Coisas da Nova Política
A vida dos dois
jamais se cruzou. Nos últimos 30 anos, Jair Bolsonaro foi um deputado do
baixo clero da Câmara, apenas isso até se eleger presidente. E Mauro
Vieira, ministro-conselheiro das embaixadas do Brasil no México e na
França, e depois embaixador na Argentina e nos Estados Unidos.
Formalmente, ainda é o embaixador do Brasil junto à ONU em Nova Iorque.
Mas Vieira foi também
ministro das Relações Exteriores do segundo governo Dilma. Lula, à
época, indicou para o cargo o embaixador Celso Amorim. Dilma escolheu
Vieira a quem mal conhecia só para não ter que engolir o pedido de Lula.
Pois foi o que bastou: logo nos seus primeiros dias de governo,
Bolsonaro decidiu que queria Vieira fora e longe do território
americano.
Indicou-o para embaixador
do Brasil na Croácia. Mas como a indicação teria de ser aprovada pelo
Senado, e isso às vezes demora, o Itamaraty orientou Vieira a entrar de
férias de modo a não estar em Nova Iorque quando Bolsonaro pusesse os
pés por lá para falar na a Assembleia Geral da ONU. Só que nunca antes
um embaixador deixou seu posto vago durante uma visita presidencial.
O que fez o Itamaraty? O
ministro Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, acionou David
Alcolumbre (PMDB-AP), presidente do Senado. Que, por sua vez, pediu
pressa à Comissão de Relações Exteriores do Senado. E assim, a sabatina
de Vieira na Comissão foi marcada para o início desta semana, o que o
forçou a se ausentar de Nova Iorque enquanto Bolsonaro estivesse por lá.
Ontem, por 15 votos
contra 1, o nome de Vieira foi aprovado na Comissão. Desconfia-se que o
único voto contrário possa ter sido o do senador Flávio Bolsonaro
(PSL-RJ) ou o de um vice-líder do governo. Flávio é membro suplente da
Comissão. Bolsonaro não tem nenhuma viagem marcada à Croácia.
Frase do dia
Gustavo Negreiros
“É uma histérica, mal amada. Vá fumar seu baseadinho na Suécia. Está precisando de um homem, ou macho ou fêmea. Se não gosta de homem, que pegue uma mulher”.
(Gustavo Negreiros, apresentador da rádio 96 FM, de Natal, sobre a ativista Greta Thunberg, de 16 anos)
[curiosidade: desta vez ninguém tentou responsabilizar o presidente Bolsonaro, pelas afirmações do apresentador.]