Parentes acusam policiais de chacina em São Gonçalo: ‘Corpos em blindado da Core’
Até o momento, nenhum dos sete corpos levados para o IML foi identificado
Até o
momento, nenhum dos sete corpos levados para o IML foi identificado. Alguns
parentes de mortos aguardam o chamado para fazer o reconhecimento. Um perito do
IML que chegou para o plantão disse que foi orientado pelo seu chefe a relatar
que os corpos foram levados para o órgão sem guias de remoção. Isso significa
que não houve perícia no local.
Encarregada
geral de uma empresa de reciclagem em Itaboraí, Joelma Couto Melanes, de 38
anos, mãe de um dos mortos, Márcio Melanes Sabino, de 21 anos, denunciou ter
sido ameaçada de morte ao tentar se aproximar do corpo do filho. Ela admitiu
que o filho, depois de trabalhar com ela na empresa de reciclagem, passou a ter
envolvimento com o tráfico de drogas na região.
— Quando
soube que alguma coisa tinha acontecido no Salgueiro corri com meu marido de
carro para lá e, quando fui me aproximar do corpo do meu filho, um policial
disse que se nós não saíssemos de lá, ele ia dar um tiro na nossa cara. Disse
para nós sairmos de perto porque ia haver perícia. Eles estavam xingando todo
mundo que passava — relatou.
Segundo
ela e o marido, o técnico da Enel Cláudio Lopes, de 50 anos, que a acompanhava,
não houve perícia alguma: — Os
corpos foram colocados dentro de um blindado usado na operação da Core e dentro
de um rabecão que foi chamado às pressas e escoltado pelos policiais até o
local onde os corpos estavam. Nós seguimos de carro o rabecão onde o corpo do
nosso filho foi colocado e chegamos juntos ao IML (em Tribobó). Mas disseram
que o corpo não tinha vindo para cá. Fizeram a gente ir para outros lugares em
vão.
Os
parentes disseram que quando o blindado chegou houve muita correria, e que
algumas pessoas foram atingidas por policiais que estavam no morro conhecido
como Pé da Serra disparando com armas dotadas de mira a laser. Ao lado do corpo
de Márcio, havia outros dois corpos. Segunda família, o corpo de um rapaz foi
colocado num blindado da polícia e eles não viram o veículo chegar ao IML. A mãe de
Márcio Melanes se mudou do Salgueiro para Itaboraí, mas o filho resolveu ficar.
Ele deixa uma filha de 3 anos. Segundo a família, no momento em que foi morto,
ele não estava armado. Os outros corpos estavam na localidade conhecida como
Palmeiras, no Salgueiro, perto do Conjunto da Marinha.
O Globo