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segunda-feira, 11 de maio de 2020

Bolsonaro perde bonde do corona - Fernando Gabeira

O Globo 

Ele apenas falou contra o isolamento. Foi incapaz de apresentar um plano, mesmo um pobre esboço, como Trump

Bolsonaro se limita a atacar o isolamento, em vez de agir [o presidente deixa claro, até com exagero, o que não tem seu apoio - o que inclui o isolamento social; mas, é forçoso reconhecer que não adota nenhuma medida contrária ao isolamento, ou que atrapalhe a execução de tal medida nos estados e municípios que as executa.

Ter opinião contrária, mas não atrapalhar a execução do que não aprova,  não é crime. Crime é usar a pandemia para atrapalhar o governo do presidente Bolsonaro.] 

Perdeu o primeiro, quando se isolou, negando a importância da pandemia, criticando o trabalho de governadores e prefeitos. Uma nova oportunidade de liderança e alinhamento se abriria para ele, no processo de volta às atividades. Compete ao presidente unir governadores e prefeitos em torno de um detalhado plano de retomada. Dois dias antes de Bolsonaro ir ao Congresso, Angela Merkel reuniu as lideranças regionais para definir e modular um plano de volta. Esses planos são complexos. Não adianta pedir ao Tofolli, porque ele não tem. Implicam a definição dos dados necessários, como número de casos, disponibilidade de hospitais, capacidade de testar.

Implicam também um redesenho das escolas, das fábricas, dos escritórios. Na Alemanha, técnicos foram às escolas para redefinir o espaço, inclusive determinar o novo lugar dos professores na sala.
Em alguns países, houve escalonamento de turmas escolares; em algumas regiões, normas para restaurantes ao ar livre. Normas para o funcionamento de teatros e casas de espetáculo também estão sendo trabalhadas nos detalhes. Os intervalos, por exemplo, serão suprimidos para evitar aglomeração. O próprio futebol na Alemanha volta no dia 16, mas com portões fechados, sem plateia. Bolsonaro até o momento apenas falou contra o isolamento. Foi incapaz de apresentar um plano, mesmo um pobre esboço, como Trump.

Essa pressa acaba se estendendo a outros setores. O governador de Brasília queria que a final do campeonato carioca fosse jogada no Estádio Mané Garrincha mesmo com um hospital de campanha instalado ali. Não sei a que atribuir esta loucura. Nós temos uma singularidade cultural, que é a improvisação. É inegável que ela tem qualidades, no compositor que escreve seus versos num botequim, nos profissionais que driblam a falta de recursos para alcançar um certo resultado. Na formulação de uma política nacional e solidária contra o coronavírus, é preciso liderança e capacidade de planejamento. Bolsonaro trabalha por espasmos, acorda pensando na briga nossa de cada dia, a quem vai combater e orientar sua galera a chamar de lixo.
O ministro da Saúde tem dito que o Brasil é um país diverso. Todos concordam. Mas é precisamente por ser diverso que necessita de um plano com modulações.

Basta olhar no mapa para ver quantas cidades brasileiras não tiveram casos de contaminação. Até elas precisam ser orientadas a rastrear com rigor caso apareça alguém contaminado por lá. Na verdade, é um projeto que se enquadra nessa expressão muito usada de nova normalidade. Os Estados Unidos viveram algo parecido de longe com isso, depois do atentado de 11 de setembro. As circunstâncias agora são diferentes. O redesenho da sociedade não se faz diante de inimigos humanos, mas ameaças biológicas que podem nos dizimar. A etapa final do planejamento seria concluída com a existência de uma vacina, acessível a toda a população.

Mas, no entanto, a existência de uma pandemia como essa abriu os olhos de muita gente para a possibilidade de outras. Algumas delas podem ser favorecidas pelo desmatamento. Tive a oportunidade de sentir isso quando cobri a volta da febre amarela. Aparentemente, a destruição de algumas áreas de mata acabou expondo os trabalhadores agrícolas e algumas populações rurais.Estamos trabalhando com algo muito sério para o futuro das crianças. Se não houver uma transformação cultural que nos faça pensar coletivamente e nos convença da necessidade de planos cientificamente adequados, vamos ser uma presa fácil. Nos anos de política, lamentava que o Brasil era um país onde o principio de prevenção não pegou. Não esperava um governo que, além de imprevidente, desprezasse a ciência. Tudo do que o coronavírus gosta.

