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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

O laranjal do Guarujá

A mais honesta de todas as vivas almas anda penando um bocado. O famoso tríplex de Lula que não é de Lula, no Guarujá, entrou na mira da Lava Jato. Sérgio Moro e sua turma são mesmo uns golpistas: por que suspeitar de um entroncamento entre Bancoop, OAS, Vaccari, offshores de operadores do petrolão e Lula? Ou melhor, corrigindo: Lula não tem nada com isso. E as outras almas cheiram a talco. A Operação Triplo X da Polícia Federal só pode ser uma conspiração da direita contra o governo popular — para citar a frase imortal do companheiro Delúbio no mensalão. 
 
As coincidências é que atrapalham a revolução progressista. O tríplex vizinho ao de Lula que não é de Lula pertence a Nelci Warken, acusada de estelionato no escândalo da Bancoop junto com o companheiro João Vaccari. Nelci já está presa pela Operação Triplo X, apontada como laranja do esquema. Ela tem offshores criadas pelo mesmo escritório que constituiu as offshores de operadores do petrolão, como Pedro Barusco, E os investigadores descobriram que outros apartamentos do mesmo conjunto Solaris, no Guarujá, pertencem igualmente a laranjas. O tríplex de Lula que não é de Lula está plantado, desgraçadamente, no meio desse laranjal. E muito azar.
 
A Lava Jato descobriu que um diretor da OAS foi mobilizado exclusivamente para comprar os armários de R$ 300 mil do tríplex de Lula que não é de Lula. Para uma das maiores empreiteiras do país mobilizar um diretor na missão grandiosa de comprar armários, o cliente deve ser mesmo muito importante. Talvez um xeique árabe ou um desses ditadores bilionários de países miseráveis. Lula é apenas um humilde filho do Brasil, não pode ter sido para ele.
 
Foi no meio dessa confusão que o ex-presidente e tutor de Dilma Rousseff declarou, para desfazer qualquer dúvida, que não existe uma viva alma mais honesta” que ele. Estão vendo, seus golpistas? Vocês acham que a mais elevada entre as almas honestas aceitaria morar no laranjal do Guarujá? Como essa alma se sentiria em meio àquele entra e sai de picaretas de aluguel? No mínimo, nem se atreveria a descer para um banho de mar com as sandálias da humildade. Vai que você abre a porta do elevador e dá de cara com uma das cunhadas do Vaccari? Ou com a companheira Nelci offshore? As almas puras são vulneráveis às emoções radicais. Para viver enclausurado, melhor ficar em São Bernardo mesmo.

E aí lá vêm as coincidências mórbidas: qual era um dos focos centrais dos mandados de prisão da Operação Triplo X? Justamente São Bernardo. Só pode ser perseguição. Se a polícia está investigando apartamentos no Guarujá, o que foi fazer no ABC, que nem praia tem? Essa elite branca não deixa a classe operária em paz. De tanto procurar, a PF encontrou não só a companheira Nelci Warken, como um rabo do propinoduto ligando a OAS ao doleiro Alberto Youssef, operador do petrolão. Esse dinheiro viajava pela mesma rede de offshores criada para atender prepostos do PT como Renato Duque.
 
Essa turma boa que a Lava Jato já mostrou estar no guarda-chuva de João Vaccari e José Dirceu (as vivas almas que já foram presas) compõe o presépio do assalto companheiro ao Estado brasileiro — com o qual a mais honesta das almas não tem nada a ver. Lula nem sabe direito quem são esses aloprados. O lobista Milton Pascowitch, por exemplo, que levou Dirceu à prisão com sua delação sobre as propinas da Engevix, acaba de revelar que entregou R$ 10 milhões em espécie ao Diretório Nacional do PT, numa maleta de rodinhas. E R$ 4 milhões em propina na veia da campanha que elegeu Dilma Rousseff em 2010. Se alguém contar ao guardião da suprema honestidade quem é essa tal de Dilma, ele prende e arrebenta.


