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quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Ômicron e vacinas: O que se sabe sobre a eficácia da Pfizer, AstraZeneca e Coronavac contra a cepa - O Estado de S. Paulo

Considerada uma variante de preocupação pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi identificada primeiro na África do Sul em 24 de novembro. Até esta quarta-feira, já estava em 57 países, incluindo o Brasil.  Com isso, farmacêuticas e pesquisadores independentes fazem uma corrida para descobrir respostas. 

Ao mesmo tempo em que a variante Ômicron do coronavírus avança pelo mundo, pesquisas tentam medir o quanto as vacinas usadas até agora são capazes de proteger a população. Os estudos, ainda preliminares, mostram que a nova cepa pode escapar parcialmente de uma primeira barreira de proteção oferecida pelos imunizantes. As pesquisas sugerem um caminho para conter a Ômicron: doses de reforço.


Ômicron
Cientista sequencia amostra de variante Ômicron na África do Sul. Foto: Jerome Delay/AP - 08/12/2021

O temor sobre a Ômicron tem relação não só com o número de mutações, mas com a localização dessas variações dentro do vírus. Das 50 alterações genéticas na cepa, 32 estão na proteína spike, aquela que permite a entrada do vírus nas células humanas. Boa parte das vacinas usa a proteína spike para induzir a resposta imune - por isso alterações nessa parte do vírus preocupam tanto. 

As primeiras pesquisas para testar o impacto da variante na proteção das vacinas ainda são preliminares, não foram revisadas por outros cientistas e coletaram poucos dados. Esses estudos são realizados em laboratório: cientistas analisam a interação entre amostras de sangue de pessoas vacinadas (com anticorpos) e a nova variante. As primeiras conclusões são de que há queda na capacidade da vacina de produzir anticorpos que neutralizam a Ômicron - o que os cientistas já esperavam.

Segundo uma pesquisa realizada na África do Sul com 12 pessoas, houve declínio de 41 vezes nos níveis de anticorpos neutralizantes contra a nova variante em vacinados com a Pfizer. O estudo, do Instituto de Pesquisa em Saúde de Durban, também apontou que a proteção parece ser maior entre os que já tinham se infectado antes de tomar a vacina.

Para Alex Sigal, virologista que conduziu o estudo, os dados trazem boas notícias, apesar de ser preocupante a queda de anticorpos. Ele temia que as vacinas pudessem não fornecer qualquer proteção contra a variante, mas isso não ocorreu. Havia o risco de que a Ômicron tivesse encontrado uma nova "porta" para entrar nas células - o que tornaria os anticorpos de vacinas inúteis. “Todo o nosso esforço iria para o lixo”, disse, ao anunciar os resultados.

Outra pesquisa preliminar, realizada por cientistas ligados ao Instituto Karolinska, na Suécia, e à Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul, mostrou que a redução na capacidade de neutralização dos anticorpos é variável. Em algumas amostras, quase não houve diminuição e, em outras, houve queda de 25 vezes em relação ao “vírus original”. "A neutralização não é completamente perdida, o que é positivo", afirmou Ben Murrell, pesquisador do Instituto Karolinska, nas redes sociais.

Nesta quarta, um novo estudo, realizado pela Pfizer e a BioNtech, indicou que, com um esquema de duas doses, a quantidade de anticorpos neutralizantes contra a variante Ômicron diminui, em média, 25 vezes em relação aos produzidos contra o vírus original. E que “duas doses podem não ser suficientes para proteger contra a infecção" pela nova variante, conforme informaram as empresas. A pesquisa analisou 39 amostras.

Essa queda em anticorpos neutralizantes era esperada pelos cientistas - justamente por causa do número de mutações da Ômicron - e deve ocorrer com outras marcas de vacinas. Stéphane Bancel, CEO da Moderna, imunizante aplicado nos Estados Unidos, já havia previsto “queda significativa” na proteção das vacinas existentes contra a Ômicron. A declaração causou mau humor no mercado: bolsas de todo o mundo caíram após a fala.

Mas as últimas pesquisas não significam que as vacinas são ineficazes contra a Ômicron. Especialistas ponderam que os anticorpos analisados até agora em laboratórios não são a única barreira proporcionada pelos imunizantes. As vacinas também induzem outros tipos de resposta imune, como as células T, que matam células infectadas e são importantes para evitar que uma pessoa infectada adoeça.“A Ômicron escapa mais do que as outras (variantes). Isso tudo é esperado. Mas, provavelmente, ainda vamos ter proteção em termos de hospitalização, de doença sintomática”, diz Cristina Bonorino, imunologista e membro dos comitês científico e clínico da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI). A expectativa é de que a vacinação evite a forma grave da covid-19, mesmo diante da Ômicron. Cientistas, no entanto, só poderão confirmar isso com análises de como as vacinas se comportam no mundo real.

Nesta quarta, a Pfizer anunciou que os vacinados “ainda devem estar protegidos contra formas graves da doença”, já que o mecanismo de ativação das células T não parece ter sido afetado pelas mutações da Ômicron. “Já observamos isso. Sabemos que temos uma proteção clínica (com as vacinas), mas não em relação à infecção e transmissão”, diz o virologista Fernando Spilki, da Universidade Feevale e coordenador da Rede Corona-ômica.Br, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.

A pesquisa realizada pela Pfizer também apontou que pessoas que receberam uma 3ª dose há um mês tiveram níveis de anticorpos neutralizantes contra a Ômicron compatíveis às taxas verificadas após duas doses da vacina contra outras variantes. “Está claro com esses dados preliminares que a proteção é aumentada com uma 3ª dose da nossa vacina, disse Albert Bourla, CEO da Pfizer. Ele também disse que é possível que a população venha a precisar de uma 4ª dose. 

Teste da Coronavac mede efeitos após 3ª dose
Na mesma linha, o cientista Xiangxi Wang, pesquisador principal do Laboratório de Infecção e Imunidade do Instituto de Biofísica da Academia Chinesa de Ciências, afirmou nesta quarta que uma 3ª dose da Coronavac, desenvolvida pela chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, produz anticorpos capazes de reconhecer a Ômicron.

Ele citou uma triagem de mais de 500 unidades de anticorpos neutralizantes obtidos após a 3ª dose. “Cerca de um terço dos anticorpos apresentou grande afinidade de ligação com a proteína spike das cepas de preocupação, incluindo a Ômicron”, afirmou. Segundo o Butantan, os cientistas ainda vão testar a capacidade de neutralização desses anticorpos contra o vírus para confirmar a sua eficácia. Esses dados não foram detalhados ou publicados em revista científica. “Dar a terceira dose é o que temos agora”, afirma Jorge Kalil, imunologista da Faculdade de Medicina da Faculdade da Universidade de São Paulo (USP). Ele lembra que o desenvolvimento, a testagem e a aprovação de uma vacina completamente adaptada à Ômicron pode levar meses - tempo que os países não devem estar dispostos a esperar diante da nova variante.

Uma vacina adaptada da Pfizer, por exemplo, estaria disponível "até março", segundo a farmacêutica. Apesar de apontar o benefício da dose de reforço, a Pfizer afirmou que continua avançando no desenvolvimento de um imunizante específico para a Ômicron, “caso uma adaptação seja necessária para aumentar ainda mais o nível e a duração da proteção”.

