Antes, aqui produzimos locomotivas e vagões; hoje importamos até trilhos
[FERROVIAS, FERROVIAS e FERROVIAS - serve para os maiores e mais ricos países do mundo e serve também para o Brasil.
Custa caro, mas, a médio prazo fica mais barato do que ceder a extorsão de caminhoneiros, que a cada ano serão maiores de mais absurdas.
Segunda alternativa o transporte aquático.]
Apenas pessoas maldosas podem dizer que o presidente Bolsonaro é refém dos caminhoneiros, só porque fez a Petrobras perder R$ 34 bilhões em valor de mercado por interferir no preço do diesel. Refém coisa nenhuma! Só porque prometeu construir e duplicar rodovias federais, prometeu liberar R$ 500 milhões do BNDES para dar crédito aos caminhoneiros autônomos, prometeu construir, nas rodovias privatizadas, pontos de repouso para motoristas, com banho, refeições e oficinas para consertos? Bolsonaro não é refém. Não tem culpa se os caminhoneiros acreditam em suas promessas.
Não seria preciso enfrentar uma ameaça de greve dos caminhoneiros para construir novas rodovias e duplicar as já saturadas (tapar os buracos também seria ótimo). Isso não foi feito até agora por falta de dinheiro. Temos estradas por onde nem mulas turbinadas, com tração nas quatro patas, podem passar. Temos estradas que permitiriam dirigir em paz se não fossem os assaltos e o roubo de cargas (e, frequentemente, o assassínio de caminhoneiros). É bem boa a ideia de melhorar a infraestrutura e, assim, reduzir custos e o tempo da viagem ─ mas quanto custa? E de onde virá o dinheiro?
Os EUA têm boas ferrovias, a Alemanha transporta boa parte da carga em barcaças. Antes, aqui produzimos locomotivas e vagões; hoje importamos até trilhos. Temos rios, mas poucas hidrovias de porte. Já transportamos tijolo de avião, para a construção de Brasília, por falta de outros bons meios de transporte. Mas, se os caminhoneiros acreditam nas promessas, tudo bem.
Ministro completo
Os ministros
Dias Toffoli e Alexandre de Morais criaram algo inédito na história do
STF: fizeram a denúncia, comandaram a investigação, acusaram, julgaram e
condenaram a revista Crusoé por fake news. Aliás, são fake news
de novo tipo: a notícia era a transcrição de um depoimento do
empreiteiro Marcelo Odebrecht, no qual esclarecia quem era “o amigo do
amigo do meu pai” citado nas planilhas da empresa. Segundo ele, era o
hoje ministro Dias Toffoli, que na época dos fatos mencionados era
advogado geral da União.
Cada um no seu quadrado
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, arquivou o inquérito,
alegando, entre os motivos, a falta de obediência ao devido processo
legal e ao sistema penal de acusação. Segundo Raquel Dodge, o
Judiciário, por lei, não pode conduzir essas ações e cabe ao Ministério
Público conduzi-las. [o principal argumento do ministro Moraes é que se um delegado de polícia pode investigar, o STF também pode.]E daí? Daí que estamos no Brasil. O senador Randolfe Rodrigues teme que o relator do caso, Alexandre de Morais, ignore o arquivamento e toque em frente a ação. Se o fizer, haverá problemas: há a possibilidade, caso a questão continue, de Toffoli e Morais serem derrotados em votação no plenário do Supremo. O palpite é 7×4. E muita gente, incluindo o vice-presidente general Mourão, diz que isso é censura e ainda mais que censura.
Abanando as brasas
De qualquer maneira, Toffoli e Morais conseguiram fazer com que uma
notícia que seria lida por alguns milhares de pessoas se transformasse
num caso nacional. A revista foi amplamente replicada nas redes sociais.
Muito mais gente tomou conhecimento da reportagem. Tanto a revista
quanto o site vencem: provaram que atingem muito mais gente do que
imaginavam. E a Internet se encheu de memes com “o amigo do amigo do
papai”.
Renomeando
O governador de São Paulo, João Dória, hoje o comandante de fato do
PSDB, anunciou uma pesquisa para avaliar vários pontos, que incluem a
mudança de nome do partido. Este colunista gostaria de colaborar com algumas sugestões: seguindo o exemplo do Podemos (o partido de Álvaro Dias), o PSDB poderia se chamar Hesitemos. Ou, seguindo Marina Silva e sua Rede, que tal o PSDB passar a chamar-se Muro? Haveria um nome mais popular, claro: o tucano, símbolo do partido, é uma ave de bico grande, voo curto, e que se caracteriza por, a cada passo, exigir que o chão seja lavado. Que tal essa característica denominar o partido que lança um Picolé de Chuchu a presidente da República?
Progressismo
A advogada Nasrin Sotoudeh está presa no Irã há oito meses, pelo
crime de ter defendido nos tribunais mulheres que haviam sido detidas
por remover em público os lenços que cobriam suas cabeças. Nasrin foi
condenada, em processo secreto, a 38 anos de prisão e 148 chibatadas ─
daquelas que machucam e deixam marcas no corpo para a vida inteira.Publicado na Coluna de Carlos Brickmann