O Brasil caiu sete posições no ranking da corrupção (infelizmente o 1° colocado é o menos corrupto, senão teria sido uma incrível ascensão). Tudo isso graças a um governo podre que ninguém sabe de quem é, graças a um partido picareta que ninguém sabe a quem obedece, graças a um sistema de pilhagem que brotou do nada numa floresta de almas luminosas como as estrelinhas que carregam no peito.


Não dá para entender por que a elite cultural brasileira não manifesta seu apoio também ao companheiro Zika. Só porque ele não tem um tríplex?

Fonte: Revista Época - Guilherme Fiuza
 

sábado, 30 de janeiro de 2016

Prédio de tríplex reformado pela OAS para Lula teve uso irregular de FGTS, diz auditoria

Operação Lava Jato investiga apartamento – e ÉPOCA descobre que empreiteira obteve indevidamente R$ 300 milhões, dos quais R$ 14 milhões foram gastos para encerrar obras do condomínio Solaris 

Gerente da empresa panamenha Mossack Fonseca no Brasil, Renata Pereira foi acordada pela Polícia Federal na última quarta-feira na Operação Triplo X, o nome da 22ª fase da Operação Lava Jato. Havia um mandado de prisão temporária contra ela. De casa, na Zona Sul de São Paulo, Renata foi levada para a sede da empresa, na Avenida Paulista, onde foi obrigada a destravar quatro computadores e liberar o acesso dos policiais a documentos de uma das mais famosas criadoras de offshores do mundo. Arrumar os papéis para a criação de empresas em paraísos fiscais, o trabalho da Mossack, facilita a vida de terroristas, políticos corruptos e empresários interessados em ocultar bens e lavar dinheiro. No escritório, os policiais coletaram milhares de dados sobre muitos desses filhotes, alguns usados para corrupção, paridos pela Mossack nos últimos anos.


 Entretanto, a 90 quilômetros dali, estava o alvo mais poderoso da Triplo X. A força-tarefa da Lava Jato investiga se os apartamentos do Condomínio Solaris, na Praia das Astúrias, em Guarujá, foram utilizados pela OAS como moeda para pagamento de propina no esquema de corrupção da Petrobras. O conjunto de 112 unidades é o prédio da companheirada. Abriga um tríplex destinado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e apartamentos do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, hoje preso em São José dos Pinhais por coletar propina de contratos da Petrobras, e de Freud Godoy, um ex-segurança de Lula que, entre outras coisas, teve uma empresa que recebeu dinheiro de Marcos Valério, operador do mensalão. No despacho que autorizou a operação, o juiz Sergio Moro disse que a OAS “teria utilizado o empreendimento imobiliário em Guarujá para repasse disfarçado de propina a agentes envolvidos no esquema criminoso da Petrobras”. Até a semana passada, Vaccari era um desses agentes. Lula, ainda não.

A Lava Jato chega, assim, a um ponto fundamental. É o mais próximo que Lula já esteve de ser investigado como beneficiado por uma empresa que desviou recursos da Petrobras. Na campanha eleitoral de 2006, Lula declarou possuir uma “participação” na Bancoop em um “apartamento em construção em Guarujá”. Declarou que tinha pagado, até aquele momento, R$ 47.700. Lula se tornaria dono de um tríplex de 297 metros quadrados no Solaris. Uma investigação aponta que a OAS bancou uma reforma de cerca de R$ 700 mil no imóvel, com a instalação até de um elevador interno. Duas testemunhas ouvidas pelo Ministério Público do Estado de São Paulo, que também investiga o caso, afirmam que a ex-primeira-dama Marisa Letícia esteve algumas vezes no imóvel para inspecionar as obras. Em uma dessas ocasiões, ela estava acompanhada de Léo Pinheiro, presidente da OAS – aquele que, no ano passado, passou uma temporada preso em Curitiba pelos malfeitos praticados no petrolão. Duas testemunhas relataram que Lula também esteve no prédio. No ano passado, com o petrolão na rua, ele desistiu do imóvel.

Ler a máteria na íntegra................ 

 http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2016/01/predio-de-triplex-de-lula-teve-uso-irregular-de-fgts-diz-auditoria.html