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sábado, 8 de junho de 2019

Lavagem no Senado

Neymar [cai cai] e a política


Ao aprovar com lavagem de 55 votos a 12, a Medida Provisória que vai permitir passar pente-fino nos pagamentos de benefícios do INSS – para combater fraudes e economizar cerca de R$10 bilhões em 10 anos, pelos cálculos do Planalto –, o Senado ofereceu, na segunda-feira, 3, talvez a mais simbólica e contundente vitória parlamentar ao governo Jair Bolsonaro em cinco meses e pouco de gestão. Tudo feito com sobra de articulação e pouco barulho, o que destaca ainda mais o feito, praticamente submerso no noticiário nacional pelas sombras do escândalo da versão brasileira do “Último Tango em Paris”.

Enquanto estes fatos aconteciam, no Senado, boa parte da mídia e expressiva parcela da população se moviam entre uma cena picante e outra, e a descoberta de algum detalhe mais ou menos escabroso da adaptação do filme original do diretor italiano Bernardo Bertolucci, com Marlon Brando e Maria Schneider, realizado nos incríveis anos 70, mas capaz de desatar indizíveis paixões, protestos indignados e polêmicas incendiárias, ainda hoje.

Na atual e emblemática produção cabocla – ao jeito e sabor das redes sociais e em estilo de tragicomédia –, a trama é protagonizada por Neymar: dublê de craque da bola, nos gramados, e celebridade do entretenimento, sempre pronto a gerar ou participar de escândalos locais e internacionais que o mantenham sob holofotes, principalmente em períodos de grandes eventos do futebol, a exemplo desta Copa América que o Brasil sediará, nas próximas semanas, da qual o mais famoso craque do país acaba de ser cortado, desgraçadamente.

Na outra ponta do folhetim brasileiro, de repercussão mundial, está Najila Trindade, modelo baiana, residente em São Paulo. De curvas totalmente expostas, desde o começo do escândalo, tendo o rosto encoberto por tarja preta nas postagens iniciais, só revelado quarta-feira, pouco antes do amistoso Brasil x Qatar, no estádio Mané Garrincha, em Brasília.  A face feminina do escândalo apareceu na quarta-feira, na primeira entrevista da modelo, no SBT, de ampla repercussão, e de outro baque inesperado, causado pelo caso: O comunicado via Jornal Nacional, feito pelo âncora William Bonner, do afastamento da TV Globo de Mauro Naves, um dos mais destacados repórteres esportivos da televisão brasileira, por suposto conflito de interesses na intermediação de contatos entre partes envolvidas no explosivo enredo.

Produção, também, de mal disfarçadas passagens escatológicas – sugeridas pelos laudos e exames técnicos que falam em desarranjos intestinais e arranhões “nos glúteos”, além de algumas falas da moça, de arrepiar. Sem os cuidados estéticos da realização de Bertolucci, a começar pela memorável trilha musical do saxofonista argentino, Gato Barbieri. Para dar mais ardência, a confirmação do que já circulava boca a boca em Salvador, de onde escrevo: é baiana a “mulher que vale por quatro” – como Najila se define nos textos e vídeos das mensagens digitais trocadas com Neymar. O final da história, ainda a conferir, em próximos lances, antes do The End.
“Vida que segue”, diria o saudoso João Saldanha, das minhas melhores lembranças na redação do Jornal do Brasil – no Rio e na sucursal de Salvador. Recordo também o notável Nelson Rodrigues, e reflito com meus botões: “Que tempos, que peça, que filme, que crônica!”.

Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta. E-mail: vitors.h@uol.com.br 

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

A "cena da manteiga" não é arte, é crime

Admissão de que houve estupro real em ‘O Último Tango em Paris’ revolta Hollywood.

Queria sua reação como menina, não como atriz. Não que Maria interpretasse sua humilhação e sua raiva, queria que sentisse. Os gritos… ‘Não, não!’. Depois me odiaria para sempre”. Assim narra o cineasta italiano Bernardo Bertolucci as ambições artísticas por trás do estupro real planejado por ele mesmo e por seu executor, o ator Marlon Brando, no filme O Último Tango em Paris. A confissão foi recuperada por vários veículos de imprensa norte-americanos a partir de uma entrevista do diretor na Cinemateca francesa em 2013.

O vídeo, traduzido ao espanhol pelo portal El Mundo de Alycia no Dia Internacional contra a Violência de Gênero, tem mais de um milhão de visitas no YouTube. O filme, que foi um dos mais emblemáticos da década de 1970, demorou vários anos para se esquivar da censura em vários países, como no Brasil, por causa de seu alto conteúdo sexual. Em sua sequência mais lembrada, e agora infame, Brando, que naquela época tinha 48 anos, utilizava manteiga como lubrificante para violentar sua companheira de elenco, de apenas 19.

“Queria que reagisse humilhada. Acredito que odiou Marlon e a mim porque não contamos a ela”, afirmou o diretor de filmes como 1900 e Os Sonhadores. A ideia ocorreu ao cineasta e ao ator na manhã anterior à filmagem. Na mesma entrevista, Bertollucci esclarecia que, embora se sentisse “culpado”, não se arrependia da forma como dirigiu aquela cena. “Para conseguir algo é preciso ser completamente livre”, concluía.

Apesar de os rumores sobre a veracidade dessa cena já circularem entre os cinéfilos há vários anos e as declarações do diretor não serem novas, a confissão escandalizou boa parte de Hollywood. Estrelas como Jessica Chastain e Chris Evans declararam no Twitter que jamais voltarão a ver o filme, nem considerarão Bertolucci ou Brando da mesma maneira. “Me dá nojo”, diz a atriz de A Hora Mais Escura. Como resultado dessas afirmações, iniciou-se há alguns uns dias uma campanha no Change. Org que exige que a Academia de Hollywood condene publicamente os fatos e o diretor italiano.

Schneider, que morreu em 2011 por causa de um câncer, jamais se recuperou emocionalmente depois da filmagem, vivendo longos períodos de depressão. Em uma entrevista ao jornal britânico Daily Mail em 2007, a atriz contaria em detalhes o momento de seu estupro. Declarações que passariam despercebidas pela opinião pública, que durante décadas evitou julgar os fatos. “Deveria ter chamado a meu agente ou fazer meu advogado vir ao set porque não se pode forçar alguém a fazer algo que não está no roteiro, mas, naquela época, eu não sabia disso. Marlon me disse: ‘Maria, não se preocupe, é só um filme’, mas durante a cena, embora o que Marlon fizesse não fosse real [não houve penetração], eu chorava de verdade. Senti-me humilhada e, para ser honesta, um pouco violentada por Marlon e Bertolucci. Pelo menos foi só uma tomada”.

O "crime de estupro é qualquer conduta, com emprego de violência ou grave ameaça, que atente contra a dignidade e a liberdade sexual de alguém". O elemento mais importante para caracterizar esse crime é a ausência de consentimento da vítima. Pela lei brasileira, por exemplo, não é preciso haver penetração para que o crime se caracterize como estupro.

A atriz terminava a entrevista acrescentando que uma das coisas que mais lhe doeu foi o comportamento de Marlon Brando depois de consolar a cena, que se negou a consolá-la ou preocupar-se com seu estado. As revelações do estupro em O Último Tango em Paris coincidem no tempo com as respectivas polêmicas sobre as suspeitas de assédio sexual de dois favoritos ao Oscar deste ano: Casey Affleck e Nate Parker.

Quarenta anos depois, parece que a justiça continua a brilhar pela ausência. Até quando Hollywood continuará silenciando seus crimes?

Fonte: BRASIL EL PAIS