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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Alguma coisa sobre o livro A Verdade Sufocada

A Verdade Sufocada, autor Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra

“Voz do DOI"

Por Élio Gaspari

Falta pouco para que o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra ponha o ponto final no seu novo livro, intitulado A Verdade Sufocada. Ele comandou o DOI-Codi de São Paulo entre 1970 e 1974, período durante o qual foram desbaratadas as principais organizações esquerdistas envolvidas com a luta armada e atos terroristas. Do período em que comandou o DOI ficou a marca de 502 denúncias de torturas. Em 1987, Ustra publicou Rompendo o Silêncio ”, o primeiro livro com informações sobre a estrutura do DOI.


A Verdade Sufocada terá umas 500 páginas. Durante mais de 30 anos o coronel juntou lembranças, formou uma biblioteca e teve acesso aos dois volumes produzidos nos anos 80 por cerca de 30 oficiais do Centro de Informações do Exército. Nele está uma minuciosa narrativa do período, na visão dos comandantes militares da época.”


Palavras do Coronel Ustra

Complementando a nota do jornalista Élio Gaspari, esclareço que os dois volumes, escritos pelos companheiros do CIE, ficaram prontos, no final de 1987. A obra chama-se "Tentativas de Tomada do Poder", cada volume com aproximadamente 500 páginas. Inicia-se com o movimento comunista que desaguou na Intentona, em 1935, aborda a subversão que culminou com o nosso 31 de março e, pricipalmente, conta nossa a versão a respeito da luta armada e do trabalho dos Órgãos de Segurança para vencê-la. É uma obra que rebate a esquerda, com dados, fatos e provas, mostrando o quanto ela mente.


Depois de pronta, o Ministro do Exército, Leônidas Pires Gonçalves, a levou ao Presidente José Sarney e pediu autorização para publicá-la. Sarney não autorizou, sob o argumento de que o momento era inoportuno.

Assim, o Exército continuou mudo e cada vez mais caluniado. Os que lutaram nos Órgãos de Segurança passaram a ser execrados e a versão da esquerda dominou , sem qualquer contestação, até recentemte . A maioria dos militares acredita na única versão dos revanchistas, que a peso de muito dinheiro, fez a cabeça da nação.

Agora, com o surgimento de vários Grupos ligados a nós, com os livros que o nosso pessoal começou a escrever, a história verdadeira começou a ser mostrada. Meu novo livro, " A Verdade Sufocada" - A história que a esquerda não quer mostrar - assim como o "Rompendo o Silêncio" , é uma modesta cooperação nesse sentido.

Carlos Alberto Brilhante Ustra

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Rebelião em Brasília - sublevação de sargentos

Recordar é preciso. Só recordando evitamos os erros do passado e evitaremos muitas surpresas, já que a história muitas vezes se repete

REBELIÃO EM BRASILIA - Folha de S.P. 12/09/1963

Sublevação de sargentos dominada pelo exercito - Reunida a Camara - Prontidão nos quatro Exercitos

O general Jair Dantas Ribeiro, ministro da Guerra, determinou esta manhã aos comandos dos quatro Exercitos que mantenham rigorosa prontidão em toda as unidades.
Às 10 h 35 a Camara iniciou uma sessão plenaria. Imediatamente subiu à tribuna o lider do governo, sr. Tancredo Neves, que leu o texto da nota oficial do Ministerio da Guerra sobre o levante. Aduziu o parlamento que, segundo informações oficiais, "reina calma em todo o país, com as populações voltadas para suas atividades cotidianas".
Acrescentou, ainda, que o presidente João Goulart, que se encontrava no interior do Rio Grande do Sul, tão logo teve conhecimento dos fatos, dirigiu-se para Porto Alegre, onde se encontra no momento, "tomando as providencias indispensaveis à manutenção da ordem". Ao concluir a leitura da nota do Ministerio da Guerra, o sr. Tancredo Neves leu a data de 12 de agosto de 1963, ao invés de 12 de setembro. Despertado pelos risos do plenario, pediu desculpas, retificou e concluiu seu discurso, bastante vermelho.

