Dizer que Hamilton Mourão está irritado com Carlos Bolsonaro é pouco
para traduzir a exasperação do vice com os ataques que recebe do filho do
presidente. Nas palavras de um auxiliar do general, as "agressões" do
Zero Dois já se tornaram uma "campanha". E só não viraram um
"espetáculo sanguinário" porque Mourão "se segura para não entrar
no Coliseu de Roma" em que se converteu o Twitter do Pitbull, como Jair
Bolsonaro se refere ao filho. Os interlocutores de Mourão insinuam que ele está
a um passo de endereçar a Carlos uma resposta irônica ou desaforada, levando a
fervura ao estágio de ebulição. Seu auxiliar observa que o filho de Bolsonaro
deu de ombros para o comentário segundo o qual o presidente gostaria de colocar
um "ponto final" em algo que o porta-voz do Planalto, Otávio Rêgo
Barros, chamou de "pretensa discussão" entre Carlos e Mourão. Para o
vice, não se trata, por ora, de uma "discussão", mas de um monólogo.
Até quando Mourão conseguirá se segurar?, eis a dúvida que flutua na
atmosfera do gabinete da vice-presidência, no edifício anexo do Planalto. Da
parte de Carlos Bolsonaro não parece haver a mais remota intenção de depor as
armas. "Lembro que não estou reclamando do vice só agora", escreveu o
Zero Dois no Twitter nesta quarta-feira. "São apenas informações! Não
ataco ninguém, são apenas fatos que já aconteceram e gostaria de continuar
compartilhando com os amigos!" Entre a noite de terça e a manhã desta
quarta, numa fase posterior ao "ponto final" do pai, Carluxo postou
nas redes sociais mais quatro mísseis contra Mourão. Criticou comentários do
vice sobre a redução da pena de Lula no STJ, sobre a renúncia e o autoexílio do
ex-deputado Jean Wyllys e sobre a "despetização" promovida por Onyx
Lorenzoni nos quadros da Casa Civil.
De resto,
Carlos reproduziu nas redes sociais comentário em vídeo sobre uma hipotética
articulação pró-impeachment conduzida pelo PRTB, o partido ao qual Mourão teve
de se filiar para se tornar vice na chapa de Bolsonaro. Juntos, os posts de
Carluxo e a inação do seu pai compõem o embrião de uma dessas crises que Jair
Bolsonaro costuma criar para si mesmo com a ajuda dos filhos.
[pergunta que não quer calar:
não já está passando da hora do general Hamilton Mourão, vice-presidente da República, eleito pelo povo, se socorrer de um 'remédio judicial' para conter as agressões do vereador filho do presidente da República.
O general Mourão merece o respeito devido a qualquer cidadão, além de se tratar de um oficial-general do Exército Brasileiro e ser o vice-presidente da República.
De forma sistemática, sofre agressões por parte dos filhos de Bolsonaro, com destaque para as perpetradas por um que é vereador do munícipio do Rio de Janeiro.
O general Mourão não pode, nem deve, partir para o confronto aberto e aceitar provocações, deve sim procurar o Poder Judiciário e representar contra seu agressor, pleiteando todas as penalidades cabíveis, inclusive reparação de ordem moral.
O seu agressor não dispõe de nenhum tipo de imunidade ou foro privilegiado - é um simples vereador e como tal deve ser tratado.]
Editores do Blog Prontidão Total