Vinicius Torres Freire
Difícil imaginar que escândalos levem elite econômica a abandonar o presidente
Os capitães da indústria gostam da administração do capitão da extrema
direita, Jair Bolsonaro, também presidente da República e da
filhocracia. Para 60% dos empresários industriais, o governo é
“ótimo/bom”; para 7%, “ruim/péssimo”. É o que diz levantamento da CNI (Confederação Nacional da Indústria) com
1.914 empresas do ramo, feito em dezembro. Para a população em geral, o
governo é “ótimo/bom” para 29% dos entrevistados pelo Ibope, em
pesquisa também encomendada pela CNI. Para 38%, o governo Bolsonaro é
“ruim/péssimo”. [a partir de 2020, com as bençãos de DUES, o desemprego em queda livre, economia melhorando, os ruim/péssimo se transformarão em ótimo/bom.
Bolsonaro tem o DEVER, está tentando cumprir e vai cumprir (a economia está melhorando, aos poucos, visto a oposição aloprada feita ao presidente Bolsonaro) - Legislativo e Judiciário verão que o POVO quer ORDEM e PROGRESSO - de levar o Brasil ao concerto das nações desenvolvidas, propiciar melhores condições de vida, promover redução da desigualdade social - não distribuindo a miséria, aumentando o número dos pobres e sim reduzindo o desempreto, a miséria, o número de miseraveis, de pobres e de menos favorecidos.]
As pesquisas foram feitas antes de Flávio Bolsonaro ter sido acusado de
comandar uma organização criminosa. Segundo a Promotoria, a gangue
contratava funcionários fantasmas e desviava dinheiro da Assembleia
Legislativa do Rio em benefício do filho 01, que lavava ou compartilhava
o tutu de chocolate com milicianos, foragidos da Justiça, assassinos e
agregados. Um desses apaniguados era Fabrício Queiroz, durante décadas amigo e
faz-tudo de Bolsonaro pai, como se sabe. As acusações também eram bem
sabidas fazia mais de ano, embora faltasse o colorido sórdido do
caleidoscópio das investigações. Os desmandos e as tentativas de
mandonismo do presidente, entre outras extravagâncias autoritárias,
também são mui bem sabidas, faz muito mais tempo. [o absurdo é que tentam vincular um assunto 'paroquial', a ser cuidado pela Polícia, MP, Justiça Criminal ao presidente da República.
Tentam transformar indícios em provas robustas de ações criminosas que querem atribuir, caso tenham ocorrido, ao senador Flávio Bolsonaro.
Se as ações criminosas tiverem ocorrido e o autor tenha sido o senador Bolsonaro, que ele seja denunciado, julgado e se provada a culpa condenado e cumpra a pena.
A pena por ser individual, não se estende ao presidente Bolsonaro.]
No entanto e a propósito, como se dizia, o governo Bolsonaro é tido como
“ótimo/bom” por 60% dos empresários industriais. No mercado financeiro,
levava a nota “ótimo/bom” de 45% dos “gestores, traders e economistas
de fundos de investimentos e instituições financeiras” entrevistados em
modesta pesquisa da XP Investimentos, de outubro. A opinião do pessoal da finança é volátil como o preço de uma ação cheia
de mumunhas, de empresa quase falida ou à beira de privatização. Em
janeiro, Bolsonaro levava 86% de “ótimo/bom” e 1% de “ruim/péssimo”. Em
maio, quando o PIB parecia derreter, esses porta-vozes de “o mercado”
davam 43% de “ruim/péssimo” e 14% de “ótimo/bom”. Ainda assim, os
financistas e seus empregados mais compram do que vendem Bolsonaro.
De acordo com a conveniência, o Congresso pode se servir do bolo de
rolos dos Bolsonaro para dar-lhe uma prensa. Mas os parlamentares são
caçadores conscientes. Só matam em caso de necessidade estrita. É verdade que outros miasmas podem emanar da fossa destampada de 01 e
Queiroz. Sabe-se lá se o presidente pode sair comprovadamente empesteado
do caso. De qualquer modo, vai fazer diferença, ao menos na opinião do
“bloco no poder”? Os donos do dinheiro parecem contentes mesmo com a economia ainda
crescendo a 1% ao ano. Em particular, estão felizes de não pagar mais
impostos, com o gasto contido do governo, com reformas trabalhistas e
com a perspectiva de mais alguma outra mudança. Em geral, estão felizes
com o abatimento da esquerda, real, imaginária ou potencial, nas ruas ou
nos partidos.
Caso a economia cresça 2% e estrangeiros voltem para a Bolsa, para mais
algumas aquisições e fusões ou qualquer outro choro de dinheiro, por que
ficariam menos felizes? Caso estejam satisfeitos, por que o Congresso
faria movimentos mais bruscos em relação a Bolsonaro? Não faria, a não ser que o povo em massa estivesse irado. Não está. É
improvável que fique mais irado em 2020, dada a perspectiva de melhora
suave na economia e, de quebra, de inexistência de oposição e projeto
alternativo. Por enquanto, Bolsonaro nada tem a temer a não ser a si mesmo.
Vinicius Torres Freire, colunista - Folha de S. Paulo