O governo
Michel Temer demonstra ser o oposto do que disse o ministro Moreira Franco:
amador. Isso ficou mais evidente com a reação à morte da vereadora Marielle
Franco. Pelo menos dois dias depois, ainda não havia sido decretado luto oficial
e o presidente não havia ido ao Rio. [qual o motivo para decretar luto oficial? por ter sido assassinada? mais merecedor do gesto seria o bebê Benjamin ou o empresario Claudio Henrique! O cargo ocupado pela vereadora, nem sua folha de serviços, justificam o decreto.
Centenas morrem no Rio a cada mês e não se decreta luto oficial? Falar com familiares seria necessário falar pelo menos com um familiar de um cada dez assassinados.
Desrespeito ao cadáver e à própria vítima está na tentativa de politizar um evento trágico, porém, rotineiro no Brasil, com destaque para o Rio.]
Tampouco se soube de que tenha conversado
com a família. A preocupação da cúpula governista era tentar diminuir o
desgaste. “Não abala a intervenção”, disse na manhã de quinta-feira o ministro
da Justiça, Torquato Jardim. “A intervenção nunca se propôs a fazer mágica”,
complementou à tarde Raul Jungmann, da Segurança. A percepção era de abatimento
e improviso.
Na
economia, o que se vê é um governo paralisado diante de um ministro da Fazenda
que não se decide entre permanecer no cargo ou sair candidato. Henrique
Meirelles só pensa nisso, mas seu desempenho eleitoral é tão fraco que nem os
seus aliados apostam em seu nome. O enterro da reforma da Previdência deixou o
ministro sem agenda e os poucos projetos que ainda podem avançar no Congresso
estão parados porque a base aliada não quer saber de ajuste fiscal em ano de
eleição. A intervenção no Rio também proíbe a votação de projetos que alteram a
Constituição.
No
Ministério de Minas e Energia, o ministro Fernando Coelho Filho deixará o cargo
para se candidatar ao governo de Pernambuco. O setor continua com problemas
crônicos, os reajustes na conta de luz este ano serão na casa de dois dígitos,
mas as notícias que vêm da pasta são de que há uma briga entre a área técnica e
os políticos que enxergam as estatais do setor como um feudo a ser explorado. O
Ministério chegou a baixar uma portaria com 10 princípios a serem seguidos por
quem ocupar o cargo. Entre eles, estão o “respeito ao direito à propriedade e o
respeito aos contratos”. Parece óbvio, mas o medo é tão grande que precisou ser
formalizado.
Na
Câmara, o presidente da Casa, Rodrigo Maia, que prometeu tocar uma agenda de
modernização da economia, também só pensa na candidatura. Deputado eleito pelo
Rio, levou quase 12 horas para comentar em uma rede social sobre a morte de
Marielle. Manteve a agenda de candidato na quinta-feira, e à tarde viajou para
encontrar empresários na Paraíba. Nada menos aconselhável neste momento de
comoção nacional.
Para um governo que chegou ao poder sem votos, prometendo resolver o déficit
fiscal e aprovar a reforma da Previdência, o que se esperava era menos apego ao
cargo e mais sacrifício.
Mudança
no crédito
Os
créditos consignados, para financiamento de veículos e parcelado sem juros do
cartão de crédito voltaram a liderar a concessão de empréstimos para pessoas
físicas, segundo o economista Gilberto Borça Jr, gerente de conjuntura
macroeconômica do BNDES. No primeiro semestre de 2017, essa posição foi ocupada
pelo crédito direcionado, para financiamento habitacional. A mudança reforça a
tendência de alta do consumo.
Tesouro
parado
Banco do
Brasil e Caixa guardam R$ 203 bilhões em depósitos judiciais, dinheiro que
poderia acelerar o PIB não fosse a lentidão dos processos. A mediação de
conflitos ajuda a solucionar impasses como esses, mas ainda não emplacou no
país, conta Tomaz Solberg, que atua na área. O saldo desses depósitos dobrou
nos últimos 10 anos. Para efeito de comparação, os saques das contas inativas
do FGTS injetou R$ 44 bilhões na economia no ano passado.
Colapso
venezuelano
Uma das
razões para o colapso da economia venezuelana é a forte queda da produção de
petróleo. Como mostra o gráfico abaixo, ela vem caindo há praticamente duas
décadas, mas desabou 30% nos últimos dois anos de governo Maduro. Segundo o EIA
(Energy Information Administration), departamento de energia do governo
americano, a produção caiu de 2,3 milhões de barris por dia, em janeiro de
2016, para 1,6 milhão em janeiro deste ano.
Álvaro Gribel - Coluna da Miriam Leitão