Análise Política
E a Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado instalou-se com uma
missão definida pela maioria de seus participantes:
apontar a culpa do
governo federal pelo alto volume de mortes na pandemia.
Na inauguração,
ouviram-se declarações de princípio sobre a isenção nos trabalhos. Mas é
apenas retórica. Conclusões de CPIs são modeladas não tanto pelos
fatos, mas pela correlação de forças.
O Brasil vive
uma situação política curiosa, porém habitual. Uma certa bipolaridade
espiritual.
No Senado, o foco é apontar os canhões da CPI para o Palácio
do Planalto.
Na Câmara, o presidente da casa legislativa engata a
marcha das reformas administrativa e tributária. O que vai prevalecer? A
agenda negativa ou a positiva? Naturalmente, cada um mira 2022.
Bem,
a correlação de forças na largada da CPI é desfavorável ao Planalto.
Mas o desenho que vale mesmo é o a ser observado nas hora das
conclusões. Ou seja, um governo que aparentemente perdeu a maioria
política no Senado, apesar de manter certa maioria programática,
especialmente quando se trata de assuntos relacionados à economia, vai
ter de encontrar uma saída do labirinto. Não será fácil.
Alon Feuerwerker, jornalista e analista político