Outras farmacêuticas ainda não publicaram dados sobre a proteção das vacinas diante da Ômicron, mas dizem estar pesquisando. A AstraZeneca, fabricante do imunizante largamente usado no Brasil, informou que a plataforma de vacina desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford “permite responder rapidamente a novas variantes que possam surgir”.

Disse ainda que já iniciou pesquisas em locais onde a variante foi identificada, nos países africanos Botsuana e Essuatíni, “que nos permitirá recolher dados do mundo real da vacina contra esta nova variante do vírus”. A Johnson & Johnson informou que também está testando amostras para medir a atividade neutralizante da Janssen contra a Ômicron. Paralelamente, a companhia busca uma vacina específica para a variante “e irá desenvolvê-la, conforme for necessário”, afirmou.

Enquanto novas pesquisas não são publicadas, a recomendação de especialistas e autoridades de saúde é vacinar - com as vacinas que temos - o maior número de pessoas. “Esses resultados são mais um estímulo para a vacinação, para as pessoas buscarem o reforço”, diz Spilki. "Se não vacinarmos as pessoas, vão surgir variantes que escaparão da vacina. Por enquanto, quem se vacinou está razoavelmente protegido e quem não se vacinou deve se vacinar, mesmo tendo tido a doença", completa Cristina Bonorino, professora titular da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. 

Nesta quarta, a OMS afirmou que a Ômicron pode mudar o curso da pandemia e pediu aos países que vacinem o mais rapidamente possível.

Saúde -  O Estado de S. Paulo

 


sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Governadores ignoram Ministério da Saúde e vacinação de adolescente continua

Ministério da Saúde manda suspender a imunização de jovens entre 12 e 17 anos sem comorbidade contra a covid-19 por falta de "evidências científicas sólidas" e "cautela". Governadores, porém, anunciam que vão ignorar a ordem e se baseiam em decisão da Anvisa tomada em junho

A confusão causada pelo Ministério da Saúde, que suspendeu a indicação de imunizar os adolescentes entre 12 e 17 anos sem comorbidades contra a covid-19, colocou o governo federal em rota de colisão com os estados. Alguns governadores anunciaram que ignorarão a decisão e que continuarão a vacinação desse grupo. Além disso, especialistas criticaram a decisão da pasta, salientando que gerou confusão e insegurança.

Um dos estados que não seguirão a determinação do ministério é São Paulo e informou a continuação por recomendação do Comitê Científico de estado. Segundo o Palácio dos Bandeirantes, foram imunizados cerca de 72% deste público. “São Paulo lamenta a decisão do Ministério da Saúde, que vai na contramão da orientação do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass) e de autoridades sanitárias de outros países. A vacinação nessa faixa etária já é realizada nos Estados Unidos, no Chile, no Canadá, em Israel, na França, na Itália, entre outras nações. A medida cria insegurança e causa apreensão em milhões de adolescentes e famílias que esperam ver os seus filhos imunizados, além de professores que convivem com eles”, diz nota do governo paulista. [São Paulo não aceitar uma decisão do governo federal só surpreende aos estúpidos - todos agora, felizmente, na esquerda. Afinal, aquele  Estado é considerado por seu atual governador, o 'joãozinho', um curral eleitoral e em tudo que 'joãozinho' tiver condições de usar aquele Estado para tentar ser candidato em 2022, ele faz. Percebam que nos referimos não a ele ganhar a eleição - lhe faltam cacife e votos - e sim ser indicado para ser candidato, já que por enquanto ele é apenas um candidato a candidato.
Aliás,  o Brasil vive a fase expressa naquele provérbio português: "Onde muitos mandam, ninguém obedece."
Atualmente no Brasil o Supremo manda - inclusive nos outros dois Poderes, que diz a Constituição são harmônicos e independentes; O Poder Legislativo manda. 
Só quem não manda é o Presidente da República Federativa do Brasil, Chefe do Poder Executivo da União. 
Ele só manda quando alguma coisa dá errado, ainda que ele tenha sido impedido de fazer por decisão de um dos dois Poderes - neste caso o Poder que decidiu impedir o Presidente de fazer o que considerava certo, simplesmente dá para trás e diz que nada ter a ver com a confusão.]

A nova recomendação é de que os jovens de 12 a 17 anos sem comorbidades que tomaram a primeira dose da vacina contra a covid-19 não devem retornar para a segunda. “Em relação a orientação, aqueles sem comorbidades, independentemente da vacina que tomaram, param e não tomam outra. Por uma questão de cautela, até que se tenha mais evidências, como falei aqui, para se seguir em frente”, disse o ministro Marcelo Queiroga, da Saúde.

No caso dos jovens dessa faixa com comorbidades ou deficiência que tomaram a dose da Pfizer, única autorizada para esse grupo, deve-se completar a cobertura imunológica com a segunda. Já os adolescentes, com ou sem comorbidades, que tomaram alguma vacina diferente da Pfizer, não devem buscar a segunda aplicação.

Explicação
O ministério tentou explicar as razões para a suspensão. Segundo Queiroga, a decisão foi tomada por causa da falta de “evidências científicas sólidas” e “cautela”. Além disso, Queiroga reclamou que muitos municípios aplicaram vacinas que não estavam autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para esse grupo.

Segundo o ministro, um efeito adverso grave — segundo anunciou o governo — que motivou a paralisação da vacinação dos adolescentes sem comorbidades é a morte de um jovem, de 16 anos, em São Paulo, que tomou a Pfizer. Mas a relação do óbito com a vacina não foi comprovada e a Anvisa iniciou a investigação do episódio — mas ressaltou que não seria necessário mudar as condições aprovadas para a vacina. “A Anvisa já iniciou avaliação e a comunicação com outras autoridades públicas e adotará todas as ações necessárias para a rápida conclusão da investigação. Entretanto, com os dados disponíveis até o momento, não existem evidências que subsidiem ou demandem alterações nas condições aprovadas para a vacina”, disse a agência, que aprovou a aplicação da Pfizer em adolescentes entre 12 e 17 anos em junho.

Mesmo com o aval da agência, Queiroga disse que as evidências científicas da vacina em relação aos subgrupos “estão sendo construídas”. “Recentemente, o NHS (órgão regulador inglês) restringiu a vacina nos adolescentes sem comorbidades. Àqueles que já tinham sido imunizados com a primeira dose, se recomendou parar por ali e aplicar as duas doses somente nos com comorbidades. Em função desses aspectos todos, nós resolvemos restringir essa imunização aos adolescentes acima de 12 anos com comorbidades e aqueles privados de liberdade”, explicou.

