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segunda-feira, 19 de julho de 2021

Personagens e situações obscuras - Alon Feuerwerker

Análise Política

Quando o Supremo Tribunal Federal arbitrou que governadores e prefeitos teriam autonomia para decidir sobre medidas de distanciamento e isolamento social, retirou uma parte do poder do presidente da República. Mas abriu-lhe, indiretamente, um caminho alternativo potencialmente promissor: ofereceu ao governo federal a oportunidade de concentrar-se no tema das vacinas.[enfatizando que a vacina só se tornou eficaz - mediante sua inoculação no braço das pessoas - em 8 dezembro 2020, no Reino Unido. Ainda que o Brasil se esforçasse ao máximo, não conseguiria imunizar uma única pessoa antes daquela data. 
Aliás, a desastrosa decisão do STF - tão incoerente que se fosse possível a Suprema Corte decidiria "esqueçam, o que decidimos sobre autonomia das 'autoridades locais' e todo o resto  que nos vincule ao tema". A CPI Covidão, mais dia menos dia, terá que se debruçar sobre o tema e comprometer as 'autoridades locais'  e muitas outras.
A decisão foi tão sem sentido, que ainda hoje permanece válido o enigma: ' como é possível dar autoridade total ao Poder Executivo da União para coordenar as ações de combate à covid-19,desde que respeitando o decidido pelas autoridades locais? acrescentamos: que diabo de autoridade total é esta que depende da concordância dos terceiros envolvidos?]

Pelo que se vê até o momento da Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado da Covid-19, o Planalto não apenas aproveitou mal a possibilidade, mas, na melhor das hipóteses, deixou florescer um ecossistema entrópico em assunto tão importante. Daí a emergência no noticiário de um amontoado de personagens obscuros apanhados em situações idem. Já se podia antever, e foi antevisto, pelo menos desde outubro do ano passado: se o governo escorregasse no assunto das vacinas cometeria um erro político de consequências potencialmente graves (“Salada indigesta”). Para quem quis enxergar, o sinal amarelo acendeu quando o presidente reagiu biliosamente ao anúncio de que o Ministério da Saúde compraria a CoronaVac.

Aliás o Brasil vive uma situação surreal: o governo federal acabou decidindo gastar bilhões com ela, que hoje está no braço de metade dos imunizados, mas quem fatura politicamente são os governadores, enquanto o entorno presidencial continua falando mal da vacina chinesa do Butantan. Mesmo que todos os estudos comprovem a eficácia dela.

E não é só com a vacina da Sinovac. Um problema menos alardeado é a inexplicável demora para a aprovação do uso maciço por aqui da russa Sputnik V. Outra bem eficaz. Neste caso, nota-se uma curiosa aliança entre a direita saudosa da guerra fria e a esquerda corporativista que, na dúvida, toma as dores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Estivesse a CPI realmente tão preocupada em salvar vidas quanto em emparedar o governo, e a Anvisa já estaria faz tempo dançando em chapa quente por causa da Sputnik V. A vacinação brasileira contra a Covid-19 vai razoavelmente, mas poderia estar indo melhor. Velocidade é fundamental, também por causa da corrida contra as novas cepas. E o Brasil tem estrutura para vacinar diariamente pelo menos o dobro do que está conseguindo imunizar hoje, inclusive pela verificada e crescente adesão popular.

Não é engenharia de obra pronta, porque vem sendo dito desde sempre: a única política razoável sobre vacinas é trazer todas, na maior quantidade possível, e no menor prazo possível. Claro que demandas assim superaquecidas ensejam risco de maus modos administrativos, e também por isso é necessário centralizar e adotar transparência máxima.

O governo federal carrega o mérito de ter buscado nacionalizar a produção da AstraZeneca na Fiocruz, mas errou em dois aspectos estratégicos: confiou na política de uma só vacina e não cuidou adequadamente de ter vacinas aqui em grande quantidade no curtíssimo prazo. Este segundo ponto foi fatal quando a segunda onda veio como um tsunami a partir de Manaus.

