Espera-se que o presidente esteja na luta para aprovar pelo menos a Previdência, que permitiria ao país respirar e crescer
Sergio Moro defende sozinho seu pacote anticorrupção, a votação mais importante que está no Senado.
O presidente Bolsonaro, enquanto isso, toma decisões:
a) encontra-se com Romero Jucá e promete abandonar a expressão “velha política” (de agora em diante, diz, é a “boa política” contra a “má política”);
b) anuncia que, ao que tudo indica, não mais haverá horário de verão;
c) diz à imprensa, mas não ao principal interessado, que na segunda-feira deve demitir o ministro da Educação, que replicou dizendo que não vai entregar o cargo.
Demissão “um dia desses” é novidade. Mais novidade é demitir um ministro que, qual Viúva Porcina, foi sem nunca ter sido. Como demitir alguém que, em mais de três meses, não chegou a exercer o cargo? Já o ministro tem toda a razão ao dizer que não vai entregar o cargo: se o cargo nunca foi exercido por ele, como entregá-lo?
Esperava-se que, em Israel, o presidente assinaria acordos que trouxessem ao Brasil a tecnologia de agricultura em terras áridas, que poderia fazer do Nordeste uma região próspera, uma reedição do trabalho do agronegócio. Aliás, não eram acordos desse tipo que o ministro Marcos Astronauta Pontes esteve lá negociando?
Esperava-se que o presidente estivesse na luta para aprovar pelo menos a Previdência, que permitiria ao país respirar e crescer.
Nada disso: como diz um guru do presidente, a Terra é chata. Muito chata.
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Nhô ruim, nhô pior
E, mesmo com as trapalhadas do Governo, está difícil escolher outra corrente política. O PSDB, além de ter saído estilhaçado, está sob o comando formal de Alckmin, mas o comando real é de Doria. E a turma de um não se bica com a turma do outro. O DEM pode não admitir, mas com três ministros e as demonstrações de afeto entre Bolsonaro e ACM Neto, é claro que é o partido político governista mais estruturado (e que até agora não conseguiu botar ordem na casa).
E o PT e seus penduricalhos, mesmo beneficiados por uma inacreditável falha da liderança do Governo, que os deixou sozinhos no diálogo do ministro, nada tinha a dizer senão insultos e grosserias. Não dá.
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Meus caros amigos
Quem vem sendo atendido, na medida do possível, é o agronegócio. Sua representante, a ministra da Agricultura, trabalha em silêncio e ganha todas. Agora, Bolsonaro assinou o decreto que dá um bom desconto na conta de luz dos produtores rurais. Com isso, o Governo gastará R$ 3,4 bilhões por ano.
Outros amigos
Bolsonaro promete também assinar, nos próximos dias, a concessão de 13º para os beneficiários da Bolsa Família. Foi promessa de campanha.
Quem paga
Já quem ganha salário deve ter más notícias nos próximos dias: a partir do próximo reajuste, o salário mínimo subirá tanto quanto a inflação. Outros índices que poderiam reforçar o mínimo, como o crescimento do Produto Interno Bruto em anos anteriores, ficarão oficialmente de fora.
Previdência própria
A reforma da Previdência (que, apesar dos
tropeções e caneladas, marcha para a aprovação) cria nova necessidade
de investimento, para complementar a aposentadoria: a previdência
privada. O assalariado vai poupando ao longo de sua vida de trabalho e,
quando se aposentar, contará com os rendimentos que tiver obtido. A
expectativa é grande: Luiz Barsi, que enriqueceu com os investimentos em
ações (é até apelidado de Warren Buffet brasileiro) fará palestra,
“Ações garantem o futuro”, e as inscrições se esgotaram no primeiro dia.
Ver pessoalmente não é mais possível, mas haverá transmissão ao vivo no
dia 10, às 18h30, neste link. OEB
é o projeto educacional de Louise, filha de Barsi, com os investidores
Fábio Baroni e Felipe Ruiz, que ensina o público a poupar para a
aposentadoria.