Empresário só contou que mantinha um informante dentro do MPF na fase final da delação
O empresário Joesley Batista,
da JBS, e executivos da empresa espionaram procuradores da República
mesmo enquanto já negociavam um acordo de delação premiada. Para isso,
Joesley fez acertos com o procurador Ângelo Goulart, preso nesta
quinta-feira (18) e que integrava a força-tarefa da Operação Greenfield.
Goulart gravou reuniões internas do Ministério Público Federal e até mesmo uma conversa na qual procuradores negociavam delação com um ex-sócio de Joesley, Mário Celso Lopes. As gravações foram entregues a Joesley, segundo investigadores que acompanham o caso. Goulart, ainda de acordo com essas fontes, repassou até mesmo itinerário de viagens pessoais dos procuradores, o que poderia tê-los colocado em risco.
No processo de negociação da delação premiada, que começou entre fevereiro e março, Joesley não informou as negociatas com o procurador. Só quando já estava no fim das tratativas é que o sócio da JBS revelou à Procuradoria-Geral da República que mantinha um informante dentro do MPF.
Goulart tem proximidade com o vice-procurador-geral eleitoral, Nicolao Dino, e também com a atual cúpula do procurador-geral, Rodrigo Janot, responsável por seu pedido de prisão. A suspeita dos investigadores é que Goulart receberia uma mesada da JBS em troca dos serviços de espionagem.
A delação da JBS fundamentou pedidos de busca contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e contra aliados do presidente Michel Temer (PMDB), entre outros, além da prisão do procurador Angelo Goulart.
Fonte: Revista ÉPOCA