Com esse
resultado, o acumulado nos últimos 12 meses (principal cálculo observado
pelos economistas) sai do incômodo patamar de dois dígitos, baixando de
10,36% para 9,38% em apenas um mês. Mais cedo do que o esperado, fica
confirmada a tendência de desaceleração da inflação prevista pelos
analistas de mercado. Mas, assim como é explicável a frustração do
consumidor com os preços que ele ainda vê nas gôndolas, a desaceleração
do IPCA também não deve levar ninguém de juízo a abrir champanhe. Ambos
precisam ser melhor analisados antes de qualquer atitude rebelde ou
decisão de gastar.
Os índices
oficiais de inflação são resultado de uma média das variações de
diversos preços de produtos e serviços, cada um com peso específico em
relação à cesta média de gastos das famílias. No caso do IPCA, são as
famílias que têm renda de até 40 salários mínimos mensais. Na maior
parte dessas famílias, o custo da alimentação diária costuma ter grande
peso no orçamento doméstico, e no caso das de renda mais baixa, esse é o
item mais importante. Além
disso, por reunir grande número de produtos de origem agropecuária e,
portanto, sujeitos às condições do tempo, - o item alimentação nas
contas da pesquisa para cálculo da inflação é o que apresenta as
oscilações mais frequentes e mais expressivas. E é isso o que ocorre
nesta época do ano. Na
contramão da maioria dos produtos da cesta de gastos, os preços do item
alimentação subiram 1,24% em março, ou seja, três vezes maior que a
média do mês. Como oscilam muito, nada impede que também esse item
desacelere em abril.
Mas não é
com isso que contam as previsões de desaceleração do processo
inflacionário neste e no próximo ano. Há pelo menos dois fatores que o
consumidor deve levar em conta.
O primeiro é a redução do impacto dos reajustes dos chamados preços administrados. É o caso da energia elétrica, que foi o principal fator de queda do índice de inflação em março, graças à redução da tarifa extra (bandeira vermelha), que vinha sendo cobrada em razão do acionamento de usinas térmicas para compensar a falta de chuvas.
O primeiro é a redução do impacto dos reajustes dos chamados preços administrados. É o caso da energia elétrica, que foi o principal fator de queda do índice de inflação em março, graças à redução da tarifa extra (bandeira vermelha), que vinha sendo cobrada em razão do acionamento de usinas térmicas para compensar a falta de chuvas.
Fonte: Correio Braziliense