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terça-feira, 23 de maio de 2017

O procurador se acha e Movimento no Judiciário pretende rever termos de acordo com irmãos Batista

Janot atropelou a Constituição, o bom senso e a lógica na condução do processo, e tudo isso sob olhares parceiros do Supremo

Um ex-presidente e candidato a Messias é hoje a viva alma mais enrolada do país e está totalmente desmoralizado. A ex-presidenta inocenta entrou para a posteridade como protagonista de memes e clássicos do YouTube. O atual presidente encontra-se embretado. Um dos principais postulantes ao cargo nas últimas eleições, também. O presidente do Senado é alvo de dois inquéritos. O presidente da Câmara não possui cacife para falar grosso e é um desconhecido nacional. Os ministros do Supremo não exibem o desejável espírito de equipe, no qual as discordâncias são apenas de natureza técnica, e vivem trocando farpas no horário nobre.

O Brasil, portanto, experimenta um tremendo vácuo de poder. Em momentos assim, figuras como o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, tendem a se empolgar. Destinado a ser mero coadjuvante em uma democracia com a saúde menos precária, começou a se sentir grandão. Não é de hoje, mas vem crescendo no ritmo do encolhimento dos que não souberam se manter do tamanho de sua posição. O procurador agora se acha.

É preciso aplicar o dito popular “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”, e deixar um pouco de lado a batalha alimentada, por um lado, pela cegueira ideológica e, por outro, pelo medo de não parecer isento. Independentemente da culpa dos denunciados pelos Esleys Safadões, beneficiários da delação mais premiada da história com direito a liberdade total, especulação bilionária à custa de sangria na economia nacional, vidão em Nova York e deboche da cara dos brasileiros honrados –, o fato é que Janot atropelou a Constituição, o bom senso e a lógica na condução do processo, e tudo isso sob olhares parceiros do Supremo. Em uma nação menos ressabiada, ainda mergulhada na era da inocência, talvez seus arroubos pudessem ser creditados à sede de justiça, ao senso do dever ou à paixão pela pátria. Nas atuais circunstâncias, soa mais como sede de poder, oportunismo e paixão desmedida por holofotes. Com as instituições e seus titulares enfraquecidos, falta quem coloque Janot em seu devido lugar.

Por: Eliziário Goulart Rocha - Coluna do Augusto Nunes - VEJA

Movimento no Judiciário pretende rever termos de acordo com irmãos Batista

Há um movimento no Judiciário para que sejam revistos os termos do acordo de delação premiada. Ministros do Supremo me disseram que consideram que as vantagens dadas aos dois irmãos Batista, o Joesley e o Wesley, foram excessivas e inaceitáveis. 

Eles confessaram que praticaram crime de corrupção continuada por mais de uma década e o fato de terem entregado informações valiosas não pode ser justificativa para que eles fiquem agora morando na Quinta Avenida em Nova York em luxuosos apartamentos e sem qualquer tipo de processo criminal.

A delação foi homologada nesses termos pelo ministro Edson Fachin, mas cabe ao Supremo Tribunal Federal a decisão final. E a tendência é a corte mudar esses termos. Pode não acontecer agora, mas quando a segunda turma do Supremo se reunir para analisar o processo.

 Por: Míriam Leitão - Coluna em O Globo