O Tribunal Regional Federal da 4ª Região, segunda instância da Lava
Jato, foi implacável com Lula no julgamento do caso do sítio de Atibaia. Em
decisão unânime, os três desembargadores que participaram da sessão ignoraram o
Supremo Tribunal Federal, rejeitaram os pedidos de anulação do processo e
elevaram a pena imposta a Lula de 12 anos e 11 meses para 17 anos, 1 mês e 10
dias de cadeia.
O rigor é plenamente respaldado nas folhas do processo, que
trazem evidências abundantes de que Lula se corrompeu. Ao pendurar no pescoço
de Lula uma segunda medalha de corrupto, o TRF-4 deixou no ar uma dúvida
incômoda quanto à adequação do nome do tribunal que representa a última instância
do Judiciário brasileiro: STF ou STL?
Supremo Tribunal Federal ou Supremo Tribunal do Lula? A dúvida não é
impertinente. Ao contrário, é plenamente justificável.
Não fosse pela recente decisão do Supremo de revogar a regra que
permitia a prisão de condenados na segunda instância, Lula estaria nesse
momento fazendo uma mala para retornar à cadeia. Graças ao Supremo, esse risco
foi substituído pelo velho cenário em que os condenados com dinheiro para pagar
advogados recorrem em liberdade até o infinito ou a prescrição dos crimes —o
que chegar primeiro.
Generoso, o pedaço do STF que compõe o STL ainda ofereceu
à defesa de Lula a possibilidade de requerer a anulação do processo. Fez isso
ao determinar que réus delatados devem falar por último nos processos, depois
de tomar conhecimento das alegações finais dos delatores. Os advogados pediram a
anulação. Mas o TRF-4 negou.
Prevaleceu
o entendimento segundo o qual os juízes não poderiam adivinhar que o Supremo criaria
uma nova regra, que não estava prevista em nenhuma lei, para beneficiar os
condenados. Os advogados de Lula irão recorrer. Os recursos chegarão ao STF. Ou
ao STL. Hoje, o combate à corrupção no Brasil depende dos humores do Supremo
Tribunal do Lula.
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Blog do Josias - Josias de Souza, jornalista - UOL