Lava Jato pode cair no esquecimento, diz Moro
Defensor
de mudanças no processo penal, Sérgio Moro evita falar
sobre decisão do STF que tira ações de seu âmbito de julgamento
O juiz Sérgio Moro, da
13ª Vara Federal de Curitiba, disse
nesta quinta-feira que há risco de os processos da Operação Lava Jato
"caírem no esquecimento". Moro participou de um almoço com
empresários em São Paulo e se negou a comentar diretamente a decisão do Supremo
Tribunal Federal de desmembrar as ações penais, o que
reduz a atuação dele como responsável na primeira instância e enfraquece a tese
central de que uma organização criminosa
operou para manter um projeto político do PT no poder. Para
integrantes do Ministério Público, como o procurador Carlos Fernando dos Santos
Lima, a mudança pode significar "o
fim da Lava Jato" nos moldes atuais.
Moro considerou "aterrorizante" a corrupção sistêmica no país e a naturalidade do recebimento de propina. "No âmbito das instituições públicas, é extremamente necessária uma postura firme tanto dos diretores como dos juízes. Mas igualmente importantes são reformas no sistema de justiça criminal", disse. Moro defende, por exemplo, o projeto de lei que pode autorizar a prisão a partir de uma condenação por crimes graves em segunda instância - atualmente, a pena só começa a ser cumprida depois de o processo criminal transitar em julgado, ou seja, de todos os recursos serem esgotados.
Moro também comentou sobre a efetividade da proibição de empresas fazerem doações de dinheiro a partidos e candidatos e cobrou regras claras para as contribuições. "Existe um problema no Brasil em que doações não oficiais acabam sendo confundidas com casos de corrupção. Não acredito que a mera proibição das doações privadas resolva esse problema".
Fonte: Revista VEJA