É a típica situação em que o acúmulo de erros acaba impedindo a capitalização política. 
Todas as pesquisas mostram que o eleitorado 1) está mais otimista quanto ao controle da epidemia e 2) credita em boa medida a vacinação ao Ministério da Saúde. 
Enquanto isso, o presidente da República vive seu momento mais crítico, na popularidade e na política. [popularidade agora é o que menos importa; o que conta mesmo é em 2022, teclar BOLSONARO e CONFIRMA - de preferência com o VOTO IMPRESSO impedindo fraudes mediante desvio de votos.]
 
Alon Feuerwerker,  jornalista e analista político 
 

 

sábado, 17 de julho de 2021

Vice Rodrigues! as vacinas foram compradas? ou o senhor está considerando fato uma mera deduçao?

"A CPI da Pandemia abriu a caixa de pandora", diz Randolfe após vídeo de Pazuello

Como ministro, general se comprometeu a assinar contrato para a compra de 30 milhões de doses da vacina, oferecidas por intermediadores por quase o triplo do valor apresentado pelo Butantan. Militar diz que refutou aquisição porque proposta era inidônea

Quando estava à frente do Ministério da Saúde, o general Eduardo Pazuello se comprometeu a assinar contrato para a compra de 30 milhões de doses da vacina chinesa CoronaVac, do laboratório Sinovac, oferecidas por intermediadores por quase o triplo do valor negociado com o Instituto Butantan. O imunizante já foi menosprezado seguidas vezes pelo presidente Jair Bolsonaro, na briga política com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). O chefe do Planalto chegou a afirmar, no ano passado, que a “vacina chinesa de João Doria” não seria adquirida pelo governo federal.
[senador Rodrigues não fosse Vossa Excelência obcecado por arranjar encrencas a qualquer custo, pensaria um pouco e deduziria (o senhor quando pensa, se é que pensa,  procura sempre deduzir contra seus inimigos, por mais absurda que seja a dedução. 
O mais estúpido dos corruptos não seria idiota para aceitar corrupção logo na compra da vacina CoronaVac, que esteve sempre no foco dos desentendimentos entre o governador paulista e o presidente Bolsonaro.
Qualquer autoridade corrupta fugiria da oferta de comprar vacinas por um preço três vezes superior ao praticado em compras por outros governos. Imagine o estardalhaço que o Doria faria se descobrisse que o ministro da Saúde do presidente Bolsonaro, estava comprando doses da sua (dele, Doria)  vacina - lembre-se que a CoronaVac foi por muito tempo conhecida por vacina do Doria - por um preço três vezes superior.
Senador sugerimos que e senhor e seus amigos que se consideram 'donos' da CPI Covidão, fiquem mais atentos e evitem supervalorizar certas 'caixas de pandora' que quando abertas nada provam. Veja o que o irmão do deputado Miranda aprontou quando foi depor na PF. Deu para trás, recuou, e disse que não gravou nada da conversa que teve com o presidente Bolsonaro. Deu ruim..,
O general Pazuello, ou qualquer outra autoridade, deduziriam - dedução correta, inteligente - que ao efetuar a compra no valor que o senhor deduziu, três vezes superior ao praticado, o autor da compra estava chamando atenção de todos para o negócio e se entregando por burrice. 
Convenhamos que se a compra tivesse ocorrido, - senador Rodrigues, o senhor consegue perceber que todas as conclusões de 'sua' CPI, são sobre coisas que não ocorreram? - causaria estranheza ao governo brasileiro.]

A negociação de Pazuello com os intermediadores foi revelada pela Folha de S. Paulo, que divulgou um vídeo da reunião, ocorrida em 11 de março. A comitiva, liderada por um empresário apresentado como John, ofertava o imunizante a US$ 28 por dose, quase três vezes o valor da CoronaVac do Butantan (US$ 10). Segundo a publicação, o intermediador representaria uma empresa chamada World Brands, de Santa Catarina.

