar no armário tenha Janot na conta de um grande jurista.
Como se nota, eles operam com os mesmos critérios e têm, pelo visto, a
mesma concepção do que seja “prova”. Digamos que a reunião com a Abin
tivesse acontecido. Na cabeça perturbada desse comuna golpista, se o meu
texto saiu depois, então é consequência daquele ato. É um caso clássico
de falácia que os escolásticos já apontavam: “post hoc ergo propter hoc” — ou: “depois disso; logo, por causa disso”. Randolfe notou que o dia sempre amanhece depois que o galo canta e chegou à conclusão de que o dia amanhece porque o galo canta.
É um desclassificado intelectual.
E é também um covarde, um dos dois defeitos de caráter que mais abomino. O outro é a deslealdade.
Fui vítima
Como já disse no programa “O É da Coisa”, eu é que fui vítima de uma quadrilha de vazadores. Recorri à Justiça para saber em que lugar se acoita: na Procuradoria Geral da República ou na Polícia Federal. Tenho um palpite, mas prefiro aguardar a apuração. Em meio a milhares de gravações, duas que nada tinham a ver com a investigação foram tornadas públicas: uma conversa minha com uma fonte (Andrea Neves) e outra do ministro Gilmar Mendes, do STF, com o senador Aécio Neves.
Como já disse no programa “O É da Coisa”, eu é que fui vítima de uma quadrilha de vazadores. Recorri à Justiça para saber em que lugar se acoita: na Procuradoria Geral da República ou na Polícia Federal. Tenho um palpite, mas prefiro aguardar a apuração. Em meio a milhares de gravações, duas que nada tinham a ver com a investigação foram tornadas públicas: uma conversa minha com uma fonte (Andrea Neves) e outra do ministro Gilmar Mendes, do STF, com o senador Aécio Neves.
Aí, sim, estão atos criminosos.
Sim, eu publiquei, sim, o texto a que se refere Randolfe. Leiam. Nenhum dos convivas o desmentiu.
E lamentei não ter podido publicar uma informação que me chegara então. Saiu pouco depois no “Poder 360”, a saber:
“Ao ser indicado para o STF
(Supremo Tribunal Federal), em 2015, Edson Fachin percorreu os gabinetes
dos 81 senadores. Amigos ajudaram a marcar audiências e a dar suporte à
candidatura. O contato com alguns senadores foi facilitado também por
Ricardo Saud, do grupo J&F, a empresa dona da JBS-Friboi.”
Segundo o pensamento percuciente de
Randolfe, tal post não foi pautado pela Abin porque publicado antes
daquela suposta reunião. Já o meu foi publicado depois… Ah, sim: sabem por que não consegui
publicar a informação sobre a ajuda de Ricardo Saud — confessadamente o
homem da mala de Joesley Batista — a Fachin? Porque eu ainda estava sem
blog. Em razão daquele vazamento, havia pedido demissão da “Veja”. Por
quê? Na conversa com Andrea, havia criticado uma reportagem da revista.
Ainda que esta tivesse insistido para eu continuar, o que não aconteceu,
eu não teria aceitado.
Randolfe poderia ter lembrado também que
fui eu a publicar a informação de que a filha de Rodrigo Janot integra a
equipe de advogados que cuida do acordo de leniência da Odebrecht e da
OAS. Leia, se quiserem, os textos aqui, aqui e aqui. Ah, sim: são textos do dia 9 de maio. Não devem ter sido pautados pela Abin, né? Aliás, o site ainda estava hospedado na VEJA…
Se eu operasse com os critérios de
Randolfe, escreveria: “Coincidência ou não, o vazamento da minha
conversa aconteceu depois que revelei que a filha de Janot trabalha para
empreiteiras investigadas pela Lava Jato”… Uma das características mais evidentes do fascismo de direita e de esquerda é a rapidez com que saca contra a honra alheia. Diz Randolfe que sou “mais governista do
que Michel Temer”. Essa foi uma ironia que eu mesmo fiz com o
presidente quando lhe pedi que citasse o que considerava feitos de seu
governo. Ele não listou um dos que considero mais importantes, embora,
digamos, invisível: a reestruturação do setor elétrico.
Entendo que a queda de Temer, se tivesse
acontecido, teria sido desastrosa para o país. Mas não daria murro em
ponta de faca se considerasse hígida a denúncia de Janot. O que ele
apresentou até agora é, a meu ver, uma farsa que se erige sobre uma soma
formidável de ilegalidades. E, como se sabe, o homem tem a desfaçatez
de conceder uma entrevista com ameaças ao presidente da República.
Não vendo razões para a queda,
acrescento a questão política: folgo com a permanência de Temer para que
comunistas disfarçados de humanistas não triunfem. Não venha querer
depor um governante legítimo, com reiteradas ações em defesa da
democracia e do Estado de Direito, quem posa, sorridente, ao lado de um
assassino, como faz Randolfe, com seu ar servil a Nicolás Maduro. Não
venha me dar aula de moral e cívica quem tem a desfaçatez de harmonizar a
sua gravata com a de um brucutu fascistoide que mata e prende
opositores, que lidera um regime de terror, que condena gerações à
miséria e ao atraso.
A foto que se vê no alto é de 2013. Foi
tirada no auditório Darcy Ribeiro, da Universidade de Brasília. Os
psolentos foram lamber as botas sujas de sangue do tirano. Estavam
comemorando o ingresso da Venezuela no Mercosul. Pois é… O governo Temer, que Randolfe
quer derrubar, fez o contrário: botou Maduro para correr, como deixou
claro o ministro Aloysio Nunes Ferreira na entrevista que me concedeu
ontem.
Então ficamos assim: eu escolho o
governo que baixou a inflação de 10% para menos de 3,5%; que tirou o
país da recessão, que reestruturou o setor elétrico, que retomou a
exploração do pré-sal, que baixou os juros para um dígito etc. E Randolfe que continue mergulhado na poça de sangue e irresponsabilidade.
Escute uma coisa, rapaz! Você e a ala
fascista da Lava Jato não me intimidam e vão ter de me engolir. Quando
vagabundos, e alguns nomes eu já tenho, tentaram me pegar, só
contribuíram para ampliar a minha voz. Como diria Chico Buarque, pare, Randolfe, de falar fino com ditaduras e de tentar falar grosso com a democracia.
Não vai funcionar!