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domingo, 7 de janeiro de 2024

Com milhares de mortos [ mais de 22 mil palestinos = a matança continua ] sepultamentos dignos são 'privilégio' em Gaza

Durante quatro dias, o corpo de Kareem Sabawi, de 10 anos, ficou enrolado em um cobertor num apartamento frio e vazio na Faixa de Gaza. Nesse período, e em meio ao intenso conflito no enclave, sua família se abrigou nas proximidades. 
Kareem morreu, contam seus pais, em um bombardeio israelense, e nos dias que se seguiram era especialmente perigoso sair às ruas. Sem conseguir oferecer um enterro digno ao filho, eles sepultaram o corpo do menino debaixo de um pé de goiabeira, no prédio vizinho. Morrer dignamente em Gaza havia se tornado um privilégio.
Quando Kareem morreu, a família ligou para o Crescente Vermelho da Palestina em busca de ajuda. Mas a invasão terrestre de Israel no norte da Faixa de Gaza acabara de começar
As ruas estavam bloqueadas por tanques e esvaziadas pelos tiros, impedindo os socorristas de ajudar famílias como a de Kareem a cuidar dos muitos mortos pelos bombardeios aéreos. 
Todos os dias, o pai do menino, Hazem Sabawi, sofria um duplo tormento: a imensa dor da perda e a incapacidade de proporcionar ao filho a dignidade de um enterro adequado. — Depois do quarto dia, disse que ou eu seria enterrado com ele, ou não o enterraria mais de jeito nenhum — disse ele, antes de detalhar como acabou decidindo colocar o corpo de Kareem debaixo de uma goiabeira, atrás do prédio de um vizinho. — Todo ser humano tem o direito de ser sepultado.
Não tem sido assim em Gaza. Já se passaram treze semanas desde que a guerra começou, após o ataque a Israel pelo Hamas, que matou cerca de 1,2 mil pessoas, segundo autoridades israelenses. Desde então, os que vivem no enclave têm sido forçados a enterrar seus mortos às pressas, sem cerimônia ou extrema-unção, para não arriscarem o mesmo destino dos entes queridos. 
Ao todo, mais de 22 mil palestinos foram mortos por Israel desde 7 de outubro, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.

O conflito transformou Gaza em umcemitério para milhares de crianças”, de acordo com as Nações Unidas. Mohammad Abu Moussa, radiologista do Hospital al-Nasr, no sul de Gaza, disse que “a situação chegou ao ponto em que dizemos que sortudos são aqueles que têm alguém para (e os conseguem) enterrar quando morrem”.

Tradicionalmente, os palestinos honram seus mortos com cortejos fúnebres públicos de luto. Tendas são erguidas nas ruas por três dias para receber os que desejam prestar condolências. Mas o que a guerra enterrou foram os costumes. Muitos mortos são agora deixados em valas comuns, nos pátios de hospitais ou, como Kareem, em jardins de quintal, muitas vezes sem lápides, com nomes rabiscados em mortalhas brancas ou em sacos para cadáveres. As orações — quando feitas — são realizadas rapidamente, em hospitais ou fora dos necrotérios.

Nebal Farsakh, porta-voz do Crescente Vermelho Palestino, disse que a violência impossibilita as equipes de resgate de chegarem aos locais dos ataques para recuperar os corpos. Algumas famílias ficam trancadas dentro de suas casas durante dias com os cadáveres de seus entes queridos, disse ela. Autoridades de saúde de Gaza estimam que cerca de 7 mil pessoas seguem desaparecidas no enclave, a maioria presumivelmente morta devido à enorme destruição causada pelos ataques israelenses. Em algumas residências, as pessoas pintaram com spray os nomes daqueles que estariam enterrados sob os escombros.

Corpos inchados e em decomposição
Quase dois milhões de civis foram deslocados e fizeram perigosas caminhadas a pé até o sul da Faixa de Gaza — encontrando pelo caminho forças israelenses com armas apontadas em sua direção. 
Dezenas de corpos, inchados e em decomposição, foram vistos pelos palestinos. 
Eles contaram ao New York Times que os soldados israelenses não lhes permitiriam sequer cobrir, muito menos enterrar, os mortos. Os militares disseram que agiram desta forma “por razões operacionais”, e também para determinar se entre os mortos estava algum refém israelense sequestrado pelo Hamas. 
 
