Falas de Mercadante e Temer revelam: Dilma já não governa; vice se apresenta. Ou – Presidente, faça um bem ao país: renuncie!
Parece
que a ficha caiu para quase todo mundo, mas não para o PT, como costuma
acontecer. Nesta quarta, com prazo de algumas horas, tanto o ministro
da Casa Civil, Aloizio Mercadante, como o vice-presidente, Michel Temer,
fizeram apelos verdadeiramente dramáticos em favor da, sei lá como
chamar… Talvez a palavra seja “governabilidade”.
Começo pela
fala do vice, mais grávida, acho eu, de significados. Depois de um dia
de muitas conversas ao pé do ouvido, Temer emprestou a seu discurso uma
temperatura e uma gravidade inéditas em sua retórica. Leiam: “Na pauta dos valores políticos
temos, muitas vezes, a ideia do partido político como valor, do governo
como valor e do Brasil como um valor mas nessa pauta de valores, o mais
importante é o valor Brasil, o valor País e estamos pleiteando exata e
precisamente que todos se dediquem a resolver os problemas do País. Não
vamos ignorar que a situação é razoavelmente grave, não tenho dúvidas de
que é grave porque há uma crise política se ensaiando, uma crise
econômica que está precisando ser ajustada, mas, para tanto, é preciso
contar com o Congresso Nacional, com os vários setores da nacionalidade
brasileira.”
E seguiu adiante:
“É preciso que alguém tenha a
capacidade de reunificar, reunir a todos e fazer este apelo, e eu estou
tomando esta liberdade de fazer este pedido porque, caso contrário,
podemos entrar numa crise desagradável para o País. Eu sei que os
brasileiros não contam com isso, os brasileiros querem que o Brasil
continue na trilha do desenvolvimento, e é por isso que, mais uma vez,
eu reitero que é preciso pensar no País acima dos partidos, acima do
governo, e acima de toda e qualquer instituição. Se o País for bem, o
povo irá bem. É o apelo que eu faço aos brasileiros e às instituições no
Congresso Nacional.”
Retomo
Eis o ponto. Temer sabe muito bem que
inexiste, na política, salvo nos momentos de guerra e de verdadeira
comoção nacional — e, felizmente, não chegamos a eles —, esse pensar
isso e aquilo acima de partidos, convicções, diferenças etc. Isso é pura
retórica. É preciso, aí sim, que exista liderança política. Eis o
problema. Cadê?
Notem que
Temer diz: “É preciso que alguém tenha a capacidade de reunificar,
reunir a todos e fazer este apelo”. E, em seguida, ele se oferece para
esse papel: “E eu estou tomando esta liberdade”. Vale dizer: está
tentando fazer o que Dilma não consegue mais: governar. É evidente que o
país não vive, diga-se em boa hora, uma anomia, mas governabilidade,
com vistas ao futuro, também não há.
O dia em
que, ao fim, o vice se oferece para a governança foi aberto com Aloizio
Mercadante, numa audiência pública na Câmara, admitindo, na prática, a
falta de controle do governo sobre a crise. O homem, vejam vocês, fez
até um inédito mea-culpa: “Vivemos um momento politizado, com erros que
cometemos, e se cometem quando se governa”.
Embora tenha
admitido que é tarefa da base aprovar o ajuste fiscal, falou em
“resposta compartilhada”, referindo-se à oposição, em questões que digam
respeito ao futuro. É claro que
tanto a fala de Mercadante como a de Temer embutem um diagnóstico sobre a
situação política e, quem sabe?, psicológica de Dilma. A presidente já
não governa.
Não obstante…
Pois é… Não obstante a dramaticidade dos
discursos, Dilma aparecerá nesta quinta no horário político do PT, com
panelaço certo, servindo de “esquenta” para a megamanifestação do dia
16, e o partido da presidente saiu por aí a convocar protestos contra
Eduardo Cunha e o que chama “avanço da direita”, que, ainda que fosse
verdadeiro, teria o direito de avançar, desde que segundo a lei e a
ordem.
É por isso
que tenho escrito e dito que Dilma faria um bem imenso ao país se
renunciasse. Hoje, a sua incapacidade gerencial agrava os problemas
decorrentes do desmoronamento do modelo de governo petista e de
desconstituição do partido.
Temer tem razão! É preciso alguém que “reúna” o país. Todos sabem que esse alguém não é Dilma.
Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo
Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo