Grupos foram criados para sustentar a candidatura do PSL. Integrantes pensam agora nas eleições de 2020
Menos de 48 depois da eleição de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência da República, a mensagem apareceu na tela do celular: “Não saia deste grupo! Vamos nos manter mobilizados durante os seis primeiros meses do governo Bolsonaro. O nosso trabalho começa agora”. Bazuca a serviço da campanha do ex-capitão, a rede de grupos de WhatsApp por onde circularam informações que ajudaram a elegê-lo presidente quer se manter no início do novo governo — e seus estrategistas acham a ideia excelente.Lideranças do PSL escondem o número exato de grupos sob influência do presidente eleito, mas especialistas em marketing digital estimam esse volume em dezenas de milhares, por onde circularam vídeos exclusivos do candidato, mensagens com ideologia de direita e uma enxurrada de fake news. Apesar da natural desidratação de boa parte dos grupos em face da ressaca pós-eleição, a ideia de manter a chama acesa atende basicamente a dois propósitos: alimentar um canal exclusivo com o eleitorado cativo — trabalhando a popularidade do presidente por ali — e calçar o caminho até 2020, quando o PSL sonha em repetir nas eleições municipais o tsunami de direita que tomou conta deste pleito de 2018.
“Agora que resolvemos a parte de cima, é hora de trabalhar na parte de baixo”, disse o ex-policial Levy Castilho, referindo-se à campanha para prefeito e vereador, daqui a dois anos. No auge da eleição deste ano, ele coordenava em dois aparelhos celulares 159 grupos de WhatsApp no norte de Minas Gerais, uma das regiões mais pobres do país. Agora prevê manter o funcionamento de pelo menos 40 grupos, além de manter guardados os números dos telefones desativados da rede. “Os heróis anônimos raramente são lembrados”, disse, em tom solene, no dia seguinte à vitória eleitoral.
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