“Estamos aqui reunidos no Ministério da Saúde recebendo uma comitiva enviada pelo John. Uma comitiva que veio tratar da possibilidade de nós comprarmos 30 milhões de doses, numa compra direta com o governo chinês, e já abre também uma nova possibilidade de termos mais doses”, diz Pazuello no vídeo. “Já saímos daqui, hoje, com o memorando de entendimento assinado e com o compromisso do ministério de celebrar, no mais curto prazo, um contrato para podermos receber essas (sic) 30 milhões de doses no mais curto prazo possível.”

Correio Braziliense - MATÉRIA COMPLETA

quinta-feira, 27 de maio de 2021

Dados de imunogenicidade da CoronaVac ainda não foram validados pela Anvisa - Revista Oeste

Paula Leal

Estudo traz informações sobre a duração da proteção da vacina chinesa

A CoronaVac, vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, recebeu autorização para uso emergencial no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 17 de janeiro deste ano. Entretanto, a aprovação ficou condicionada à apresentação de alguns dados que não foram enviados junto com o pedido de uso emergencial. Entre eles, o estudo de imunogenicidade, que segundo a Anvisa, é a capacidade, por exemplo, “de uma vacina incentivar o organismo a produzir anticorpos contra o agente causador da doença.”

Anvisa: "Os estudos enviados necessitam ser complementados para fins da conclusão do estudo”
Anvisa: "Os estudos enviados necessitam ser complementados para fins da conclusão do estudo” | Foto: Willian Moreira/Futura Press/Estadão Conteúdo

Em 30 de abril, o Butantan entregou os dados à Anvisa, mas a área técnica da agência reguladora informou em nota, na última sexta-feira 21, que “os estudos enviados necessitam ser complementados para fins da conclusão do estudo.”

Leia mais: “CoronaVac: efetividade varia de 61,8% a 28% em idosos a partir dos 70 anos, diz pesquisa”

Duração da imunidade
Ainda não se sabe por quanto tempo os anticorpos produzidos pela pessoa vacinada com a CoronaVac permanecerão no organismo. O Instituto Butantan também se propôs a realizar estudos complementares para indicar o tempo de duração da resposta imune da vacina chinesa. Também em nota, a Anvisa informou que a “proposta de estudos complementares ainda será avaliada, assim que for recebida.”

Revista Oeste


segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Bolsonaro bate o martelo: A vacina é do Brasil, não é de nenhum governador’

Declaração do presidente foi dada mais de 20 horas após a Anvisa ter aprovado o uso emergencial da CoronaVac e da Astrazeneca/Oxford

O presidente Jair Bolsonaro disse na manhã desta segunda-feira, 18, a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, que a vacina CoronaVac, cujo uso emergencial foi aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) um dia antes, “é do Brasil” e “não é de nenhum governador”. [lembramos que não pode ser esquecido esquecer que  a CoronaVac, por peculiaridades específicas das doses, vacina metade do total de lotes disponíveis = os 10,8 milhões de doses estocadas no Brasil, vacinam 5,4 milhões de pessoas, enquanto a da Fiocruz (quando comparada com a chinesa)  vacina o dobro do número de doses. Os dois milhões de doses da vacina AstraZeneca/Oxford, que virão da Índia vacinam dois milhões de pessoas.]

Ele também afirmou que agora o país vai tentar viabilizar a chegada ao país de outras vacinas que o governo tem tentando comprar, como o lote de 2 milhões de doses da AstraZeneca/Oxford — que também teve o uso emergencial liberado pela Anvisa ontem — que a Índia se comprometeu, em contrato, a fornecer ao Brasil.

“A Anvisa aprovou, não tem o que discutir mais, agora, havendo disponibilidade no mercado, a gente vai comprar e vai atrás de contrato que fizemos também, que era para ter chegado a vacina aqui. Então está liberada a aplicação no Brasil. E a vacina é do Brasil, não é de nenhum governador não, é do Brasil”, disse. A declaração do presidente ocorre mais de 20 horas após a Anvisa ter autorizado o uso emergencial da CoronaVac e da Astrazeneca/Oxford. A primeira já tem 10,8 milhões de doses em estoque no Brasil, parte delas produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, e já começou a ser aplicada – a segunda, que será produzida pela Fiocruz, ainda não está à disposição.

