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segunda-feira, 16 de outubro de 2017

As patrulhas servem aos corruptos



Em 2007, Vavá, irmão de Lula, teve sua casa vasculhada pela PF e foi indiciado por tráfico de influência

Em junho de 2007 a casa de Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão de Lula, foi vasculhada pela Polícia Federal como parte de uma operação denominada de “Xeque-Mate”. 

Investigavam-se contrabandos, tráfico de drogas e exploração de máquinas caça-níqueis. Os agentes ficaram na residência por duas horas, vasculharam até as roupas da mulher e da filha do suspeito. Vavá viu-se indiciado por tráfico de influência. Foram apreendidas duas cartas com pedidos de emprego e um envelope endereçado ao então ministro Aloizio Mercadante. E daí? Se os pedidos e a correspondência não foram encaminhados, tráfico não houve. Interceptações telefônicas provavam que Vavá prometera interceder por um policial que pretendia transferir um filho e pedira “dois paus pra eu” a um dos investigados, que fora preso. Semanas depois o Ministério Publico, que chegara a pedir a prisão do irmão do presidente da República, denunciou 38 pessoas e... cadê o Vavá? Nada. Faltavam “provas robustas” e ficou tudo por isso mesmo. Tanto para Vavá como para os servidores que o expuseram à execração pública.

Diga-se que coisas desse tipo acontecem, mas diz-se também que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Pois caiu. Na última terça-feira, com autorização da Justiça, a Polícia Civil de Paulínia fez uma busca na casa de Marcos Claudio Lula da Silva, filho do primeiro casamento da falecida Marisa Letícia, adotado pelo ex-presidente. Iam atrás de uma acusação anônima, feita ao Disque Denúncia. Na casa do cidadão deveriam encontrar grande quantidade de drogas. Acharam nada, mas levaram um computador. O delegado que autorizou a operação foi afastado.

Isso aconteceu duas semanas depois do suicídio do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, acusado de obstruir a ação da Justiça numa investigação em que, antes de ser preso, ele não foi ouvido por ninguém. As patrulhas policiais e judiciárias prestam inestimável serviço ao pessoal que joga com as pretas. Para quem roubou, está roubando ou pretende roubar, esse é o melhor dos mundos.

A EXTRADIÇÃO DE BATTISTI REBAIXA O BRASIL
Michel Temer é professor de Direito e pode vir a revogar o asilo concedido por Lula ao italiano Cesare Battisti, acusado pelo governo de seu país de ter militado numa organização terrorista, tendo praticado quatro homicídios. Para que o professor Temer prevaleça, será necessária a anuência do Supremo Tribunal Federal. Por enquanto, o ministro Luiz Fux travou a maluquice com uma liminar a favor de Battisti.

Extraditando-o, o Brasil entrará na galeria dos países que entregaram asilados. [asilado terrorista, bandido, tipo Battisti tem que ser  devolvido ao país de origem, inclusive com cláusula de que deve cumprir integralmente a sentença a qual foi condenado - mesmo que seja execução por lapidação.
Para fazer Justiça de forma completa o Temer deve também devolver o terrorista Achiles Lollo - ex-aspone do PT e atualmente homiziado, salvo engano, no PSOL;
o bandido em questão tocou fogo, utilizando gasolina, em um casal e duas crianças e o ' filho de s...' Lula da Silva deu asilo político para tal marginal.] Logo o Brasil, onde vivem centenas de septuagenários, alguns deles ex-militantes de organizações que praticaram atos terroristas e foram salvos pelo asilo ou pela proteção de outros governos, que os acolheram durante a ditadura. A concessão do asilo é uma prerrogativa do soberano e Lula exerceu-a. Battisti foi terrorista? Em 1963 o Brasil asilou o ex-primeiro-ministro Georges Bidault, presidente da organização que defendia a Argélia francesa, à qual estava apensa a Organização do Exército Secreto, grupo terrorista que matou cerca de duas mil pessoas.

Revogar um asilo entregando um cidadão ao governo que deseja capturá-lo é coisa rara. O general chileno Augusto Pinochet matou brasileiros exilados, mas nunca fez isso em nome da lei. A ditadura argentina sequestrava brasileiros em Buenos Aires e argentinos no Rio, mas fazia isso clandestinamente.  No ano do centenário da Revolução Russa, Temer deveria pensar no papelão que fez o rei George V da Inglaterra em março de 1917, retirando a oferta de asilo à família real russa. Era só oferta, mas, um ano depois, os bolcheviques mataram o ex-czar Nicolau II, sua mulher e os cinco filhos.

LULA CANDIDATO
Em julho passado Lula foi condenado a nove anos de prisão pelo juiz Sergio Moro. Para que ele fique inelegível, a sentença precisa ser confirmada pela 8ª Turma do Tribunal Regional Federal 4, de Porto Alegre, composta por três desembargadores. Se Lula for condenado por unanimidade, ficará inelegível, com poucas chances de ser salvo nos tribunais superiores.

Se o resultado ficar num 2 x1, a inelegibilidade estará adiada, dependendo de confirmação pela Seção Criminal do TRF-4, composta por seis desembargadores federais, três dos quais da 8ª Câmara. Cabeça de juiz não permite prognósticos seguros, mas quem conhece o TRF-4 levanta duas dúvidas. Na primeira, a condenação pode ser anulada, Na segunda, a confirmação da sentença pode demorar, permitindo o registro da candidatura.
A morte da jararaca ainda não é fava contada. [o jararaca já está morto; caso a Justiça não ratifique sua morte o POVO, não votando nele em 2018, no caso de uma hipotética e improvável candidatura, confirmará sua morte política, por desonra.]
 
(...)

FALA, MILLER
O procurador Marcelo Miller, que tem a chave capaz de decifrar a trama que culminou no escalafobético acordo de colaboração dos irmãos Batista com o ex-procurador-geral Rodrigo Janot, pode vir a negociar o seu próprio acordo.
Para sua surpresa, diversos advogados convidados para defendê-lo preferiram passar.

ROHTER E RONDON
Com 14 anos de experiência no Brasil e a disposição dos repórteres para gastar sola de sapato, o jornalista americano Larry Rohter está concluindo uma biografia do marechal Cândido Rondon (1865-1958).
Rondon nasceu quando estava começando a Guerra do Paraguai e, quando morreu, os russos tinham colocado em órbita o primeiro satélite artificial, o Sputnik. Nos seus 93 anos de vida, levou o século XX a regiões da Amazônia e mostrou ao país uma nova maneira de olhar para os índios. Se isso fosse pouco, foi um dos primeiros batalhadores pela entrada do Brasil na guerra contra o nazismo.

Rohter buscou informações em quatro cantos de Pindorama e chegou aos diários que Rondon manteve por 65 anos.
Em 1979 Rohter escreveu sobre as degolas de guerrilheiros do Araguaia e a ditadura deixou-o em paz. Em 2004, ele publicou um artigo no “New York Times” tratando do fraco de Lula pela garrafa. Nosso Guia tentou obrigá-lo a deixar o país, mas foi levado à sobriedade política pelo seu ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos.  Rohter batalhara para que o “Times” parasse de qualificar Lula como “esquerdista”.

Fonte: O Globo - Elio Gaspari