Crítica aos gestores
O ministro Marcelo Queiroga, da Saúde, criticou ontem
o fato de estados e municípios não seguirem as regras do Programa Nacional de Imunizações (PNI) contra a covid-19. Irritado, acusou os gestores de terem começado a vacinar adolescentes antes da data indicada pela pasta e que muitas cidades aplicaram doses que não estavam autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a esse grupo — a única autorizada é a da Pfizer. “A vacinação era para começar ontem (quarta-feira) nos adolescentes acima de 12 anos. Sabe quantos já tem vacinados no Brasil? Quase 3,5 milhões de adolescentes. Como é que nós conseguimos coordenar uma campanha nacional de imunização dessa forma?”, indignou-se. [No DF o governador Ibaneis destrambelhou de vez acelerou a aplicação da  segunda dose e para os adolescentes e reduziu a imunização com a primeira dose. As contas não vão fechar = faltarão  imunizados com a primeira dose para recebimento da segunda.]
Segundo dados do Ministério da Saúde, dos 3.538.528 adolescentes que receberam pelo menos uma dose, 26.777 receberam aplicações de AstraZeneca, Janssen e CoronaVac, imunizantes que não têm autorização para serem aplicados na faixa etária. Os demais tomaram a vacina da Pfizer. Além de continuar com a vacinação dos jovens de 12 a 15 anos, os secretários de Saúde estaduais e municipais pediram, ontem, à Anvisa, uma posição da agência. O ofício foi assinado pelos presidentes dos conselhos nacionais de secretários de saúde estaduais (Conass) e municipais (Conasems). A solicitação foi feita porque diversos estados e cidades começaram a vacinar adolescentes sem comorbidades com a vacina da Pfizer, única autorizada pela autarquia a ser utilizada neste público.

Brasil - Correio Braziliense


domingo, 25 de julho de 2021

Penalizar tudo, punir nada - O Globo - [só o maior corrupto da história do Brasil, não é punido]

 Onze estados investigam busca por 3ª dose da vacina contra Covid-19, que pode ser crime 

[tentaram punir o Lula - o maior ladrão da história do Brasil; só que o Supremo anulou as condenações - alegou que o criminoso foi denunciado na 'vara errada' -isso após processo passar por mais de dez juízes e a condenação sentença ser confirmada em várias instâncias.
Se o cidadão não quer se vacinar, querem punir = até um passaporte sanitário pensam criar. Quando corre atrás, querendo reforçar a vacina tentando garantir mais uma dose, também querem punir.
São inúmeras leis, punindo os pequenos - só que os verdadeiros criminosos, os maiores ladrões não são punidos.
No Brasil, quando você pensa em cometer um crime ou deseja que alguma autoridade seja presa, querem te punir. Mas os que matam, roubam - especialmente dinheiro público - se dão bem.]

Número pode ser maior, considerando que muitas denúncias não chegam às autoridades 

Enquanto 45% da população brasileira tem apenas a primeira dose contra a Covid, Ministérios Públicos de ao menos sete estados acompanham casos de pessoas que burlaram o processo de vacinação e tomaram uma terceira aplicação. Secretarias de Saúde de outros quatro estados relatam tentativas e casos de pessoas “revacinadas” após as duas doses de praxe. O número pode ser maior, pois muitas denúncias não chegam aos órgãos de saúde e menos ainda às instâncias encarregadas de investigar e punir as irregularidades.

Após os sommeliers de vacina e dos fura-fila, os “caçadores da terceira dose” são mais um desafio à campanha brasileira contra a Covid-19. São pessoas que dizem não se sentir seguras com apenas duas doses e buscam um “reforço”. Para órgãos de Justiça, isso é crime. O ato pode ser enquadrado como tentativa de fraude e estelionato. As punições podem incluir multa e até prisão.
 
Um dos estados com mais casos conhecidos é Minas Gerais, onde o Ministério Público entrou com ação contra um casal de Belo Horizonte que foi imunizado três vezes. Depois de tomarem duas doses de CoronaVac na capital, eles viajaram para Rio Novo, onde têm uma fazenda e foram revacinados, com uma dose da Pfizer. [o casal falsificou algum documento para tomar a terceira dose? 
fez alguma declaração falsa para a receber a terceira dose? 
salvo melhor juízo, entrar na fila, fazer uma  ficha sem declarar nenhum dado falso não é crime.O que pode ser alegado é falta de ética, egoísmo, que tira a vacina de outra pessoa.
Só que no Brasil, nao ter vergonha na cara,  não é crime.] O MP quer impedir que o casal tome a segunda dose da Pfizer, ou a primeira de algum outro imunizante, sob pena de multa de R$ 1 milhão.

A Promotoria de Minas também abriu investigação contra pessoas que teriam tomado quatro doses em Viçosa. Um homem recebeu duas doses da CoronaVac na cidade, depois viajou para o Rio, onde tomou uma dose da AstraZeneca, e por fim foi à Divisão de Saúde da Universidade Federal de Viçosa, onde recebeu uma dose da vacina da Pfizer. A mulher dele teria feito o mesmo. [vale o comentário acima]

Veja também:  Após vencerem a Covid-19, pacientes morrem de infecção hospitalar por falta de antibiótico

Também no estado, um idoso de 75 anos de Guaxupé conseguiu até liminar na Justiça para tomar uma terceira dose, alegando ter várias comorbidades. O MP entrou com recurso, e a liminar foi suspensa.  A discussão sobre a necessidade de uma terceira dose que reforçaria a resposta imunológica para a Covid já foi levantada em alguns países. O debate também acontece no Brasil, mas não deve se concretizar até que a população complete o esquema de duas doses. Enquanto isso, cada região do país decide como proceder em relação às pessoas que aproveitam brechas para se revacinar.

Segundo a epidemiologista Carla Domingues, ex-coordenadora do Plano Nacional de Imunizações (PNI), não há estudos que comprovem que tomar uma terceira dose de vacina traga prejuízos à saúde. A atitude prejudica a campanha, diz ela: — Tira a vacina de outra pessoa e consequentemente vamos demorar mais a ter a imunidade coletiva para voltar ao normal. Além de ser um egoísmo, demonstra a falta de qualquer senso de responsabilidade social.

Vamos eliminar ou conviver com o coronavírus?  Cientistas traçam 4 cenários para o mundo a partir de 2022

O epidemiologista Paulo Lotufo, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, argumenta o mesmo: — Não há risco individual, exceto que o egoísmo não faz bem ao ser humano.

O tema ainda não chegou ao Ministério da Saúde. A pasta afirma que “não recebeu nenhum tipo de denúncia de pessoas que estejam recebendo, inadvertidamente, uma terceira dose de vacinas Covid-19”. Em coletiva de imprensa na última quarta, questionado especificamente a respeito de pessoas que tinham burlado o sistema para tomar uma terceira dose, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, se esquivou e disse que “aí é com a Polícia Federal”. A reportagem já havia consultado o órgão, que respondeu que esse tipo de investigação ficaria a cargo das secretarias de Segurança Pública.

Indício de 29 mil casos
Um estudo realizado pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL) encontrou registros de que ao menos 29.570 pessoas em todo o país receberam pelo menos três doses de vacina. A análise considerou dados abertos do Ministério da Saúde até 24 de junho. O coordenador do Laboratório de Estatística e Ciência de Dados da Ufal, Krerley Oliveira, explica que os pesquisadores corrigiram inconsistências conhecidas no banco de dados, como informações que aparecem duplicadas. Ainda assim, não é possível ter certeza de que todas essas pessoas tomaram mais de duas doses, porque podem existir outros erros. É um “forte indício”, segundo Oliveira.