No caso de Kareem, Sabawi conta que enterrá-lo era o mínimo que podia fazer por um filho que fora "incapaz de proteger".  
Ele e sua esposa disseram que um ataque aéreo israelense ocorreu perto de sua casa no início de novembro, quando a família preparava o almoço com a pouca farinha e alimentos que tinham. 
Sabawi foi atirado ao ar. Quando caiu no chão, a porta da cozinha tombou sobre ele. Ao se levantar, percebeu que a cabeça de Kareem estava sangrando.
Uma vala comum contendo 111 corpos foi trazida do norte de Gaza em novembro para um cemitério em Khan Younis — Foto: Yousef Masoud / The New York Times
Uma vala comum contendo 111 corpos foi trazida do norte de Gaza em novembro para um cemitério em Khan Younis — Foto: Yousef Masoud / The New York Times

Sabawi conta que o pegou no colo, apesar de seu braço estar ferido, e a família correu para o apartamento de um vizinho. Kareem ainda respirava. Seu pai, em pânico, administrava a reanimação cardiopulmonar. Mas era tarde demais. Os vizinhos acolheram a família e trouxeram um cobertor para envolver o corpo do menino. Ele esperou quatro dias, temendo que eles pudessem ser mortos por um ataque aéreo ou por um soldado israelense se saíssem para enterrá-lo.

Quando decidiu voltar à casa, Sabawi e um vizinho fizeram a proclamação da fé muçulmana antes de sair com o corpo do filho do apartamento. No jardim atrás do edifício, cavaram rapidamente uma cova rasa e nela depositaram Kareem, cobrindo-o com terra. Voltaram correndo para dentro. No dia seguinte, voltou correndo para colocar mais terra sobre a sepultura. Na goiabeira, pendurou uma lápide improvisada e colocou um tijolo no topo. E contou que, sempre que havia oportunidade, descia para colocar mais terra, esperando que o local “virasse uma cova de verdade”.

‘Não sei o que aconteceu com o corpo’
Ahmed Alhattab, pai de quatro filhos, disse que um foguete atingiu seu prédio na noite de 7 de novembro na cidade de Gaza. 
Lá dentro estavam 32 familiares, 19 deles crianças. 
A mídia palestina noticiou o ataque à época, estimando o número inicial de mortos em 10. 
Alhattab e três de seus filhos escaparam dos escombros, mas um deles, Yahya, de 7 anos, teve uma fratura no crânio e estava sangrando, relembrou. O pai carregou o menino ferido até encontrar uma ambulância.
 
Na manhã seguinte, disse, voltou com vizinhos e parentes, e eles desenterraram com as mãos quatro familiares mortos. 
Entre eles, seu sobrinho, com apenas 32 dias de vida
Eles os enterraram em uma única cova em um cemitério particular que pertencia a outra família. 
Era muito perigoso tentar chegar aos cemitérios públicos — alguns deles destruídos de qualquer forma pelas forças israelenses
O restante de sua família, 24 parentes, permaneceu sob os escombros.
Um funeral para crianças em Khan Younis — Foto: Samar Abu Elouf / The New York Times
Um funeral para crianças em Khan Younis — Foto: Samar Abu Elouf / The New York Times

No mesmo período, disseram a ele ser improvável que seu filho sobrevivesse. Enquanto os parentes se preparavam para fugir, contou, ele tomou a dolorosa decisão de deixar Yahya para trás e levar seus outros filhos para o sul, onde esperava que estivessem mais seguros. Quatro dias depois, ele ouviu de um amigo que o menino havia morrido no hospital, onde foi enterrado, ao lado de outros pacientes.— O enterro foi temporário. Não sei o que aconteceu com o corpo dele — disse Alhattab.

‘Ele queria enterrá-los’
Quando Fatima Alrayess, de 35 anos e que vive na Áustria, falou pela última vez com os dois irmãos mais novos, no dia 8 de novembro, eles disseram a ela que voltariam à casa da família. Muhammad, 31, e Muayid, 25, contaram que uma equipe da Defesa Civil estava a caminho do edifício de sete andares, que tinha sido derrubado por um ataque aéreo israelense três dias antes. 
Eles relataram que o ataque vitimou oito membros da família, incluindo seus pais.— Ele queria enterrá-los — disse ela sobre Muayid. 
 
Mas um cerco israelense a Gaza desde os primeiros dias da guerra levou à escassez de combustível, entre outros bens essenciais, dificultando o trabalho das equipes da Defesa. 
Naquele dia, elas recuperaram os corpos da mãe, do pai e de um sobrinho de 12 anos antes que escurecesse, soube Alrayess depois pelos irmãos. No dia seguinte, os corpos foram enterrados num cemitério. 
Os irmãos encontraram os socorristas na esperança de recuperar mais corpos. Duas irmãs ainda estavam desaparecidas.

Quando as equipes de resgate começaram a vasculhar os escombros, outro ataque aéreo israelense ocorreu, matando Muayid e Muhammad, bem como vários socorristas, conta Alrayess. As consequências imediatas do ataque foram captadas em vídeo por um fotógrafo local. Ele lamentou que os irmãos tivessem seguido seus pais na morte. — Meus pais foram enterrados à tarde — disse Alrayess. — Muayid e Muhammad foram enterrados naquela noite no mesmo cemitério.

