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quarta-feira, 26 de setembro de 2018

"O sítio e o estado de sítio” e outras notas de Carlos Brickmann



Um candidato não tem programa de governo, seu adversário sim, mas como prefeito de São Paulo, ficou longe de cumprir o próprio plano de metas



O caminho (que pena!) parece traçado. Vamos ter de escolher entre um candidato de porta de cadeia e um de porta de quartel. Um candidato que se opõe aos esquerdistas, mas apoiou as candidaturas presidenciais de Lula e de Dilma, ou o que diz que o candidato a presidir de fato o país é outro, mas a chapa está em nome dele. Um que cita com saudades um campeão da tortura, outro que cita com saudades os campeões da roubalheira.

Que é que acham das mulheres, no campo político, esses candidatos? Um acha normal mulher ganhar menos que homem, outro usa com orgulho, mesclado a seu próprio, o nome do dono da chapa, aquele que convocou as mulheres de grelo duro a brigar por ele. Um disse que teve quatro filhos e, na quinta vez, fraquejou e teve uma filha. O outro, o que é, mas não põe o nome, disse que uma antiga companheira de partido, surpreendida por uma operação de busca e apreensão, ficou feliz, achando que os cinco federais que entraram em sua casa, de manhã cedinho, “tinham caído do céu”.

Um candidato não tem programa de governo. Seria difícil. Em toda a sua vida, foi estatizante, nacionalista, antiliberal, mas entregou seu projeto econômico a um pregador do liberalismo. O outro candidato tem programa de governo o que é pior. Como prefeito de São Paulo, ficou longe de cumprir seu plano de metas. Em suma, um candidato de estado de sítio e um candidato de sítio de Atibaia, que é do outro mas está em seu nome.

Ói ela aí tra veiz
Dilma é candidata ao Senado por Minas. Conhece tudo de lá, uai:
“Dois Haddads. Não, dois Pimentéis. Não, um Fernando”.
Ela queria dizer Dois Fernandos: Pimentel e Haddad, ambos do PT.

As pesquisas da semana
Depois das pesquisas BTG, Ibope, Datafolha e DataWorld/Sensus, vêm agora as da Paraná Pesquisas/Empíricus, nesta quarta. Virtua/Genial Investimento, na quinta, e XP/Ipespe, na sexta.

Meu nome é Geraldo…
Há quem diga que o Centrão só espera, para abandonar Alckmin, a confirmação por novas pesquisas de sua inviabilidade. Bobagem: o Centrão já jogou Alckmin ao mar. Os candidatos do Centrão no Nordeste estão com Ciro ou Lula, e o que restou da aliança foi o tempo de TV ─ que, até agora, para nada serviu. O sinal que o Centrão recebeu foi simples: Alckmin perde em seu Estado, São Paulo, do qual foi quatro vezes governador, e que é o maior reduto do PSDB, para Bolsonaro e Haddad. Só um milagre o salva.

…mas pode me chamar de Cristiano
Alckmin está sendo cristianizado alusão a Cristiano Machado, mineiro que disputou a Presidência em 1950 pelo maior partido do país, o PSD. Seu partido o largou para apoiar o adversário Getúlio Vargas, do PTB. Alckmin já tem a desvantagem de ser tucano, partido tradicionalmente desunido nas eleições nacionais. O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, não tem feito muito esforço em seu favor; e João Dória, candidato a governador, afilhado político de Alckmin, foi mais longe, com a Bolsodoria ─ voto em Doria para governador e Bolsonaro para presidente. Segundo a Paraná Pesquisas, já no primeiro turno 38,6% dos eleitores de Dória devem votar Bolsonaro.

Mi mi mi
O ótimo blog jurídico gaúcho Espaço Vital pesquisou os principais tribunais do país, depois de cansar de ouvir que “os juízes têm sido parciais” contra o PT, seus líderes e afiliados. A pesquisa mostrou que, nos cinco tribunais superiores e no TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região ─ que condenou Lula em segunda instância), em treze anos de Lula e Dilma foram nomeados 99 ministros e magistrados ─ a maioria dos 141 ministros em atuação. No STF, foram 7 dos 11 ministros; no STJ, 28 dos 33 ministros; no TRF-4, 22 dos 27 desembargadores.
Chega de reclamar: Lula e Dilma não teriam, deliberadamente, escolhido magistrados que tivessem posições definidas contra eles.

Então, tá
A Câmara Federal divulgou a pauta da próxima semana, e garantiu que haverá debates todos os dias. Os deputados estão ocupados com a eleição e não têm qualquer outra preocupação. Considerando-se que não há desconto no salário de quem faltar, dá para imaginar como as Excelências debaterão.

É caro. E daí?
Coisas do Brasil. O substituto legal do presidente Michel Temer é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Na falta de Rodrigo Maia, o vice é o presidente do Senado, Eunicio Oliveira. Como ambos são candidatos, não podem assumir o cargo, sob pena de inelegibilidade. Quando Temer viaja, como agora, para a abertura da Assembléia Geral da ONU, Eunício e Maia também viajam, com passagens, hospedagem, diárias, tudo pago por nós. Se eles não podem assumir, por que são escolhidos para ocupar os cvargos?

Blog do Augusto Nunes - Veja