Os dados mostram que cerca de 70% das vacinas de primeira e segunda dose são CoronaVac, enquanto 60% das doses a mais são da AstraZeneca, indicando que a maioria dos casos não seriam causados por erros. São Paulo é o estado com maior número de casos no levantamento da Ufal. No início do mês, a Secretaria municipal de Saúde de São Paulo notificou o Conselho Regional de Medicina após ter recebido denúncia de que dois médicos tomaram uma terceira dose da vacina em unidades “drive-thru”. A secretaria municipal também apura o caso de revacinação de dois estudantes de Medicina. O MP de São Paulo acompanha outros quatro casos. Um deles, o de uma veterinária de Guarulhos que, já vacinada com duas doses da CoronaVac, foi a outro posto de vacinação, onde recebeu uma dose da Janssen. Depois, se gabou do feito nas redes sociais.

No Rio, a Secretaria municipal de Saúde não divulgou números, mas afirma que a investigação é importante para confirmar a tentativa de fraude. No Espírito Santo, o Ministério Público recebeu 393 denúncias de irregularidades relacionadas à vacinação, entre “caçadores da terceira dose”, fura-filas e pessoas que apresentaram laudos falsos para ter prioridade na imunização.

Rastreamento prévio
Duas cidades do Sul do país afirmam ter conseguido evitar a revacinação ao rastrear os casos. Segundo a Secretaria de Saúde de Santa Catarina, a terceira aplicação em uma mulher em Balneário Camboriú foi recusada. Situação semelhante ocorreu em Porto Alegre, segundo a prefeitura. No Paraná, o MP informou investigar um caso em Carlópolis.

O Ministério Público de Tocantins informou que foi notificado sobre o caso de uma médica que teria recebido a terceira dose da Pfizer, após ter tomado duas da CoronaVac em Araguaína. Também no Norte, os Ministérios Públicos do Amazonas, Roraima e Pará informaram que não receberam denúncias.

Mudança de imunizante:  Ministério da Saúde recomenda que grávidas vacinadas com AstraZeneca tomem segunda dose da Pfizer

No Nordeste, o Ministério Público de Alagoas instaurou um procedimento administrativo para investigar se houve aplicação de terceiras doses, após o levantamento da Ufal.  No Rio Grande do Norte, segundo o portal G1, uma assistente social e uma psicóloga foram exoneradas em Macau, na região da Costa Branca, após a prefeitura do município descobrir que elas tomaram uma terceira dose de vacina. O MP informou que a apuração está em curso.

No Centro-Oeste, o único local no qual há registro de denúncias sobre pessoas que possam ter tomado indevidamente a terceira dose foi o Distrito Federal. Segundo o Ministério Público Estadual do Distrito Federal e Territórios, o órgão apura denúncia de que servidores da Secretaria de Educação teriam tomado indevidamente dose única da vacina da Janssen, mesmo após terem sido imunizados com outras vacinas. [estranho é que nada falam sobre a mania do Ibaneis, governador do DF, de segurar vacinas???  Não se sabe para que - apenas aquela autoridade local  segura doses, enquanto a vacinação é interrompida por falta do imunizante] O MP pediu informações à Secretaria de Saúde para seguir com as investigações sobre o caso, mas não informou se os dados já foram repassados. O tema não chegou na Polícia Civil e nem no MPF.

O Globo
 

sábado, 17 de julho de 2021

Eficácia x eficiência: compare as vacinas contra covid disponíveis no Brasil - IstoÉl

Mesmo com o avanço da vacinação, a pandemia de covid-19 entra em um momento delicado com a expansão da variante delta, surgida da Índia e presente em ao menos 92 países. À medida que os laboratórios tentam descobrir o quanto seus imunizantes protegem contra as novas mutações do coronavírus, novos estudos sobre eficiência e eficácia são publicados e permitem compreender melhor como combater a crise sanitária internacional.

Para entender as diferenças entre os estudos científicos publicados é 
importante distinguir três conceitos básicos: 

1 – A eficácia de uma vacina é analisada em um ambiente controlado, geralmente em testes da fase 3, e é eficaz quando produz o efeito esperado. Dentro desta perspectiva, as taxas de eficácia das vacinas contra a Covid-19 são:

– Moderna: 95,5%
Pfizer: 95% 
– Sputnik V: 91,6%
Novavax: 89,3%
– AstraZeneca: 70%
– Janss
en: 66%
– Coronavac: 50,4%

É fundamental ressaltar que essas taxas de eficácia dizem respeito à proteção contra a forma leve da doença. Considerando-se as formas mais graves de desenvolvimento da Covid-19 e os óbitos decorrentes desse agravamento, as vacinas apresentam uma proteção muito maior. A campanha de vacinação visa à imunização de toda uma população, o que permitiria controlar a circulação do vírus, então o fenômeno de escolha de vacinas não se justifica.

2 – A efetividade diz respeito ao mundo real, com todas as adversidades e alcance em massa sob condições adversas – é efetiva quando observada de uma perspectiva realista de impacto e proteção em uma sociedade

3 – A eficiência é atrelada à relação custo-efetividade, ou seja, leva em consideração seu custo e aplicação (dose única ou dupla).

CoronaVac
Acusada de ter a mais baixa eficácia contra a forma leve da Covid, a vacina produzida no Instituto Butantan também tem sido majoritariamente utilizada no Chile. Um estudo, o primeiro sobre a efetividade da coronavac, publicado no último dia 7 de julho pela revista científica New England Journal of Medicine, com dados de vacinação chilenos, aponta que o imunizante teve efetividade de 86% na prevenção de mortes provocadas pela Covid-19. O levantamento analisou um grupo de 10,2 milhões de chilenos entre 2 de fevereiro e 1 de maio. As conclusões listam as efetividades da Coronavac:

– Prevenção de casos de Covid-19: 65,9%
– Prevenção de hospitalizações: 87,5%
– Prevenção de internações em UTI: 90,3%
– Prevenção de mortes: 86,3%

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AstraZeneca
Desenvolvida no Brasil em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a vacina teve um novo estudo de eficácia feito pela Universidade de Oxford com 32 mil participantes na Inglaterra que elevaram sua eficácia dos 70% originais para 79% contra casos sintomáticos de Covid-19. Alvo de polêmica pelo risco raro de desenvolvimento de coagulação sanguínea e trombose, é consenso médico que os benefícios da vacina superar em muito qualquer risco de efeito colateral.

No Brasil, a Fiocruz concluiu no início deste mês um estudo de efetividade com 40 milhões de brasileiros a partir dos 60 anos que tomaram AstraZeneca e CoronaVac. Os números confirmam a efetividade de ambos os imunizantes: com uma dose, a efetividade das vacinas foi de 73,7% entre 60 e 79 anos, o que aumenta para 79,8% com as duas doses na mesma faixa etária. Há evidências de eficiência de 92% de proteção contra a variante gama, diz estudo da Public Health England

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Janssen
A vacina da Johnson & Johnson possui dose única e apresentou eficácia de 66% que aumenta para 85% (após 28 dias da aplicação) contra casos graves e 100% de proteção contra hospitalização e morte após 28 dias da aplicação. Os dados são do Laboratório Farmacêutico Janssen em parceria com o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês), com mais de 44 mil voluntários de Argentina, Brasil, Chile, México, Colômbia, Peru e África do Sul.