Ao falar que a Coronavac não pertence a nenhum governador, Bolsonaro está se referindo ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB), seu adversário político, e que, minutos após a aprovação pela Anvisa, deu início à vacinação em São Paulo. Nos últimos seis meses, o presidente minimizou a eficácia do imunizante e afirmou que o governo federal não o compraria.

Bolsonaro chegou a se referir a CoronaVac como “vachina” durante uma visita ao Centro Experimental de Aramar, da Marinha, em Iperó, no final de outubro. A declaração aconteceu após o ministro da saúde, Eduardo Pazuello ter assinado um acordo para adquirir 46 milhões de doses da vacina.“É uma questão séria e que mexe com vidas. Já mandei cancelar o protocolo de intenções, porque não abro mão da minha autoridade. Até porque estaria comprando uma vacina que ninguém está interessado por ela, a não ser nós. Não sei se o que está envolvido nisso tudo é o preço vultoso que vai se pagar por essa vachina, essa vacina da China”, afirmou.[FATO: Tendo a Anvisa aprovado o uso emergencial no Brasil da vacina CoronaVac,  não há o que se discutir - conforme bem declarou o presidente Jair Bolsonaro.
Apenas registramos que a vacina CoronaVac não desfruta da preferência de nenhum país desenvolvido - situação que muda agora com uso emergencial autorizado no Brasil.
A 'correria' pela CoronaVac, no Brasil se deve unicamente ao falatório de algumas autoridades brasileiras - nenhuma agência reguladora de país desenvolvido, do porte da FDA, do Reino Unido aprovou o uso da mesma. A primeira é a Anvisa.]

Na mesma época, em um comentário no Facebook, Bolsonaro também chamou a CoronaVac de vacina chinesa de João Doria” e repetiu que ele não a compraria. Mas em dezembro, Eduardo Pazuello revelou que o acordo de intenção de compra com o João Doria havia sido mantido. Também durante o mês de outubro, em uma live, o presidente disse, dirigindo-se ao governador de São Paulo, “procura outro para comprar a sua vacina aí” 

VEJA  - Blog Maquiavel 

 

domingo, 17 de janeiro de 2021

O dia que poderia ter mudado a nossa sorte na pandemia - Blog Matheus Leitão

Veja 

 O dia D foi neste domingo, 17 de janeiro. A Anvisa aprovou o uso emergencial das duas vacinas – tanto a da Coronavac, do Instituto Butantan, quanto a da Astrazeneca, da Fiocruz – e o governador  João Dória fez a foto da primeira pessoa vacinada. Mesmo após a histórica aplicação, a briga entre o Ministério da Saúde e o governo de São Paulo continuou.   O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, insinuou que pode até entrar na Justiça contra o governo paulista. Mas houve um momento em que todo esse estresse dos últimos dias poderia ter sido superado. [o ministro Pazuello, lamentavelmente,contraiu um vírus comum no governo Bolsonaro = falar demais, falar desnecessariamente.
Tivesse mantido a descrição que o cargo exige, evitado apregoar seus planos e o Joãozinho Doria não tinha conseguido fotografar a primeira aplicação da vacina  contra a covid-19 em solo brasileiro. 
A foto expressa uma falsa preocupação do 'Bolsodoria' - Doria foi eleito governador com o apoio do presidente Bolsonaro; após ganhar, traiu o apoiador -  com a saúde dos brasileiros = sua preocupação é apenas politizar a vacina e conseguir um reles capital  político para usar em 2022 (esquece o Joãozinho que em 2022 a pandemia estará esquecida e o que vai contar é o desempenho da economia. 
A gripe espanhola que matou 50.000.000 em todo o mundo foi esquecida e a covid-19 também será.)
 
