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O dia D foi neste domingo, 17 de janeiro. A Anvisa aprovou o uso emergencial das duas vacinas – tanto a da Coronavac, do Instituto Butantan, quanto a da Astrazeneca, da Fiocruz – e o governador João Dória fez a foto da primeira pessoa vacinada. Mesmo após a histórica aplicação, a briga entre o Ministério da Saúde e o governo de São Paulo continuou. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, insinuou que pode até entrar na Justiça contra o governo paulista. Mas houve um momento em que todo esse estresse dos últimos dias poderia ter sido superado. [o ministro Pazuello, lamentavelmente,contraiu um vírus comum no governo Bolsonaro = falar demais, falar desnecessariamente.
Tivesse mantido a descrição que o cargo exige, evitado apregoar seus planos e o Joãozinho Doria não tinha conseguido fotografar a primeira aplicação da vacina contra a covid-19 em solo brasileiro.
A foto expressa uma falsa preocupação do 'Bolsodoria' - Doria foi eleito governador com o apoio do presidente Bolsonaro; após ganhar, traiu o apoiador - com a saúde dos brasileiros = sua preocupação é apenas politizar a vacina e conseguir um reles capital político para usar em 2022 (esquece o Joãozinho que em 2022 a pandemia estará esquecida e o que vai contar é o desempenho da economia.
A gripe espanhola que matou 50.000.000 em todo o mundo foi esquecida e a covid-19 também será.)
Completando o raciocínio, embora nos sintamos constrangidos com nossa ousadia de aconselhar um oficial general sobre estratégia, vamos correr o risco: - General! se o senhor tivesse silenciado sobre requisitar as vacinas do governador paulista, a foto não teria sido tirada hoje e sim amanhã, aqui em Brasília, com o presidente Bolsonaro, o senhor e a primeira pessoa vacinada em solo brasileiro.
Era só ter trabalhado em silêncio, conversado com o presidente, e publicado hoje cedo uma Medida Provisória autorizando o Governo Federal a requisitar, em qualquer ponto do território nacional, a vacina contra a covid-19 e a foto estava garantida.
Publicada a MP, com força de lei, um emissário iria ir ao Butantan e requisitaria a vacina para Brasília - alguns centenas de doses. E amanhã cedo começaria a distribuição maciça em todo o território nacional.
Aplicando ao vivo e a cores algumas doses, nem o MD ministro Lewandowski poderia interromper o processo.
Quando aquela confusão de outubro, o senhor está certo “É simples assim: um manda e o outro obedece”.]
Era 20 de outubro de 2020, ou seja, três meses atrás, quando o Ministério da Saúde, comandado pelo soldado Pazuello, anunciou a intenção de comprar 46 milhões de doses da vacina Coronavac. O momento transmitia rara racionalidade do governo Jair Bolsonaro, gerando elogios efusivos de governadores. “Hoje assinamos com o Butantan. (Está) assinado. Menos de 24h depois da medida provisória, nós assinamos um contrato para entrega das primeiras 46 milhões de doses até abril e de mais 54 milhões no decorrer do ano, indo a 100 milhões de doses”, afirmou Pazuello, após tratar o imunizante do do laboratório chinês como a “vacina brasileira”. O ministro da Saúde ainda disse que o governo pretendia comprar o imunizante da Janssen, braço farmacêutico da Johnson & Johnson.
Sim, era uma esperança e tanto. Parecia até que havia baixado um pouco de sanidade e responsabilidade no governo de extremistas. Se tivesse prosseguido com o plano, o país teria apressado o processo para ter mais vacinas no Brasil, gerado mais recursos para o Instituto Butantan, com o aumento da produção. Hoje, estamos atrás de mais de 50 países que já começaram a aplicar as vacinas na população. É que no dia seguinte desse acordo, em 21 de outubro, a esperança acabou. A alegria durou pouco, como de costume neste governo. O presidente Bolsonaro teve mais um daqueles surtos e disse que a “vacina chinesa de João Doria” não seria comprada pelo governo. Como um menino que perde uma queda de braço, escreveu no Twitter com palavras em caixa alta: “O povo brasileiro NÃO SERÁ COBAIA DE NINGUÉM. ...
Blog Matheus Leitão - Matheus Leitão, jornalista - VEJA - MATÉRIA COMPLETA