Transcrito de O Globo - Fernando Gabeira, jornalista

sábado, 8 de junho de 2019

Lavagem no Senado

Neymar [cai cai] e a política


Ao aprovar com lavagem de 55 votos a 12, a Medida Provisória que vai permitir passar pente-fino nos pagamentos de benefícios do INSS – para combater fraudes e economizar cerca de R$10 bilhões em 10 anos, pelos cálculos do Planalto –, o Senado ofereceu, na segunda-feira, 3, talvez a mais simbólica e contundente vitória parlamentar ao governo Jair Bolsonaro em cinco meses e pouco de gestão. Tudo feito com sobra de articulação e pouco barulho, o que destaca ainda mais o feito, praticamente submerso no noticiário nacional pelas sombras do escândalo da versão brasileira do “Último Tango em Paris”.

Enquanto estes fatos aconteciam, no Senado, boa parte da mídia e expressiva parcela da população se moviam entre uma cena picante e outra, e a descoberta de algum detalhe mais ou menos escabroso da adaptação do filme original do diretor italiano Bernardo Bertolucci, com Marlon Brando e Maria Schneider, realizado nos incríveis anos 70, mas capaz de desatar indizíveis paixões, protestos indignados e polêmicas incendiárias, ainda hoje.

Na atual e emblemática produção cabocla – ao jeito e sabor das redes sociais e em estilo de tragicomédia –, a trama é protagonizada por Neymar: dublê de craque da bola, nos gramados, e celebridade do entretenimento, sempre pronto a gerar ou participar de escândalos locais e internacionais que o mantenham sob holofotes, principalmente em períodos de grandes eventos do futebol, a exemplo desta Copa América que o Brasil sediará, nas próximas semanas, da qual o mais famoso craque do país acaba de ser cortado, desgraçadamente.

Na outra ponta do folhetim brasileiro, de repercussão mundial, está Najila Trindade, modelo baiana, residente em São Paulo. De curvas totalmente expostas, desde o começo do escândalo, tendo o rosto encoberto por tarja preta nas postagens iniciais, só revelado quarta-feira, pouco antes do amistoso Brasil x Qatar, no estádio Mané Garrincha, em Brasília.  A face feminina do escândalo apareceu na quarta-feira, na primeira entrevista da modelo, no SBT, de ampla repercussão, e de outro baque inesperado, causado pelo caso: O comunicado via Jornal Nacional, feito pelo âncora William Bonner, do afastamento da TV Globo de Mauro Naves, um dos mais destacados repórteres esportivos da televisão brasileira, por suposto conflito de interesses na intermediação de contatos entre partes envolvidas no explosivo enredo.

Produção, também, de mal disfarçadas passagens escatológicas – sugeridas pelos laudos e exames técnicos que falam em desarranjos intestinais e arranhões “nos glúteos”, além de algumas falas da moça, de arrepiar. Sem os cuidados estéticos da realização de Bertolucci, a começar pela memorável trilha musical do saxofonista argentino, Gato Barbieri. Para dar mais ardência, a confirmação do que já circulava boca a boca em Salvador, de onde escrevo: é baiana a “mulher que vale por quatro” – como Najila se define nos textos e vídeos das mensagens digitais trocadas com Neymar. O final da história, ainda a conferir, em próximos lances, antes do The End.
“Vida que segue”, diria o saudoso João Saldanha, das minhas melhores lembranças na redação do Jornal do Brasil – no Rio e na sucursal de Salvador. Recordo também o notável Nelson Rodrigues, e reflito com meus botões: “Que tempos, que peça, que filme, que crônica!”.

Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta. E-mail: vitors.h@uol.com.br 

sábado, 4 de maio de 2019

Preço do diesel irrita caminhoneiros, e risco de nova greve aumenta

[presidente Bolsonaro! voltamos a avisar: CUIDADO com o cartel do frete.