A Food and Drug Administration, agência reguladora dos Estados Unidos, informa eficácia geral de 72% da Janssen.

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Pfizer
Das preferidas dos “sommeliers de vacina” devido à alta eficácia, a vacina Pfizer apresentou efetividade reduzida contra as variantes alfa e beta, de acordo com estudo da agência inglesa de saúde pública (Publich Health England). Foram analisados 14 mil casos da variante delta entre 12 de abril e 4 de junho deste ano.

96% de efetividade contra hospitalização provocado pela variante delta após 2 doses – a AstraZeneca apresentou efetividade de 92% nas mesmas condições.

– 88% de proteção contra formas leves de Covid-19 causados pela delta

Já uma pesquisa israelense publicada na revista Nature indica que a Pfizer perde eficácia após seis meses da aplicação – sua taxa de proteção contra sintomas leves caiu para 64%.

Covaxin
Eficácia: 81%
Aplicação: 2 doses entre 28 dias
Custo: US$ 15
Tecnologia: vírus inativado
Armazenamento: entre 2ºC e 8ºC
Fabricação: Índia
Situação na Anvisa: registro emergencial concedido em 4 de junho

Sputnik
Eficácia: 91,6%
Aplicação: 2 doses entre 21 dias
Custo: R$ 69,36 a dose
Tecnologia: adenovírus geneticamente modificado
Armazenamento: -18ºC
Fabricação: Rússia
Situação na Anvisa: registro emergencial concedido em 4 de julho

Apesar das comparações numéricas, não é possível comparar as taxas de eficácia e efetividade das vacinas pois cada estudo é feito em contextos diferentes, com pessoas e países distintos. Importante ressaltar que diversas pesquisas ainda estão em andamento e é natural haver distorções e diferenças entre os imunizantes que, embora apresentem uma proteção menor contra a variante delta, ainda são eficazes e eficientes contra todas as variantes que surgiram até o momento.

 Em IstoÉ, saiba mais


sexta-feira, 16 de julho de 2021

Recesso? - Alon Feuerwerker

Análise Política
E a Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado da Covid-19 entrou num teórico recesso, acompanhando a parada parlamentar decorrente da votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias. Mas é possível, ou provável, que continue abastecendo o noticiário com achados a partir de documentos das já aprovadas quebras de sigilo. Que até agora parece não ter rendido muita coisa, mas sem as oitivas (interrogatórios) para ocupar o tempo abre-se a oportunidade de avançar nesse outro caminho.

A sessão de hoje recolheu mais detalhes sobre a suposta negociação, afinal abortada, para a aquisição por meio de atravessadores de centenas de milhões de doses da vacina AstraZeneca. E da Janssen. É uma teia com a participação fulgurante de diversos militares da reserva, que naquele momento estavam em escalões inferiores (do segundo para baixo) da Saúde. Afinal, acabou acontecendo o previsível, e que foi previsto: quem sai na chuva (militares da reserva em cargos civis) corre o risco de de molhar.

[caso a CPI Covidão arranje alguma noção - condição difícil de ser alcançada, com os dirigentes que possui - vai constatar que tem milhões de bytes registrando narrativas fantasiosas e nenhum fiapo de provas. 
Para ferrar de vez com a turma do Aziz, Calheiros, Rodrigues, 'drácula' e Barbalho, os fatos relevantes que ocorreram envolvendo integrantes da CPI foram:
a - indiciamento pela Polícia Federal do relator Calheiros; e,
b - a doença do presidente Bolsonaro e a viagem do vice-presidente Mourão, que trouxeram  à tona, a possibilidade de Arthur Lira não ter condições de assumir a presidência da República. Entendimento do Supremo proíbe que réus em ações penais no STF, possam assumir, ainda que temporariamente, a presidência da República. Imagine quem presidia o Senado, se tornou réu em ação penal, e foi impedido pelo STF de assumir a presidência da República?  o relator Calheiros.
Os fatos apontados em 'a' e 'b' diminuem mais ainda a credibilidade, que é praticamente nenhuma,   da Covidão.]
Há várias lacunas nesta história das vacinas e dos atravessadores, mas uma é mais intrigante.  
Se autoridades tomaram conhecimento de centenas de milhões de doses de vacinas disponíveis para comercialização, num cenário global de escassez de imunizantes, por que não ocorreu a ninguém ligar, ou mandar uma mensagem, ou um ofício, aos fabricantes? 
Para perguntar se, afinal, as vacinas existiam mesmo. Porque se existissem seria então o caso de comprar direto da fábrica.
Sem contar que a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) é parceira da AstraZeneca, vacina hoje presente, em ordem de grandeza, nos braços de metade dos vacinados no Brasil. Imagina-se que não haveria dificuldade de a Fiocruz negociar diretamente com a AstraZeneca. 
Ou seja, a presença da plêiade de personagens que hoje desfilam pela CPI era absolutamente dispensável no palco político-sanitário montado em torno do tema Covid-19 e vacinas.

Para o governo, a boa notícia é que a CPI, apesar do esforço, quando a pauta é corrupção, ainda sequer resvalou no primeiro escalão ministerial ou na presidência da República. Prorrogada, ela tem agora mais três meses para tentar aproximar-se do verdadeiro objetivo.

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político


terça-feira, 13 de julho de 2021

Mistérios - Alon Feuerwerker

Análise Política

Um mistério dos alguns que faltam desvendar pela Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado da Covid-19: como e por que o Ministério da Saúde estendeu a conversa com supostos intermediários na compra de vacinas, dado que os laboratórios arrastados para a confusão afirmam e reafirmam não usar intermediários nas negociações com governos para vender o imunizante contra a Covid-19.

Ou seja: como o ministério deixa esticar conversas com autonomeados intermediários sem pedir comprovação de que de fato representam os laboratórios cujas vacinas propõem intermediar? 
Um ofício, um documento. Ou, no mínimo, mandar mensagem para o laboratório perguntando: "Vem cá, fulano de tal realmente representa a empresa dos senhores e tem como negociar vacinas?".

Num planeta em que vacinas são disputadas a tapa pelos países não produtores, como é que se envereda numa conversa com alguém que diz ter centenas de milhões de doses de vacinas para entregar, sem que tenha ocorrido a alguém a seguinte ideia: "Se a AstraZeneca ou a Janssen têm esse tanto de vacinas disponíveis, não seria o caso de negociar diretamente com eles?".

É possível que haja respostas a essas e outras perguntas, mas não resta dúvida a esta altura que alguém se enredou numa conversa complicada com alguém, ou alguéns. E isso está tendo impacto direto não apenas na política, mas talvez na própria vacinação. Pois uma CPI que começou empenhada em questionar por que não temos mais vacinas repentinamente inverteu a rota.

No momento, as curvas de casos e mortes estão em queda. Mas nada impede haver um novo repique, eventualmente trazido por alguma nova variante. Deveríamos portanto estar todos orientados a buscar a maior quantidade de vacinas possível. Mas parece que não há mais ninguém no país interessado em seguir esse caminho.
 
