Confrontos entre soldados israelenses e palestinos deixam ao menos 18 feridos
Protestos em Cisjordânia e Faixa de Gaza contestam
reconhecimento de Jerusalém como capital
Confrontos entre soldados israelenses e palestinos deixaram ao menos 18 feridos
em zonas da Cisjordânia e da Faixa de Gaza nesta quinta-feira, informou o
Crescente Vermelho, segundo o jornal "Haaretz". Os protestos que
contaram com a presença de milhares de palestinos emergiram diante da reação
inflamada no mundo árabe após o presidente americano Donald Trump reconhecer
Jerusalém como capital de Israel, conforme anunciado na quarta-feira. Nesta
quinta-feira, o Hamas convocou uma nova intifada contra Israel, incitando os
palestinos a se manifestarem nas ruas.
De acordo
com o jornal israelense, a organização relatou que ao menos 14 manifestantes
palestinos ficaram feridos por inalação de gás e outros dois por tiros de balas
de borracha nas cidades de Tul Karm e Qalqilyah na Cisjordânia, informou o
jornal "Haaretz". Outros dois se feriram na Faixa de Gaza em meio a
protestos contra Trump.
Centenas
de palestinos também compareceram a manifestações em Ramallah e Nablus,
queimando imagens do presidente e da bandeira americana. Como reação aos atos
de protesto, o Exército israelense recorre a métodos para dispersar a multidão,
segundo um porta-voz. [os manifestantes palestinos estão desarmados ou no máximo utilizam pedras para arremessas nos soldados do Exército de Israel que estão bem armados, sendo um confronto bem desigual.]
Manifestantes palestinos queimam boneco de Donald Trump em repreensão à
decisão americana de reconhecer Jerusalém como capital de Israel - JAAFAR ASHTIYEH / AFP
Diante da
reação inflamada do mundo árabe, com protestos na Faixa de Gaza e na Turquia, o
Exército israelense anunciou o envio de batalhões adicionais ao território
palestino da Cisjordânia, e indicou que outros setores das forças de segurança
estão prontas para intervir como "parte da preparação das IDF (Forças de
Defesa de Israel) para possíveis desdobramentos". [os batalhões enviados pelo exército hebreu são formados por unidades blindadas - tanques são usados costumeiramente para reprimir protestos de palestinos armados com pedras e que são realizados na Faixa de Gaza;
é comum também que jatos da Força Aérea de Israel, super modernos, bombardeiem áreas palestinas, ocupadas por civis na Faixa de Gaza, civis armados com pedras.]
CONVOCAÇÃO
À NOVA INTIFADA
O grupo
islâmico palestino Hamas convocou nesta quinta-feira um novo levante contra
Israel. O líder do Hamas, Ismail Haniyeh classificou a polêmica decisão do
chefe de Estado americano como uma "declaração de guerra contra os
palestinos", segundo a "Al-Jazeera". Por sua vez, o
primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que vários outros países
seguirão a decisão da Casa Branca, sem especificar quais.
— Devemos
pedir e devemos trabalhar no lançamento de uma intifada diante do inimigo
sionista. Só podemos enfrentar a política sionista apoiada pelos Estados Unidos
com uma nova intifada — disse Haniyeh, num discurso em Gaza, frisando que Trump
"matou" o processo de paz entre israelenses e palestinos. — Deixem 8
de dezembro ser o primeiro dia da intifada contra o ocupante — destacou.
Policiais israelense em ação para conter protestos palestinos contra o
reconhecimento americano de Jerusalém como capital de Israel - ABBAS MOMANI / AFP
Haniyeh,
eleito líder geral do grupo em maio, pediu que palestinos, muçulmanos e árabes
se manifestem contra a decisão dos Estados Unidos na sexta-feira, a que chamou
de "dia da raiva". Ele pediu à Autoridade Nacional Palestina (ANP)
que tenha "coragem suficiente para abandonar os acordos de Oslo e as
condições arbitrárias para os palestinos nesses acordos", em referência à
tentativa de mediação de paz entre Israel e Palestina na década de 1990, que
resultaram na criação da ANP. — E
diante desses desafios, repito que nossa posição é que não haverá
reconhecimento ou legitimização da ocupação do território da Palestina.
Israel e
os Estados Unidos consideram o Hamas, que lutou em três guerras contra Israel
desde 2007, uma organização terrorista. O grupo não reconhece o direito de
existência de Israel e seus ataques suicidas desencadearam a sua mais recente
intifada, de 2000 a 2005.
O Globo