O senhor já tem uma porção de 'aspones' dando palpites inúteis e fazendo agitação em seu governo; se o senhor deixar o cartel do frete também passar a dar palpites, aceitar ouvi-los antes de cada aumento do diesel seu governo vai acabar.

Tem que jogar duro com esta turma: inclusive encarregar a ABIN de fazer um levantamento das autointituladas representações de caminhoneiros tem realmente personalidade jurídica = a maior parte delas é igual o MST, sem personalidade jurídica para não sofrer punições.

Se jogar duro, mostrar que é para valer, eles não aguentam.

Tem vagabundo da turma do 'quanto pior, melhor' infiltrado no movimento. Ou o senhor mostra logo quem manda, coloca os caminhoneiros de quatro, multa, apreensão de veículos, prisão de caminhoneiros que estejam fazendo arruaças, de empresários estimulando lockout,  ou eles param o Brasil e seu governo não aguenta.

Jogando duro eles não tem cacife nem para duas semanas.

Tem que realizar um trabalho de inteligência e ir prendendo os 'cabeças', sem alaerde, eles vão sendo presos, sumindo da área e desmonta tudo.] O aumento do óleo diesel, anunciado pela Petrobras, provoca reclamações da categoria. Além da indignação com a estatal, há insatisfação porque o governo federal não estaria cumprindo as medidas prometidas.

A ameaça de greve dos caminhoneiros está de volta, motivada pelo reajuste de 2,56% do óleo diesel, anunciado ontem pela Petrobras. A indignação da categoria não é só contra a estatal, mas também por causa de medidas não cumpridas pelo governo. Representantes de transportadores autônomos admitem que, no conjunto da obra, ficou mais difícil controlar o clamor por uma paralisação nacional. O aumento de preço sobre o principal combustível utilizado pelos caminhões teria repercutido imediatamente no grupo de WhatsApp do Comando Nacional do Transporte, o principal canal de comunicação em que líderes dialogam sobre pautas da categoria. Os mais revoltados iniciaram um debate sobre uma data de paralisação por meio de obstrução de rodovias, como aconteceu em 2018. Os menos indignados sugeriram chegar em comboio a Brasília e permanecer no estacionamento do Estádio Mané Garrincha. [comboio de caminhões no cventro de Brasília é questão se SEGURANÇA NACIONAL;
se houver Brasília para e o CAOS começa de dentro para fora.
É uma situação que autoriza até o bloqueio com tanques  das estradas de acesso a Brasília;
cada recuo ou omissão do Govenro será interpretada como um estímulo para eles exigirem mais e mais.] Seria uma forma de pressionar o governo, sem greve, mas com intimidação. A maioria dos autônomos cogita unir forças com outra parcela da categoria, capitaneada por Wanderlei Alves, o Dedéco, que havia incitado uma greve para 29 de abril, mas abortou a ideia depois de ser atendido pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas.

A reunião de Dedéco com o governo, em 22 de abril, ampliou um distanciamento que existia dentro da categoria. O autônomo, que representa alguns transportadores na Região Sul, sobretudo no Paraná, se alinhou aos sindicatos, representados pela Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA). A proximidade enfureceu uma parcela maior de lideranças que não se sentem representadas pela entidade. A revolta contra o Estado, no entanto, pode unir a classe, admite Ivar Schmidt, líder do Comando Nacional do Transporte.

Caso essa união aconteça, a greve seria muito semelhante à de 2018. “Somos representantes de um setor que depende diretamente de uma economia que parou. Não tem mais carga para transportar. E isso vai criando um clima bélico que está por um fio para explodir com a falta de pautas atendidas”, analisou Schmidt. A classe cobra, sobretudo, as fiscalizações da jornada de trabalho e do piso mínimo de frete. O reajuste do diesel é mais um elemento que impacta o setor, levando o valor do combustível de R$ R$ 2,2470 para R$ 2,3047 nas refinarias.

