Bolsonaro deveria enviar ao Congresso sua proposta de redução para os três Poderes
No início da pandemia, Bolsonaro vetou um corte (30%) nos salários do setor público. Propôs ao Congresso congelamento temporário dos aumentos. Ao mesmo tempo, aprovou redução temporária (de até 70%) nos salários do setor privado.
Com essa partilha de sacrifícios na crise, assegurou ao funcionalismo a vantagem que já possuía em relação à massa de trabalhadores privados. Vale lembrar: o Estado já pagava aos servidores federais e estaduais salários cerca de 20% superiores à média da área privada, segundo o Banco Mundial. Mais de 50% dos trabalhadores formais ganhavam menos do que R$ 2.300. Já no setor público a proporção era inferior a 25%. Na crise, o presidente ajudou, de forma decisiva, a ampliar vantagens da elite do funcionalismo que já tinha o privilégio da estabilidade no emprego público e da transformação de suas remunerações em supersalários, com gratificações questionáveis e outros artifícios. O Tribunal de Justiça da Bahia, por exemplo, gasta R$ 1 bilhão por ano com pessoal. Na semana passada, resolveu antecipar pagamentos de 2021 a juízes, a pretexto de “salvaguardar o direito dos magistrados” durante a pandemia. Felizmente, o Conselho Nacional de Justiça interveio.
[cabe detalhar:
- a redução alcançará apenas os funcionários públicos? lembramos que parlamentares, magistrados, procuradores não são considerados funcionários públicos e sim MEMBROS dos Poderes que integram e do Ministério Público;
- o Maia destaca o total do Executivo, omitindo que engloba salários de todos os funcionários públicos federais, em todo o Brasil - enquanto que salários dos demais Poderes, contemplam apenas magistrados federais, em todo o Brasil, e membros do MP - o Congresso abrange apenas parlamentares e o pessoal de Brasília.
- os penduricalhos citados no parágrafo acima não se aplicam aos funcionários públicos e sim ao membros - a antecipação de pagamento destacada deixa claro o aqui mostrado.]
Editorial - O Globo