Alon Feuerwerker, jornalista e analista político
 

 

domingo, 21 de março de 2021

OAB pede ao STF que obrigue Bolsonaro a comprar vacinas para imunização em massa

A ação acusa o governo federal de encarar a vacinação 'mais como um problema do que uma solução'

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para obrigar o presidente Jair Bolsonaro a adquirir vacinas suficientes para a imunização em massa da população contra a covid-19. A ação é assinada pelo presidente da entidade, Felipe Santa Cruz, que acusa o governo federal de encarar a vacinação 'mais como um problema do que uma solução', levando a atrasos nas campanhas de imunização e aumento do risco do surgimento de novas variantes no País.

[os milhões de brasileiros que querem ser vacinados,  precisam ser imunizados, esperam que a OAB, tenha informado em sua ação nome e demais dados que identifiquem quais farmacêuticas dispõem de vacinas para pronta entrega. 
A matéria sobre comento, mostra que  o Brasil comprou 138.000.000 de doses para entrega até o final deste ano e contratou mais 562 milhões de doses para entrega também em 2021.  O total de doses comprado da Pfizer/BioNTech e da Johnson é suficiente para vacinar mais de 2/3 da população brasileira - neste número não está incluso a população com menos de 18 anos. 
Comprar vacina não é problema, não justifica tomar o tempo do STF. O que atrapalha - e recorrer ao STF ou ao Papa nada resolve - é o prazo de entrega.]
 
"A Presidência da República e o Ministério da Saúde têm encarado as vacinas mais como um problema do que uma solução. Em inúmeros episódios, aqueles que deveriam ser responsáveis por gerir as crises, se valeram de seus discursos e cargos para deslegitimar a vacinação, discriminando os imunizantes de determinados países e fazendo terrorismos sobre os possíveis efeitos da vacina na saúde da população", anotou Santa Cruz. A OAB ressalta que a postura do governo federal no combate à pandemia 'tem sido descrita por especialistas da saúde e pela mídia, dentro e fora do País, como um dos fatores que contribuíram para a conjuntura calamitosa atual'.
 
"A situação, conforme amplamente noticiada, é dramática e exige medidas urgentes e drásticas", frisou o presidente da OAB. A ação pede ao STF que determine a Bolsonaro a obrigação de adquirir doses de vacinas contra a covid em quantidade suficiente e necessária para garantir a imunização em massa da população de forma urgente e no menor prazo possível. "Destinando recursos federais suficientes para tanto, em atenção ao direito à vida, à saúde e ao princípio da eficiência administrativa", pontuou a OAB.
 
Nesta sexta, o governo Bolsonaro assinou dois contratos para a compra de 138 milhões de doses de vacinas contra a covid-19. Segundo o Ministério da saúde, 100 milhões de doses serão fornecidas pela Pfizer/BioNTech e outras 38 milhões pela Janssen, do grupo Johnson&Johnson. A expectativa, porém, é que os imunizantes sejam entregues até o final do ano.
 
O Brasil tem hoje mais de 562 milhões de doses de vacinas contra a covid contratadas para 2021. No entanto, o ritmo da vacinação segue lento no País, que hoje conta com 11,4 milhões de pessoas imunizadas contra a covid, o que equivale a 5,53% da população total brasileira. A lentidão da campanha de vacinação ocorre em uma escalada crítica da pandemia. Pelo 21º dia consecutivo, a média móvel registrou 2.178 óbitos por covid. Nesta sexta o Brasil também ultrapassou pela primeira vez a marca de 15 mil mortes em uma semana pelo novo coronavírus. A transmissão descontrolada do vírus também tem levado a colapso e redes hospitalares, com morte de pacientes em filas por leito e falta de remédios para intubação.
 
Com transmissão descontrolada do vírus, o País tem visto o colapso de várias redes hospitalares, com morte de pacientes na fila por leito e falta de remédios para intubação. Governadores e prefeitos têm endurecido restrições ao comércio na tentativa de frear o contágio.
 
Correio Braziliense - Agência Estado

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

O Plano B somos nós - Fernando Gabeira

In Blog

Vamos esperar que Bolsonaro se ilumine?

Para o Brasil escapar de tragédias maiores, precisa vacinar 150 milhões de pessoas no prazo mais rápido possível. O governo é incapaz de realizar esse plano de vacinação. Faltam vontade, competência e habilidade diplomática. Qual é a saída? Derrubar o governo não basta. É preciso também tentar, simultaneamente, salvar vidas, pois, cada vez mais, elas estão em jogo.

Se todos compreendessem a urgência dessa tarefa, veriam que, na realidade, podemos contar com o próprio esforço. Bolsonaro e Augusto Aras nos ameaçam com um golpe, é tudo que sabem fazer. São tão estúpidos que nem percebem o mundo que os envolve.

 [Tem coisas que só acontecem ou são sugeridas,  quando são contra o presidente Bolsonaro e que caso se tornassem  realidade,  o Brasil e os brasileiros seriam os prejudicados.
Decretar que derrubar o governo não basta é indicio que pretendem, ou pretenderam, derrubar. Perceberam que não vão conseguir e travestem o recuo em  conclusão. Quem iria derrubar? As tropas já estão sendo treinadas em Cuba?
As vacinas. O Brasil é o único país do mundo que para a vacinação contra a covid-19 ter efeito, é necessário vacinar e com urgência, quase 90% da população alvo.
Esquecem os arautos do pessimismo que essa urgência anti Bolsonaro não vai colar  - o Japão, nação que se destaca pela sensatez e respeito aos seus cidadãos, só começa a vacinação em fevereiro próximo.
Aqui, pelo atraso da vacinação, muitos inimigos do Brasil chegam a acusar o presidente de genocídio. Tais figuras, fossem cidadãos  japoneses estariam, no mínimo, propondo que o primeiro-ministro nipônico  fosse condenado a praticar o haraquiri. Afinal, Trump e Bolsonaro já receberam sugestão de se suicidarem.]

E é sobre o mundo que precisamos conversar. As relações internacionais não podem ser monopólio de um pequeno grupo de fanáticos. Precisamos, de todas maneiras, romper o isolamento do país e deixar dentro de suas linhas estreitas apenas o governo e seus seguidores.  Precisamos de vacina num momento em que não há abundância: grande parte já foi comprada pelos países ricos.

Percebo que os governadores se movem mas encontram dificuldades. Para um só estado, se colocar no mercado internacional é difícil. Mas talvez não seja tanto para um consórcio de estados. A Bahia e outros estados do Nordeste poderiam tentar fechar negócio com a Sputnik V.  
Não há autorização da Anvisa? Ela é muito parecida com a de Oxford, que já foi analisada. E já foi aprovada em muitos países.
A Argentina está capacitada a produzir a vacina Oxford-AstraZeneca. Vai exportar para a América do Sul, menos para o Brasil. 
Mas o Rio Grande do Sul não poderia estabelecer uma relação com o governo argentino e abrir uma exceção? 
Nesse movimento, poderia carregar também Santa Catarina.

O governo brasileiro proibiu empresas de comprar vacinas. Isso é inconstitucional. A obrigação do governo é fornecer vacinas gratuitas para todos e não se meter em iniciativas particulares. Um pool de empresas poderia negociar com a Pfizer, a Moderna e a Janssen, que está por vir, e, além de vacinar seus funcionários, doar grandes partidas para a sociedade. [sobre negociar com a Pfizer, sugerimos clicar aqui.]