Completando o raciocínio, embora nos sintamos constrangidos com nossa ousadia de aconselhar um oficial general sobre estratégia, vamos correr o risco: - General! se o senhor tivesse silenciado sobre requisitar as vacinas do governador paulista, a foto não teria sido tirada hoje e sim amanhã, aqui em Brasília, com o presidente Bolsonaro, o senhor e a primeira pessoa vacinada em solo brasileiro. 
Era só ter trabalhado em silêncio, conversado com o presidente, e publicado hoje cedo uma Medida Provisória  autorizando o Governo Federal a  requisitar,  em qualquer ponto do território nacional,  a vacina contra a covid-19 e a foto estava garantida. 
Publicada a MP, com força de lei, um emissário iria ir ao Butantan e requisitaria a vacina para Brasília - alguns centenas de doses. E amanhã cedo começaria a distribuição maciça em todo o território nacional.
Aplicando ao vivo e a cores algumas doses, nem o MD ministro Lewandowski poderia interromper o processo.
Quando aquela confusão de outubro, o senhor está certo “É simples assim: um manda e o outro obedece”.]

Era 20 de outubro de 2020, ou seja, três meses atrás, quando o Ministério da Saúde, comandado pelo soldado Pazuello, anunciou a intenção de comprar 46 milhões de doses da vacina Coronavac. O momento transmitia rara racionalidade do governo Jair Bolsonaro, gerando elogios efusivos de governadores. “Hoje assinamos com o Butantan. (Está) assinado. Menos de 24h depois da medida provisória, nós assinamos um contrato para entrega das primeiras 46 milhões de doses até abril e de mais 54 milhões no decorrer do ano, indo a 100 milhões de doses”, afirmou Pazuello, após tratar o imunizante do do laboratório chinês como a “vacina brasileira”. O ministro da Saúde ainda disse que o governo pretendia comprar o imunizante da Janssen, braço farmacêutico da Johnson & Johnson. 

Sim, era uma esperança e tanto. Parecia até que havia baixado um pouco de sanidade e responsabilidade no governo de extremistas. Se tivesse prosseguido com o plano, o país teria apressado o processo para ter mais vacinas no Brasil, gerado mais recursos para o Instituto Butantan, com o aumento da produção. Hoje, estamos atrás de mais de 50 países que já começaram a aplicar as vacinas na população. É que no dia seguinte desse acordo, em 21 de outubro, a esperança acabou. A alegria durou pouco, como de costume neste governo. O presidente Bolsonaro teve mais um daqueles surtos e disse que a “vacina chinesa de João Doria” não seria comprada pelo governo. Como um menino que perde uma queda de braço, escreveu no Twitter com palavras em caixa alta: “O povo brasileiro NÃO SERÁ COBAIA DE NINGUÉM. ... 

Blog Matheus Leitão - Matheus Leitão, jornalista - VEJA - MATÉRIA COMPLETA

 

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Doria apostou tudo no cavalo errado e deveria renunciar - Rodrigo Constantino

Vozes - Gazeta do Povo

Humanos podem sempre errar. Somos falíveis. Pessoas bem intencionadas erram o tempo todo, e buscam aprender lições, consertar os rumos, melhorar. Não é o caso do governador João Doria nessa lamentável divulgação do Butantã, de que a eficácia da coronavac é de apenas 50,38%, no limite da aprovação pela Anvisa e OMS.

Doria vem monopolizando a fala em nome da ciência desde o começo, politizando a pandemia de olho em 2022. Apostou todas as fichas na vacina chinesa, desqualificou quem desconfiava da origem (uma empresa acusada de corrupção numa ditadura sem transparência) e chegou a marcar data do começo da vacinação, ignorando os passos necessários para sua aprovação.

Em suma, Doria virou um garoto-propaganda da vacina, chegando a colocar outdoor em Mato Grosso do Sul. A Anvisa tinha apenas uma forma de demonstrar sua imparcialidade técnica: aprovar a vacina. A mídia doriana logo começou a enaltecer o governador de SP enquanto demonizava o presidente Bolsonaro, seu jogo sujo desde o primeiro dia da crise.

Pois bem: de 100% de eficácia a coisa caiu para menos de 80%, depois para 60%, e agora se chegou a esse patamar mínimo, que passa raspando pelo critério técnico. Os tucanos que festejaram, sem qualquer apreço pelo verdadeiro método científico e pelo necessário ceticismo, estão hoje em silêncio, desejando apagar da nossa memória mensagens antigas. Mas estamos aqui para refrescar a memória de todos:

 ...............

