Mulheres são mais céticas, pessimistas, indecisas e mais propensas a anular ou votar em branco do que os homens
São 77,3
milhões e têm poder decisivo nas urnas, com maioria (52,5%) dos votos. [maioria que desaparece se válido o entendimento de que são mais propensas a anular o voto ou votar em branco.] É
essencial prestar atenção ao que pensam e dizem sobre eleições, candidatos à
Presidência e o futuro governo. Pistas surgiram na semana passada, em
atualização semestral da série Retratos da Sociedade Brasileira, pesquisa
realizada pelo Ibope e Confederação Nacional da Indústria.
As
mulheres (71%) se dizem céticas, mais pessimistas, mais indecisas e mais
propensas a anular ou votar em branco do que os homens. Entre eles, essa
proporção é bem inferior (64%), embora significativa. Pode-se
atribuir essa repulsão generalizada, com forte tom feminino, às circunstâncias
de uma eleição sob o estigma das revelações da Operação Lava-Jato (corrupção
transparece como principal motivo para ausência, voto nulo ou branco.)
Com os
descontos, sobram percepções básicas sobre o país que as mulheres querem. Elas
repisaram tudo aquilo que haviam indicado seis meses atrás na mesma pesquisa.
As
preocupações se distinguem, por exemplo, naquilo que o próximo presidente
deveria estabelecer como prioridade de governo:
Metade
das mulheres aponta mudanças sociais para redução das desigualdades sociais,
como a melhoria dos serviços estatais de saúde, educação e segurança.
Homens
acham que deveria ser prioritária a moralização da administração, com ênfase no
combate à corrupção e na punição dos corruptos. [detalhe importante: se percebe facilmente que as aspirações sejam das mulheres ou dos homens coincidem exatamente com o que Jair Bolsonaro oferece como programa de governo.]
Seis em
cada dez mulheres veem no desemprego o principal problema. Já entre homens a
maior inquietação (59%) é com a corrupção.
Instigadas
a relacionar três prioridades de governo, a maioria (51%) foi incisiva: saúde.
Atribuem às deficiências nos serviços de saúde uma precedência isolada (41%).
No mundo
masculino as preferências se dividem entre redução de impostos (33%), controle
da inflação (32%) e melhorias na saúde (32%).
Quem sai
de casa para caçar votos não deveria esquecer: urna é substantivo feminino.
José Casado, jornalista - O Globo