Naturalmente que um plano nacional de vacinação é mais eficaz. Mas o governo não consegue comprar tudo. A iniciativa passa para quem tiver as vacinas nas mãos; ninguém conseguirá evitar que os trabalhadores da saúde a apliquem, ainda que sejam vistos pelos burocratas como desobedientes. É possível dizer que talvez seja tarde demais. A ineficácia do governo e seus preconceitos contra a China foram longe. Mas, ainda assim, é possível estabelecer um diálogo com a China fora do âmbito do governo.

O problema é que ficamos dependentes de China e Índia. Juntas elas têm quase 3 bilhões de habitantes. Só na primeira fase, a Índia quer vacinar 300 milhões. A China pretende vacinar 50 milhões até o Ano Novo Lunar, que cai em 14 de fevereiro. É muita demanda interna. [Índia com 1,3 bilhão de habitantes,quer na primeira fase vacinar pouco mais de 20%- o Brasil tem que vacinar, e correndo, quase 90%] Um movimento nacional pela vacina não seria mais apenas para pressionar Bolsonaro. Ele já é uma carta fora do baralho, na medida em que fracassou parcialmente na mais importante tarefa nacional.

A campanha publicitária pela vacinação já está sendo feita por artistas independentes. Se logramos, de alguma forma, negociar a vacina, talvez possamos romper com esse impasse doloroso. É possível argumentar que talvez seja tarde. O ideal era ter compreendido isso antes, mas seria difícil nos convencer quando o fracasso do governo ainda não era nítido. O vírus não vai embora. Pelo contrario, ele se adapta à realidade num ritmo mais rápido do que muitas cabeças humanas. Enquanto tivermos a pandemia, a vacina será a única saída estratégica. Não há escolha.

Vamos esperar que Bolsonaro se ilumine? 
Ou que Ernesto Araújo torne-se simpático ao governo chinês ou mesmo ao americano? Tanto na sua política internacional quanto nos conselhos cotidianos para romper o isolamento, ignorar máscaras, tomar hidroxicloroquina, eles nos levam à autodestruição. Diante da grande tarefa, o governo é incapaz. Somos o plano B, se a sociedade não ocupar também esse espaço, travaremos uma estéril batalha verbal. 
 
Blog do Gabeira - Fernando Gabeira, jornalista  
 

domingo, 17 de janeiro de 2021

O dia que poderia ter mudado a nossa sorte na pandemia - Blog Matheus Leitão

Veja 

 O dia D foi neste domingo, 17 de janeiro. A Anvisa aprovou o uso emergencial das duas vacinas – tanto a da Coronavac, do Instituto Butantan, quanto a da Astrazeneca, da Fiocruz – e o governador  João Dória fez a foto da primeira pessoa vacinada. Mesmo após a histórica aplicação, a briga entre o Ministério da Saúde e o governo de São Paulo continuou.   O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, insinuou que pode até entrar na Justiça contra o governo paulista. Mas houve um momento em que todo esse estresse dos últimos dias poderia ter sido superado. [o ministro Pazuello, lamentavelmente,contraiu um vírus comum no governo Bolsonaro = falar demais, falar desnecessariamente.
Tivesse mantido a descrição que o cargo exige, evitado apregoar seus planos e o Joãozinho Doria não tinha conseguido fotografar a primeira aplicação da vacina  contra a covid-19 em solo brasileiro. 
A foto expressa uma falsa preocupação do 'Bolsodoria' - Doria foi eleito governador com o apoio do presidente Bolsonaro; após ganhar, traiu o apoiador -  com a saúde dos brasileiros = sua preocupação é apenas politizar a vacina e conseguir um reles capital  político para usar em 2022 (esquece o Joãozinho que em 2022 a pandemia estará esquecida e o que vai contar é o desempenho da economia. 
A gripe espanhola que matou 50.000.000 em todo o mundo foi esquecida e a covid-19 também será.)
 
Completando o raciocínio, embora nos sintamos constrangidos com nossa ousadia de aconselhar um oficial general sobre estratégia, vamos correr o risco: - General! se o senhor tivesse silenciado sobre requisitar as vacinas do governador paulista, a foto não teria sido tirada hoje e sim amanhã, aqui em Brasília, com o presidente Bolsonaro, o senhor e a primeira pessoa vacinada em solo brasileiro. 
Era só ter trabalhado em silêncio, conversado com o presidente, e publicado hoje cedo uma Medida Provisória  autorizando o Governo Federal a  requisitar,  em qualquer ponto do território nacional,  a vacina contra a covid-19 e a foto estava garantida. 
Publicada a MP, com força de lei, um emissário iria ir ao Butantan e requisitaria a vacina para Brasília - alguns centenas de doses. E amanhã cedo começaria a distribuição maciça em todo o território nacional.
Aplicando ao vivo e a cores algumas doses, nem o MD ministro Lewandowski poderia interromper o processo.
Quando aquela confusão de outubro, o senhor está certo “É simples assim: um manda e o outro obedece”.]

Era 20 de outubro de 2020, ou seja, três meses atrás, quando o Ministério da Saúde, comandado pelo soldado Pazuello, anunciou a intenção de comprar 46 milhões de doses da vacina Coronavac. O momento transmitia rara racionalidade do governo Jair Bolsonaro, gerando elogios efusivos de governadores. “Hoje assinamos com o Butantan. (Está) assinado. Menos de 24h depois da medida provisória, nós assinamos um contrato para entrega das primeiras 46 milhões de doses até abril e de mais 54 milhões no decorrer do ano, indo a 100 milhões de doses”, afirmou Pazuello, após tratar o imunizante do do laboratório chinês como a “vacina brasileira”. O ministro da Saúde ainda disse que o governo pretendia comprar o imunizante da Janssen, braço farmacêutico da Johnson & Johnson. 

Sim, era uma esperança e tanto. Parecia até que havia baixado um pouco de sanidade e responsabilidade no governo de extremistas. Se tivesse prosseguido com o plano, o país teria apressado o processo para ter mais vacinas no Brasil, gerado mais recursos para o Instituto Butantan, com o aumento da produção. Hoje, estamos atrás de mais de 50 países que já começaram a aplicar as vacinas na população. É que no dia seguinte desse acordo, em 21 de outubro, a esperança acabou. A alegria durou pouco, como de costume neste governo. O presidente Bolsonaro teve mais um daqueles surtos e disse que a “vacina chinesa de João Doria” não seria comprada pelo governo. Como um menino que perde uma queda de braço, escreveu no Twitter com palavras em caixa alta: “O povo brasileiro NÃO SERÁ COBAIA DE NINGUÉM. ... 

Blog Matheus Leitão - Matheus Leitão, jornalista - VEJA - MATÉRIA COMPLETA

 

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

A logística da Fiocruz - Míriam Leitão

O Globo

A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, trabalha de olho no calendário e nos números de produção. Sabe que a saúde e a economia dependem da capacidade de fornecimento de vacinas. Até sexta-feira o instituto deve entrar com o pedido emergencial de uso da vacina da Oxford-AstraZeneca. Até o dia 17, devem chegar as duas milhões de doses importadas da Índia. Em fevereiro, a Fiocruz entrega ao governo 10 milhões de doses e, em março, outras 15 milhões. Ao todo, o instituto vai produzir 100 milhões de doses. O país começará, com a vacinação, a entrar em outra fase. “O momento atual é de muita dor, muita desinformação”, lamenta.