Os apressadinhos falam tanto em nome da ciência, ciência, ciência, mas esquecem que a ciência se faz com desconfiança, paciência e prudência, não com confiança cega em autoridades ou na mídia. Quem confia cegamente numa ditadura chinesa, aliás, é o típico gado, que se oferece para ser cobaia e ainda chama de "negacionista" aquele mais racional. Mas a "assessoria de imprensa" do Doria segue tentando vender o peixe podre:

Ora, isso é ciência, por acaso, ou fé cega? Agora imaginem só se essa "confusão" (empulhação?) toda fosse no governo federal, e não com o governador queridinho da mídia. Qual seria a reação da imprensa? Se continuar assim, a "vachina" será apenas um placebo arriscado em breve! Aliás, um pesquisador usou os dados oficiais e chegou à seguinte conclusão:  4653 voluntários foram vacinados; 85 dos vacinados foram infectados; 4599 voluntários no placebo; 167 do grupo placebo foram infectados; usando esses dados, a eficácia global seria de 49,7%, inferior ao limiar de 50% da Anvisa e OMS.

VAR JÁ! O mínimo que se espera de quem preza pela saúde da população é cobrar uma nova rodada de pesquisas antes de liberar uma vacina nessas condições suspeitas. 
Os tucanos da mídia estão afirmando que "bolsonaristas" comemoram a notícia ruim e torcem pelo vírus. É inversão leninista, as usual. Atacam os outros diante de um espelho, esses pandeminions. O fato é que Doria apostou tudo no cavalo errado, e tentou impor sua vachina sem qualquer comprovação.

Sobre os casos graves, há um "detalhe" espantoso: foram sete pessoas testadas apenas. SETE PESSOAS! Lembram da turma dizendo que os vários estudos com cloroquina, em milhares de pessoas, eram "inconclusivos"? Não é difícil entender por que agora dizem que não devemos ser tão científicos assim. E isso foi dito pelo secretário de Saúde do governo Doria!

O que a gestão Doria fez com a credibilidade do Butantã é algo criminoso. Diante do ocorrido, só há uma coisa sensata a fazer: levantar a hashtag #ForaDoria e exigir a saída do governador imediatamente do seu cargo. Doria deveria renunciar já!

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - Vozes

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

 

domingo, 3 de janeiro de 2021

O que leva as pessoas a terem medo da vacina chinesa? Diário da Vacina

Laryssa Borges - VEJA

Tudo vem da China

“Aceito tomar a vacina de Oxford, mas não a vacina chinesa”, me diz um familiar no almoço de Ano Novo.

 3 de janeiro, 9h21: O que faz as pessoas espalharem temer o uso de vacinas chinesas durante a pandemia de Covid-19? Nas reuniões de fim de ano com familiares, a chegada dos imunizantes ao Brasil foram assunto obrigatório, mas a resistência em aceitar receber o antígeno se ele tiver sido desenvolvido na China permanece. “Aceito tomar a vacina de Oxford, mas não a vacina chinesa”, me diz um familiar no almoço de Ano Novo. Meu estômago embrulha.

Como voluntária de um estudo clínico em busca de um imunizante contra a doença que já matou mais de 1,8 milhão de pessoas em todo o mundo, sinto-me impotente diante do negacionismo e da força de movimentos criminosos anti-vacina. Mas voltemos aos chineses. A CoronaVac será desenvolvida no Brasil pelo Instituto Butantan, e a Sinopharm, o mais novo antígeno da China, já é ministrada nos Emirados Árabes durante esta pandemia e tem taxa de eficiência de 79%, segundo o fabricante, e agora teve aprovação para uso emergencial no Egito.

 E a vacina de Oxford? Também tem insumos chineses. A fábrica da AstraZeneca, por exemplo, recentemente visitada pela Anvisa para atestar qualidade na linha de produção, fica na China. Mais especificamente, no distrito de Wuhan, o primeiro epicentro da pandemia do novo coronavírus, e um grande pólo industrial no país.

