Vejam só
o senhor e a senhora que curiosa essa notícia de que o PT encomendou pesquisa para
saber que história é essa de tantos brasileiros manifestarem rejeição ao
partido. Por que será? No mundo da lua, realmente seria caso de
investigação profunda. Seguida de amplo debate para detectar as razões, definir
responsabilidades e providenciar uma arrumação na casa. Doa em quem doer.
Consta que os petistas estão assustados com o clima da campanha e os resultados das últimas eleições. Não sabiam de nada - como é de praxe no partido - a respeito da insatisfação disseminada País afora com o acúmulo de desmandos dos seus anos de exercício de poder. Ficaram especialmente espantados com o ocorrido em São Paulo, onde estavam certos de que bastaria somar o natural desgaste dos governos tucanos à novidade de mais uma invenção de Lula, contar com a submissão do PMDB fazendo papel de sublegenda no Estado e esperar que a seca se encarregasse do resto. Deu-se na vida real que a fiança dos postes perdeu prazo de validade, a longevidade do PT no Planalto revelou-se mais cansativa, o candidato do PMDB preferiu prudente distância e os paulistas, em sua maioria, resolveram dizer em alto e bom som que andavam fulos da vida.
Trata-se, obviamente, de resumo simplificado de um quadro mais complexo cuja amplitude, variadas as dimensões, alcançam todo o Brasil. Razões que qualquer cidadão razoavelmente informado não ignora. De onde é espantoso o fato de um político com a sensibilidade e o tirocínio político de Lula não ter captado a mudança de ares no ambiente. Tão incrível quanto seu desconhecimento enquanto presidente sobre o método de organização da base de sustentação do governo no Congresso, local composto por maioria de "picaretas", conforme sua avaliação quando lá conviveu como deputado.
De modo semelhante intriga como Dilma Rousseff, uma servidora exigente, competente, detalhista e centralizadora, possa jamais ter-se dado conta, enquanto ministra das Minas e Energia, chefe da Casa Civil e presidente da República, de que havia superfaturamento nos contratos da Petrobrás, a despeito dos alertas do Tribunal de Contas da União.
Diga-se, ignorados também pelo Congresso, cuja maioria governista manteve o veto do então presidente Lula a uma decisão que suspendia obras da Petrobrás na qual havia indícios de corrupção. Na mesma época ele fazia discursos criticando duramente órgãos de fiscalização, como o TCU, dizendo que "atrapalhavam" o andamento de obras.
Em mais de uma ocasião Lula desqualificou instituições. A Justiça Eleitoral, por exemplo, por diversas vezes, chegando a debochar do valor das multas e transigindo as regras de maneira explícita. Da mesma forma, dava abrigo a atos incorretos e antiéticos de seus aliados, como José Sarney durante crise devido a privilégios no Senado e Renan Calheiros enquanto enfrentava processo de quebra de decoro.
Do alto de uma altíssima aprovação popular, Lula fez, aconteceu, desfez e o partido seguiu o modelo de completa arrogância, tratando os escândalos que surgiam jogando o lixo para baixo do tapete, contando uma mentira atrás da outra, acreditando poder fazer o Brasil todo de bobo.
Ao ponto de insistir que o mensalão não existiu e que o Supremo havia atuado como tribunal de exceção, enquanto a prisão dos companheiros era vista pelo País como um avanço institucional. Agora o PT não compreende o motivo de ser alvo de tanta "intolerância" e "preconceito". Para desvendar o mistério, encomendou uma pesquisa para consultar os eleitores de todo o Brasil a respeito.
Perceberam o senhor e a senhora? O partido só passou a se preocupar com a opinião do público sobre suas condutas diante do risco eleitoral. Deve ser por isso, por não ouvir, não querer ver e ter como única referência o poder é que as coisas acontecem e ninguém sabe de nada no PT.
Consta que os petistas estão assustados com o clima da campanha e os resultados das últimas eleições. Não sabiam de nada - como é de praxe no partido - a respeito da insatisfação disseminada País afora com o acúmulo de desmandos dos seus anos de exercício de poder. Ficaram especialmente espantados com o ocorrido em São Paulo, onde estavam certos de que bastaria somar o natural desgaste dos governos tucanos à novidade de mais uma invenção de Lula, contar com a submissão do PMDB fazendo papel de sublegenda no Estado e esperar que a seca se encarregasse do resto. Deu-se na vida real que a fiança dos postes perdeu prazo de validade, a longevidade do PT no Planalto revelou-se mais cansativa, o candidato do PMDB preferiu prudente distância e os paulistas, em sua maioria, resolveram dizer em alto e bom som que andavam fulos da vida.
Trata-se, obviamente, de resumo simplificado de um quadro mais complexo cuja amplitude, variadas as dimensões, alcançam todo o Brasil. Razões que qualquer cidadão razoavelmente informado não ignora. De onde é espantoso o fato de um político com a sensibilidade e o tirocínio político de Lula não ter captado a mudança de ares no ambiente. Tão incrível quanto seu desconhecimento enquanto presidente sobre o método de organização da base de sustentação do governo no Congresso, local composto por maioria de "picaretas", conforme sua avaliação quando lá conviveu como deputado.
De modo semelhante intriga como Dilma Rousseff, uma servidora exigente, competente, detalhista e centralizadora, possa jamais ter-se dado conta, enquanto ministra das Minas e Energia, chefe da Casa Civil e presidente da República, de que havia superfaturamento nos contratos da Petrobrás, a despeito dos alertas do Tribunal de Contas da União.
Diga-se, ignorados também pelo Congresso, cuja maioria governista manteve o veto do então presidente Lula a uma decisão que suspendia obras da Petrobrás na qual havia indícios de corrupção. Na mesma época ele fazia discursos criticando duramente órgãos de fiscalização, como o TCU, dizendo que "atrapalhavam" o andamento de obras.
Em mais de uma ocasião Lula desqualificou instituições. A Justiça Eleitoral, por exemplo, por diversas vezes, chegando a debochar do valor das multas e transigindo as regras de maneira explícita. Da mesma forma, dava abrigo a atos incorretos e antiéticos de seus aliados, como José Sarney durante crise devido a privilégios no Senado e Renan Calheiros enquanto enfrentava processo de quebra de decoro.
Do alto de uma altíssima aprovação popular, Lula fez, aconteceu, desfez e o partido seguiu o modelo de completa arrogância, tratando os escândalos que surgiam jogando o lixo para baixo do tapete, contando uma mentira atrás da outra, acreditando poder fazer o Brasil todo de bobo.
Ao ponto de insistir que o mensalão não existiu e que o Supremo havia atuado como tribunal de exceção, enquanto a prisão dos companheiros era vista pelo País como um avanço institucional. Agora o PT não compreende o motivo de ser alvo de tanta "intolerância" e "preconceito". Para desvendar o mistério, encomendou uma pesquisa para consultar os eleitores de todo o Brasil a respeito.
Perceberam o senhor e a senhora? O partido só passou a se preocupar com a opinião do público sobre suas condutas diante do risco eleitoral. Deve ser por isso, por não ouvir, não querer ver e ter como única referência o poder é que as coisas acontecem e ninguém sabe de nada no PT.
Por: Dora Kramer é colunista do Estadão