Fiscalização
A fiscalização da jornada de trabalho pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) é uma exigência que, na prática, pode equilibrar o excesso de oferta com a demanda — o principal problema do setor —, por meio de uma redução prevista do número de caminhões completando os percursos de carga e descarga. O governo se dispôs a construir pontos de parada para que possam descansar, mas os autônomos alegam que é algo paliativo, uma vez que, atualmente, repousam em postos de combustíveis e outros pontos.

O monitoramento do piso mínimo é outra exigência que visa cumprir a legislação. Em 24 de abril, a Agência Nacional de Transporte Terrestres (ANTT) reajustou a tabela em uma média de 4,13%, após uma oscilação do óleo diesel superior a 10,69% no período acumulado desde janeiro. Entretanto, caminhoneiros alegam que a correção não é cumprida. A fiscalização pode ser feita pelo Documento de Transporte Eletrônico (DT-e), ferramenta que reunirá uma série de informações contratuais.

O mecanismo está em gestação na ANTT, que prometeu implementar ainda em abril, mas retardou a entrega alegando problemas no sistema. É o que afirma o caminhoneiro Wallace Landim, um dos líderes da categoria e um dos principais responsáveis pela última greve. Na terça, ele se reunirá com os técnicos competentes da criação. Se a resposta for negativa, com apresentação de mais prazo, garante que atuará para mobilizar uma paralisação.

Correio Braziliense

 

terça-feira, 14 de agosto de 2018

MST volta a marchar no DF e afeta trânsito; faixas exclusivas são liberadas

[vergonhosa, palavra adequada para definir a omissão do governo do DF - tem outras, cabíveis, mas, de baixo calão = apesar de mais adequadas decidimos não usar para poupar nossos dois leitores.]

Grupos saíram logo cedo do balão do Aeroporto, da Rodoviária Interestadual e do Balão do Torto rumo à área central de Brasília

Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra voltaram a se mover pelas vias do Distrito Federal nesta terça-feira (14/8), gerando desde cedo reflexos no trânsito das principais via que chegam ao Plano Piloto. A estimativa é de que 26 quilômetros estavam congestionados. [lembramos que devido a notória incompetência dos responsáveis pelo trânsito do DF, tudo causa engarrafamento = até um cachorro atropelado para o trânsito.
O engarrafamento, aparentemente gigantesco, mostrado na foto abaixo é corriqueiro em Brasília naquela via e em outras, pela manhã manhã e ao final da tarde.
Os baderneiros dos 'sem terra' = 'movimento social terrorista' podem ser facilmente neutralizados, precisa apenas que alguma autoridade da segurança do DF decida cumprir com seu DEVER de manter a ORDEM PÚBLICA e determine que a PM-DF, remova a causa do transtorno.
Mas, a medida mais eficaz que os responsáveis pelo trânsito conhecem é liberar as faixas exclusivas - a propósito: alguém ainda lembra daquele viaduto que desabou parcialmente em fevereiro passado? nada foi feito para consertar.
No Japão em catorze dias eles recuperaram trechos de rodovias destruídas por um terremoto; 
em Brasília, são necessários catorze meses apenas para decidir o que deve ser feito.
O mais triste é que mesmo com tamanha incompetência  e desinteresse o atual governador do DF é candidato a reeleição e o DF corre o risco dele ser reeleito. Pode?

