No país do Carnaval em que uma nação perambula em busca de si,
inexiste o risco de os farsantes renunciarem à farsa:
o jeca continuará
dizendo que não tem o triplex que é dele e que não é dono do sítio que
possui; Dilma Rousseff visita o Congresso que despreza, como a qualquer
instituto da democracia, fingindo que a tragédia brasileira que
patrocina resulta do triunfo da opinião sobre os dados.
Tenho alguns dados para ela: na opinião de dois terços de
brasileiros, ela é incapaz de tirar o país da crise e o jeca em que ela
se escora morreu politicamente e o corpo será removido pelo Código
Penal. Antes de entrarmos na Sapucaí para ganhar o público e perder o
Carnaval, o para sempre eterno Paulinho da Viola entoou “Foi um rio que
passou na minha vida”, uma das mais lindas músicas do mundo. Uma
tristeza me carregava, não pensava que conseguiria e me lembrei da Clara
Nunes dando um aperto de saudade no tamborim.
Além disso, estava ali acompanhando os alunos estrangeiros para quem
eu ensinava português: era um compromisso de trabalho. Então, naquela
manhãzinha que nascia única na longínqua apoteose de 1996, me dissolvi
na Sapucaí dentro do azul e branco com prata e dourado da Portela bela.
Mas não é isso. No Brasil de tantas agonias, a gastança na empolgante
epidemia de alegria fugaz nunca fez sentido para mim. Mas o que que faz
sentido num país em que o problema da ida da presidente ao Congresso
pedir a CPMF não é Dilma ter o vício odioso de quebrar promessas e se
fazer de sonsa, mas a ilegalidade do governo?
Prender o jeca, extinguir o PT, destituir o governo ilegal é a
solução para a nossa insanidade? Talvez ela não tenha solução, mas essas
medidas satisfariam a lei, único caminho para que um país insano ao
menos preserve a consciência da doença. Releio tardes vividas pelas ruas
de Olinda, eu menina e a parentada em folias no meio dos mamulengos.
Mas não é isso. Nem o namoro, eu já mocinha, sob as energias do frevo do
Galo da Madrugada do meu Recife antes de o bloco se agigantar na muvuca
atual.
A tradução do Carnaval para mim é a cena final de “Zorba, o grego” em
que Anthony Quinn e Alan Bates, na sequência de “um acidente magnífico”
que os arruinou e para o qual não há solução, resolvem dançar o
sirtaki. No Brasil de tragédias sucessivas – danceteria Kiss, Mariana,
microcefalia, para ficar nas recentes –, além do lulopetismo, a tragédia
cotidiana para a qual a nação desperta tardia e parcialmente quando o
esbulho já é o maior espetáculo da Terra, o Carnaval tem sentido?
Tem sentidos: minha filha já comprou um par de cílios postiços
coloridos para fantasiar os lindamente espessos e longos cílios naturais
dela e eu recuperei meu arranjo de cabelo de outros Carnavais para
sairmos num pequeno bloco de rua em São Paulo porque o Anthony Quinn
dança o sirtaki de camisa amarela e gravata vermelha, numa praia grega,
para que eu não esqueça que a vida, o mais magnífico dos acidentes, não
tem solução.
Fonte: Coluna do Augusto Nunes - Valentina de Botas
Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016
O jeca continuará dizendo que não tem o triplex que é dele e que não é dono do sítio que possui
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