Lei veda aos magistrados brasileiros a participação em atividades de cunho lucrativo
Seis ministros do STF, nada menos que seis, e tudo de uma vez só, estão participando de um dos mais constrangedores momentos jamais vividos pela suprema corte do Brasil — uma boca livre explícita, na base do “tudo pago”, em Nova York. A coisa se chama “O Brasil e o Respeito à Democracia e a Liberdade”; são umas palestras dos ministros para elogiar a si próprios e cantar os seus atos de heroísmo na guerra que movem há quatro anos contra o governo de Jair Bolsonaro e a favor da volta de Lula à presidência da República. É coisa de dar vergonha — se ainda houvesse alguém capaz de sentir vergonha nessa história toda.
Mas quem é que se preocupa com a lei no STF de hoje? | Foto: Nelson Júnior/STF
Os ministros,
muito simplesmente, estão participando de um empreendimento comercial,
armado pela empresa de eventos do ex-governador João Doria —
especializada em vender para grandes empresas cotas de “participação” em
seminários e coisas assim.
Não pode. Não é apenas um desastre moral,
com os ministros se beneficiando de uma viagem para Nova York, com
acompanhante e bandos de seguranças.
É contra a lei, que veda aos
magistrados brasileiros a participação em atividades de cunho lucrativo.
Mas quem é que se preocupa com a lei no STF de hoje?
O piquenique internacional
Doria–Supremo é um desses momentos, cada vez mais frequentes, em que os
juízes do STF se mostram como aquilo que realmente são — pequenos
chefetes de república bananeira, que fazem cara de “Primeiro Mundo”
civilizado e são apenas um caso de subdesenvolvimento que não tem cura. O
“evento” é em Nova York, mas as palestras são em português.
O
apresentador contratado é brasileiro. A plateia também — ou seja, todos
poderiam perfeitamente ficar por aqui mesmo para ouvir os manifestos de
Suas Excelências, mas peixe gordo de Terceiro Mundo nunca resiste a este
tipo de festa na laje.
De mais a mais, as empresas que pagaram o
passeio dos ministros ficam prontas a lembrar, caso tenham amanhã alguma
causa no STF (amanhã ou hoje mesmo) que foram elas que permitiram a
festa.
É uma coisa grosseira. Passa na cabeça de alguém que magistrados
das cortes supremas de alguma nação séria deste mundo aceitem participar
de um negócio como esse?
[e ainda teve barraco; o ministro Moraes arrumou confusão co uma cidadã americana, 17 anos de idade, o pai da moça chamou a polícia - mas tudo indica o ministro deve ter assinado algum termo circunstanciado, no local do barraco. O Vídeo abaixo mostra, prova e comprova.]
Os
ministros, enfiados em suas roupas de brasileiro que viaja para os
Estados Unidos em época de frio, foram chamados de “bandido”, “ladrão” e
“vagabundo” às portas do hotel, em bares e nas ruas de Nova York, para
onde foram já no fim de semana; estão hoje, seguramente, entre as
figuras mais detestadas da vida pública nacional.
Se pensavam que isso
se limita ao Brasil, estão enganados — os manifestantes brasileiros,
capazes de reunir milhares de pessoas num protesto em plena Times
Square, não lhes deram sossego. (Em Nova York o ministro Alexandre de
Moraes não pode mandar que a polícia impeça manifestações contra “as
instituições democráticas; ninguém lá entendeu, também, que diabo uns
juízes brasileiros estariam fazendo na sua cidade. Por que não ficam no
Brasil?)
É um prenúncio do que vai acontecer na próxima vez que
estiverem lá, ou em outro grande centro internacional.
Os ministros do
STF não podem, já há muito tempo, andar nas ruas de seu próprio país —
estão sempre cercados por vaias, xingatório e manifestações de desprezo.
Estão vendo, agora, que também em Nova York a vida não está fácil.
Redação - Revista Oeste