Em qualquer país do mundo, sério, com eleitores que valorizem seu voto,  o DF não correria o risco de um monumento à incompetência tipo Rollemberg ser reeleito - mas, os brasileiros  conseguiram o feito fantástico e estúpido de  eleger e reeleger Lula e Dilma. ]
Por causa da movimentação, o Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER/DF) e o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran) decidiram liberar para todos os veículos as faixas exclusivas. Com isso, estão livres todas as faixas da Estrada Parque Taguatinga, Estrada Parque Núcleo Bandeirante, W3 Sul e Norte e do Setor Policial. A liberação vai até as 23h59 desta terça.  
O trânsito começou a ficar lento por volta das 7h30. Às 8h, já havia engarrafamento. Nesse horário, as pistas mais afetadas eram as pistas entre o balão da Granja do Torto e o Parque Água Mineral; a Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia) Sul e Norte, e o Eixão Sul, onde só uma faixa ficou liberada para os carros no sentido rumo à Rodoviária. O Eixo Monumental também apresentava fluxo mais intenso que o habitual desde cedo. Um pouco antes das 10h, os manifestantes já ocupavam três das faixas da via, passando em frente à Igreja Rainha da Paz em direção à Torre de TV.
A expectativa é que a área central de Brasília fique engarrafada entre o meio e o fim da manhã, uma vez que os diferentes grupos, que reúnem cerca de 5 mil pessoas e defendem o direito de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concorrer à Presidência, devem se encontrar no Estádio Mané Garrincha, onde ficarão acampados. [dificil de resistir a utilização de um recurso quando se ver essa corja vestida de vermelho, mais bandeiras vermelhas, etc.
Para dispersar todos com facilidade bastaria soltar uma boiada  em cima deles - os bovinos tem grande aversão ao vermelho. 
Seria divertido e limparia as vias sem a polícia precisar sujar os cassetetes.]  
Três grupos caminham para se encontrar 
Os integrantes do movimento foram divididos em três colunas. A Coluna Prestes (vinda das regiões Sul e Sudeste) saiu do balão do aeroporto. Já a Coluna Tereza Benguela (Centro-Oeste), da Rodoviária Interestadual. Já a Coluna Ligas Camponesas (Nordeste) deixou o Balão do Torto. 

Na segunda-feira (13/8), essa movimentação, que ocupa o acostamento e algumas faixas das vias, provocou congestionamento na BR-060, na BR-040, na DF-075, na Epia Sul (DF-003) e na DF-001.

 

segunda-feira, 16 de julho de 2018

Lula não é o Brasil

Lula puxa a corda que seus fiéis esticam

No início de setembro de 2014, o então governador do Distrito Federal, Agnelo Queiróz (PT), candidato à reeleição, comemorou. Seu maior adversário, o também ex José Roberto Arruda (PR), líder absoluto nas pesquisas, com 37%, estava fora do páreo. Impedido pela Lei da Ficha Limpa, Arruda se viu obrigado a desistir da disputa, sem o que não poderia colocar outro nome no seu lugar.  Dois outros candidatos a governos estaduais também foram banidos pelas mesmas regras: José Riva, do Mato Grosso, e Neudo Campos, de Roraima, substituído na última hora por sua mulher, a atual governadora Suely Campos.
“Ficha suja não pode participar de eleição”, proclamava o governador petista, que acabaria derrotado por Rodrigo Rollemberg (PSB) dois meses depois.

Hoje, Queiróz é companheiro de Arruda nos enroscos envolvendo o Mané Garrincha, um dos estádios mais caros do planeta – custou mais de R$ 1,7 bilhão, com superfaturamento calculado em R$ 950 milhões. E a campanha feita por ele pró-Ficha Limpa é o que o PT quer esquecer. Ou, pelo menos, driblar.  Condenado por órgão colegiado em segunda instância – exatamente como está escrito na Lei Complementar 135 que ele próprio sancionou em 2010 -, Luiz Inácio sabe que Lula não pode ser candidato. Assim como sabia da falseta do habeas corpus de soltura do desembargador de plantão. Não há recurso possível, janela ou hipótese para tal.

Mas isso são apenas leis, e leis pouco importam para essa turma. Da cadeia, Lula faz o que sempre fez: chacota do Judiciário e da Justiça. E, claro, estimula os desatinos.
Como do ponto de vista legal sua candidatura inexiste, Lula puxa a corda que seus fiéis esticam.  Obedientes, eles entopem a Justiça com recursos impróprios e petições idênticas, exigem que Lula possa fazer campanha, como se sua condenação fosse ilegítima. Alardeiam ao mundo que o Brasil vive em regime de exceção, apostam no caos.
No limite, pretendem mais do que simplesmente inscrever Lula como candidato. Querem postergar a recusa definitiva do TSE com recursos no STF, e, por que não?, provocar o constrangimento de uma anulação das eleições com a cassação de Lula depois do voto dado.