Cinco membros da família permanecem sob os escombros.

Por

Em The New York Times — Gaza

 

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Trump e Kim Jong-Un, os dois se merecem

Confrontos entre soldados israelenses e palestinos deixam ao menos 18 feridos

Protestos em Cisjordânia e Faixa de Gaza contestam reconhecimento de Jerusalém como capital

Confrontos entre soldados israelenses e palestinos deixaram ao menos 18 feridos em zonas da Cisjordânia e da Faixa de Gaza nesta quinta-feira, informou o Crescente Vermelho, segundo o jornal "Haaretz". Os protestos que contaram com a presença de milhares de palestinos emergiram diante da reação inflamada no mundo árabe após o presidente americano Donald Trump reconhecer Jerusalém como capital de Israel, conforme anunciado na quarta-feira. Nesta quinta-feira, o Hamas convocou uma nova intifada contra Israel, incitando os palestinos a se manifestarem nas ruas.


De acordo com o jornal israelense, a organização relatou que ao menos 14 manifestantes palestinos ficaram feridos por inalação de gás e outros dois por tiros de balas de borracha nas cidades de Tul Karm e Qalqilyah na Cisjordânia, informou o jornal "Haaretz". Outros dois se feriram na Faixa de Gaza em meio a protestos contra Trump.  

Centenas de palestinos também compareceram a manifestações em Ramallah e Nablus, queimando imagens do presidente e da bandeira americana. Como reação aos atos de protesto, o Exército israelense recorre a métodos para dispersar a multidão, segundo um porta-voz. [os manifestantes palestinos estão desarmados ou no máximo utilizam pedras para arremessas nos soldados do Exército de Israel que estão bem armados, sendo um confronto bem desigual.]

Manifestantes palestinos queimam boneco de Donald Trump em repreensão à decisão americana de reconhecer Jerusalém como capital de Israel - JAAFAR ASHTIYEH / AFP

Diante da reação inflamada do mundo árabe, com protestos na Faixa de Gaza e na Turquia, o Exército israelense anunciou o envio de batalhões adicionais ao território palestino da Cisjordânia, e indicou que outros setores das forças de segurança estão prontas para intervir como "parte da preparação das IDF (Forças de Defesa de Israel) para possíveis desdobramentos". [os batalhões enviados pelo exército hebreu são formados por unidades blindadas - tanques são usados costumeiramente para reprimir protestos de palestinos armados com pedras e que são realizados na Faixa de Gaza;
é comum também que jatos da Força Aérea de Israel, super modernos, bombardeiem áreas palestinas, ocupadas por civis na Faixa de Gaza, civis armados com pedras.]


As divisões de Jerusalém - Cidade sagrada está no centro das disputas
entre Israel e Palestina




CONVOCAÇÃO À NOVA INTIFADA
O grupo islâmico palestino Hamas convocou nesta quinta-feira um novo levante contra Israel. O líder do Hamas, Ismail Haniyeh classificou a polêmica decisão do chefe de Estado americano como uma "declaração de guerra contra os palestinos", segundo a "Al-Jazeera". Por sua vez, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que vários outros países seguirão a decisão da Casa Branca, sem especificar quais.
— Devemos pedir e devemos trabalhar no lançamento de uma intifada diante do inimigo sionista. Só podemos enfrentar a política sionista apoiada pelos Estados Unidos com uma nova intifada — disse Haniyeh, num discurso em Gaza, frisando que Trump "matou" o processo de paz entre israelenses e palestinos. — Deixem 8 de dezembro ser o primeiro dia da intifada contra o ocupante — destacou.
Policiais israelense em ação para conter protestos palestinos contra o reconhecimento americano de Jerusalém como capital de Israel - ABBAS MOMANI / AFP


Haniyeh, eleito líder geral do grupo em maio, pediu que palestinos, muçulmanos e árabes se manifestem contra a decisão dos Estados Unidos na sexta-feira, a que chamou de "dia da raiva". Ele pediu à Autoridade Nacional Palestina (ANP) que tenha "coragem suficiente para abandonar os acordos de Oslo e as condições arbitrárias para os palestinos nesses acordos", em referência à tentativa de mediação de paz entre Israel e Palestina na década de 1990, que resultaram na criação da ANP.  — E diante desses desafios, repito que nossa posição é que não haverá reconhecimento ou legitimização da ocupação do território da Palestina.

Israel e os Estados Unidos consideram o Hamas, que lutou em três guerras contra Israel desde 2007, uma organização terrorista. O grupo não reconhece o direito de existência de Israel e seus ataques suicidas desencadearam a sua mais recente intifada, de 2000 a 2005.
 
O Globo