Nísia conta que o espaçamento de doze semanas entre as duas aplicações foi, no caso da vacina da AstraZeneca, conclusão de pesquisa clínica. Com a primeira dose, a imunidade já é de 70%. - Uma coisa a nosso favor é esse intervalo de 12 semanas, porque, se essa estratégia for adotada pelo Plano Nacional de Imunização, permitirá que mais pessoas sejam imunizadas — diz Nísia Trindade.

Ela participou na segunda-feira de reunião com a Anvisa, para saber de todos os documentos que faltam para o pedido de autorização emergencial. São documentos que devem vir da Índia, onde são fabricadas as vacinas compradas prontas. Ela não tem dúvidas de que o Instituto Serum vai respeitar o contrato feito e mandar as doses: — Nós nem somos compradores de vacinas, somos produtores, mas neste momento de dor do país achamos bom fechar esse contrato. Ele deve servir para imunizar o pessoal da saúde, que está na frente de combate ao vírus.

A Fiocruz receberá as doses prontas da Índia. Depois passará a produzir com o Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), importado da China. O IFA é o núcleo da vacina. A AstraZeneca produz globalmente, mas o lote que fornecerá ao Brasil está sendo produzido na China. No segundo semestre a Fiocruz, graças à transferência de tecnologia, passará a produzir tudo aqui de forma independente:A partir de agosto teremos autonomia de produção. A tecnologia da Oxford AstraZeneca é muito adequada para nós, porque será a primeira vacina do mundo a usar a tecnologia do vetor viral, do adenovírus. A tecnologia tradicional usa o vírus atenuado ou inativado. Essa usa o adenovírus que carrega parte da proteína do coronavírus. O organismo reconhece e produz anticorpos e células imunes. É um duplo mecanismo. A Oxford estava trabalhando nessa plataforma para o ebola e outros coronavírus. A tecnologia vai ser útil para outras vacinas.

A Fiocruz, já em abril do ano passado, saiu prospectando fornecedores. O que Nísia explica é que a produção é global, mas muito concentrada, por isso é fundamental que o Brasil invista em ciência e tecnologia. — É importante entender o fator econômico da vacina. E o geopolítico. Temos que nos preparar para o enfrentamento agora e no futuro investindo no desenvolvimento científico nacional. Está havendo desabastecimento até nos países desenvolvidos. No Brasil, os laboratórios que têm condições de suprir nossas necessidades são a Fiocruz e o Butantan.

Há grupos no Brasil pesquisando vacina para Covid. Não estão na fase de testes clínicos. A coordenação da Fiocruz em Minas Gerais está trabalhando com a UFMG. Há dois outros grupos de pesquisa na Bio-Manguinhos, um deles estudando a tecnologia do RNA mensageiro da Bio-Manguinhos, Existe outro núcleo na USP. — Alguém pode achar que isso não faz sentido porque já existem vacinas. Mas é fundamental acompanhar os aperfeiçoamentos — disse Nísia.

Se no mundo da política existe divisão entre as vacinas, na ciência, existe cooperação. A Fiocruz está participando dos testes clínicos da fase 3 da vacina da Janssen e também da Coronavac, do Butantan, no núcleo de pesquisas de Niterói.

A presidente da Fiocruz disse que a produção num primeiro momento poderá imunizar os grupos mais vulneráveis que são 80 milhões de brasileiros. Explica que crianças, adolescentes e grávidas não poderão, por enquanto, ser imunizados com essa vacina da Fiocruz porque não foram feitos testes nesses grupos. Ela acha que o melhor é que a vacinação tenha coordenação federal e que os brasileiros tenham acesso à vacina pelo SUS.

Míriam Leitão, jornalista - O Globo - Com Alvaro Gribel, de São Paulo

 

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Flórida executa condenado com droga nunca antes aplicada

A Flórida executou nesta quinta-feira seu primeiro preso em quase dois anos, usando uma injeção letal com uma droga que nunca foi empregada nos Estados Unidos.


 Asay  primeiro homem executado por matar um negro na Flórida desde que a pena de morte foi restabelecida na Flórida em 1976, segundo o Centro de Informações sobre Pena de Morte - GETTY IMAGES/AFP/Arquivos

“A sentença do estado da Flórida contra o réu Mark Asay foi aplicada às 18H22 (20H22 Brasília)”, informou o departamento Correcional do Estado.  Sua última refeição foi às 09H30 da manhã, quando “pediu costeletas de porco, presunto frito, batatas fritas, sorvete de baunilha e uma lata de Coca Cola”, disse à AFP um oficial do departamento, acrescentando que não houve “última mensagem”.

Mark Asay, 53 anos, foi sentenciado à morte em 1988 por um duplo assassinato com motivação racial em Jacksonville, na Flórida, um ano antes.  No início deste mês, o Supremo Tribunal da Flórida negou a suspensão da execução de Asay. O homem questionou a intenção do estado de usar uma injeção letal que incluiu o etomidato, sedativo nunca antes usado em uma execução nos Estados Unidos. Ele substituiu outra droga, o midazolam, que tem sido tema de uma importante disputa legal.

A juíza Barbara Pariente disse que o estado tratou Asay “como uma cobaia de seu mais novo protocolo de injeção letal”. Uma porta-voz do Departamento Correcional da Flórida, Ashley Cook, declarou à AFP que o órgão “segue a lei e executa a sentença do tribunal”.
“Este é o dever mais solene do Departamento e o objetivo do procedimento de injeção letal é realizar um processo humano e digno”, acrescentou.

– Dificuldade de administrar –
Janssen, divisão farmacêutica da empresa Johnson & Johnson, desenvolveu o etomidato e se opôs ao seu uso em coquetéis de injeções letais.  “A Janssen descobre e desenvolve inovações em medicamentos para salvar e melhorar vidas”, disse o porta-voz Greg Panico ao Washington Post.  “Não aprovamos o uso de nossos medicamentos em injeções letais para a aplicação da pena capital”, acrescentou. [A Janssen parece esquecer que a pena de morte é necessária para que as PESSOAS DE BEM tenham vidas melhores, com mais segurança e livres de criminosos perigosos e cruéis.]

O etomidato é difícil de administrar e pode causar irritações e queimaduras severas caso seja usado de maneira incorreta, alertou Jonathan Groner, professor de cirurgia na Ohio State University, que é contra a pena de morte. Também observou que administrar a droga “pode causar dor ao ser injetada se as veias estiverem danificadas, e muitas pessoas no corredor da morte têm veias danificadas porque são idosas ou têm um histórico de abuso de drogas”.

Asay é o primeiro homem executado por matar um negro na Flórida desde que a pena de morte foi restabelecida no Estado, em 1976, segundo o Centro de Informações sobre Pena de Morte.  Mark Asay atirou em Robert Lee Booker, um afro-americano, após fazer comentários racistas, segundo os promotores. Ele matou a outra vítima, Robert McDowell, que foi identificado como hispânico e aparentemente estava vestido como uma mulher, depois de fazer um acordo para remunerá-lo em troca de sexo.

Fonte: AFP - Isto É