Ao mesmo tempo, deixam claro a impossibilidade de sobrevida sem o chefe. Escancaram que qualquer plano B ou C, que tanto espaço ocupa na mídia, salva pouco ou quase nada do que resta do partido.  O desembargador amigo de domingo e a assumida esperança depositada no STF presidido por Dias Toffoli a partir de setembro, seriam trunfos, agora exauridos.  Embora no afã de livrar Lula o PT se esforce para o país andar para trás, o avanço já se deu. A candidatura Lula terá o mesmo final da de Arruda, também enrolado com a Justiça, de Neudo Campos, em prisão domiciliar desde 2016, e de Riva, condenado a 26 anos de xilindró.
Do contrário, revogam-se não só as leis, mas o Brasil.

Mary Zaidan - Blog do Noblat - Revista Veja
 

domingo, 17 de junho de 2018

2014, a Copa do Mundo que não terminou

Embora o Mundial no Brasil tenha acabado há quatro anos, é preciso que as obras em andamento sejam concluídas, para que a população possa usufruir de seus benefícios

A Copa da Rússia começou na quinta-feira, com uma partida em que os anfitriões golearam a Arábia Saudita por 5 a 0. Hoje à tarde, é a vez de a seleção brasileira fazer sua estreia na competição. Mas esse novo ciclo, que de quatro em quatro anos mobiliza 209 milhões de torcedores brasileiros, se inicia sem que o anterior tenha sido encerrado. Nada a ver com a traumática queda diante da Alemanha, por 7 a 1, no Mundial passado. Faz parte do jogo. Ganha-se ou perde-se. O que soa como ruína é o fato de obras planejadas para a Copa de 2014, e que consumiram milhões de reais em recursos públicos, não terem sido concluídas até hoje. Esta sim é uma derrota acachapante para o país.


Como mostrou reportagem exibida pela “GloboNews”, com base num levantamento do site G1, 11 das 12 cidades que sediaram a Copa de 2014 — a exceção é o Rio de Janeiro — ainda ostentam canteiros de obras inacabadas, a maioria na área de mobilidade urbana. Somente em São Paulo, Brasília, Recife e Fortaleza, projetos de “legado” orçados em R$ 2,4 bilhões ainda não foram entregues. E sabe-se lá quando serão. Os motivos alegados vão desde a falta de recursos, em meio ao agravamento da crise financeira, a impasses com empreiteiras, passando por problemas de desapropriação ou licenciamento ambiental.

Entre esses desacertos, está, por exemplo, as obras no entorno do Estádio Mané Garrincha, em Brasília, a arena mais cara da Copa — o custo se aproxima de R$ 2 bilhões — e uma das mais inúteis, forte candidata a se tornar elefante-branco. A reurbanização e a construção de passagens subterrâneas não saíram do papel. O Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) que ligaria o aeroporto ao Centro da capital tragou R$ 20 milhões, mas a obra foi cancelada por determinação da Justiça. 

Na capital paulista, o monotrilho que se estenderia do Aeroporto de Congonhas ao metrô permanece no esqueleto. A obra estava prevista para durar dois anos, mas se arrasta há sete. O trajeto inicial foi encolhido em dez quilômetros, porém o preço mais que dobrou — saltou de R$ 1,3 bilhão para R$ 3,5 bilhões. Era para 2014, mas agora só deve ser entregue em 2019.

Em Fortaleza, as obras do VLT iniciadas em 2002 já consumiram R$ 246 milhões do orçamento de R$ 380 milhões, mas a maior parte das estações ainda se encontra em construção. Agora, promete-se inaugurá-la este ano.No Recife, a construção de uma ponte nos arredores da arena de Pernambuco ficou pela metade, e o restante da obra foi abandonado.

Embora a Copa do Brasil já tenha acabado há quatro anos, é preciso que essas obras em andamento sejam concluídas, para que a população possa usufruir de seus benefícios. Até porque elas já consumiram dinheiro público. E que os órgãos de controle, como tribunais de conta e Ministério Público, se encarreguem de investigar os motivos dos inaceitáveis atrasos, para que os responsáveis por esse descalabro recebam cartão vermelho.