1 morto e 2 feridos no primeiro choque com os amotinados

Às 9 horas de hoje, os sargentos dominavam ainda os pontos estrategicos da cidade e controlavam a situação.
Carros de combate ocuparam a Esplanada dos Ministerios e o transito civil foi interrompido. Nesse local, ocorreu o primeiro choque entre as forças lideradas pelos sargentos e a oficialidade, morrendo o soldado Divino Alves dos Anjos e ficando feridos José Boldão Lessa e Marcelo Martins Morais, todos do Corpo de Fuzileiros Navais. Todos os vôos foram suspensos e os telefones cortados pela Infantaria da Aeronautica, que tomou a unica central telefonica da cidade. A maior parte da oficialidade estaria presa nas guarnições, mas a informação não pôde ser confirmada porque o ingresso nas bases militares é impossivel.

A Radio Nacional foi ocupada às 9h 05, e, nesse exato momento, o capitão Paulo Isaías de Macedo Filho, do gabinete do ministro da Guerra, divulgava uma nota oficial dizendo que ocorrera "um pequeno levante de militares graduados" mas que a situação já estava sob controle e tendia a normalizar-se.
Os meios parlamentares foram colhidos de surpresa pelo movimento: os primeiros deputados a tomar conhecimento dele foram os que deviam embarcar no avião que deixaria Brasilia às 6 horas da manhã, rumo a Uberlandia e São Paulo. Dada a ausencia de informes sobre a situação no restante do país, a unica repercussão que se observa ainda nos circulos politicos é a de incerteza quanto aos proximos acontecimentos.
Rebelando-se contra a decisão do Supremo Tribunal Federal, que confirmou a inelegibilidade dos sargentos, os graduados aquartelados em Brasilia, principalmente da Marinha e da Aeronautica, começaram na madrugada de hoje a atacar e ocupar pontos importantes da cidade, tais como os Ministerios da Marinha, da Guerra, da Justiça e outros locais. Pouco a pouco, entretanto, tropas do Exercito, utilizando tanques pesados e em meio a intensa fuzilaria, foram retomando os pontos ocupados pelos rebeldes, os quais, às 11 horas, dominavam apenas a Area Alfa da Marinha, onde, entretanto, estão localizados seus maiores efetivos. Até agora, houve pelo menos um morto e dois feridos.
Em todo o resto do país, a situação é da mais completa normalidade, tendo o ministro da Guerra ordenado a todos os Exercitos que se mantenham de prontidão.

Descoberto o cabeça do movimento
Fontes do Ministerio da Guerra revelaram que o cabeça do movimento é o primeiro sargento Antonio Prestes de Paula, da Aeronautica. Aduziram que foi apreendida uma pasta de sua propriedade, com farta documentação sobre os prepatativos do movimento. Não foi informado, até o momento, se o chefe dos rebeldes já foi detido ou não.

O Exército já domina a situação em Brasília
Um morto e dois feridos, até agora, é o balanço do movimento dos sargentos da Marinha e da Aeronautica, que, rebelados contra a decisão do Supremo Tribunal Federal, - o qual ontem à noite confirmou a inegabilidade dos graduados - passaram desde a madrugada a ocupar pontos vitais da cidade, impedindo, inclusive, o acesso dos deputados a Camara Federal. Os rebeldes conseguiram deter grande numero de oficiais e até mesmo o cel. Carlos Cairoli, comandante do Departamento Federal de Segurança Publica.

Entretanto, já de manhã, oficiais das três armas e tropas do Exercito iam aos poucos retomando o comando dos acontecimentos. Sucessivamente, os rebeldes iam sendo desalojados do Ministerio da Marinha e outros que haviam ocupado. Às 11 horas, os revoltosos mantinham ainda sob sua direção apenas a Area Alfa da Marinha, onde estão cercados por tropas do Exercito. Entretanto, é ali que estão concentrados os maiores efetivos dos rebelados.

Varios choques ocorreram entre as forças comandadas pelos oficiais e os sargentos. As fuzilarias e as manobras de carros de combate e tanques pesados marcaram a vida da cidade na manhã de hoje. As comunicações por telefone e telex estiveram varias horas interrompidas. Os vôos continuam suspensos.
Fonte: Folha de São Paulo
Arquivo do site A Verdade Sufocada