Para tentar agilizar a vacinação de brasileiros, a Anvisa anunciou ontem que aprovou um pedido de importação excepcional de dois milhões de doses da vacina de Oxford, enquanto a Fiocruz desenvolve as 100 milhões de doses previstas no acordo com a farmacêutica AstraZeneca. Só para que fique registrado: o insumo farmacêutico ativo, conhecido como IFA, que será usado para produzir a vacina de Oxford no Brasil, também vem da China.

Parem de espalhar teorias conspiratórias. Tudo vem da China.[aí é que mora o perigo. A procedência dos fármacos e as inconsistências na não divulgação dos testes da vacina chinesa,  se somam a uma má fama (que já foi maior) dos produtos chineses.]

Diário da Vacina - Laryssa Borges, VEJA

sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

STF interrompe julgamento sobre vacinação contra a covid-19

Presidente da Corte apresentou pedido de destaque, o que suspende a tramitação do caso no plenário virtual

Após um pedido de destaque do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, a Corte interrompeu o julgamento que definiria se o governo deve apresentar um plano de vacinação contra a covid-19. Ao mesmo tempo, foi paralisada outra ação, que questionava ato do presidente Jair Bolsonaro que desautorizou a compra de vacinas produzidas em parceria com a China. [a decisão rápida e sensata do ministro Fux livrou o Supremo do constrangimento de julgar algo que AINDA não existe. 
Gostem ou não, NENHUMA VACINA está disponível - disponível deve ser entendido pelo significado óbvio = PRONTA PARA USO.
A da Pfizer, a mais promissora e avançada, por enquanto só para o Reino Unido =uso imediato, tipo semana que vem.]

Com a decisão de Fux, o caso, que estava sendo analisado no plenário virtual da Corte, pode ser levado ao plenário físico. No entanto, não há data para acontecer. No dia 11 de dezembro estão previstas para ir a julgamento outras duas ações, que tratam se a vacinação deve ser obrigatória ou não.

O relator do caso, ministro Ricardo Lewandowski, já havia votado sobre esse tema. No entendimento dele, o governo federal deveria apresentar um plano de vacinação em um prazo de 30 dias. Após a decisão, o Ministério da Saúde apresentou uma proposta inicial, que prevê a vacinação de quatro grupos prioritários.

Ao todo, 109 milhões de brasileiros devem ser imunizados até dezembro do próximo ano, de acordo com a estratégia. O ministro da Saúde, Ricardo Pazuello, chegou a anunciar a compra de 46 milhões de doses da Coronavac, que está sendo testada entre o Instituto Butantan e o laboratório chinês Sinovac. O presidente Jair Bolsonaro afirmou, no entanto, após as declarações de Pazuello, que "não vai comprar vacina chinesa".

O partido Rede Sustentabilidade recorreu ao Supremo. Já o Psol, Cidadania, PT, PSB e PCdoB apresentaram a ação relacionada ao plano de vacinação.[partidecos sem votos, sem programa, sem noção, sem rumo. e que estão apavorados com a extinção inevitável, já que dia menos dia a 'cláusula de barreira' os alcançará.]

Correio Braziliense

 

sábado, 14 de novembro de 2020

Procura-se a ciência do lockdown - Por Guilherme Fiuza

A Seita da Terra Parada anunciou a chegada da segunda onda. Ela quer te trancar de novo. Tudo bem, você topa. Mas com uma condição: que te mostrem os laudos comprovando que o lockdown resultou na detenção eficaz do contágio pelo coronavírus e na proteção aos grupos de risco. Pede os laudos agora, tá? Você precisa organizar logo a sua quarentena.

Pediu? Ótimo. E eles? Já te mostraram os laudos com a eficácia do trancamento geral na defesa da população contra a Covid? Não mostraram? Tudo bem, pede de novo. Eles estão muito ocupados espalhando a notícia da segunda onda, é preciso um pouco de paciência. Pediu de novo? Ótimo! Nada ainda? Que estranho.
Liga pro Mandetta. Ele com certeza tem esse atestado científico, porque vivia o dia inteiro na televisão dizendo para ninguém botar o nariz fora de casa que seria fatal. Ok, de fato ele foi filmado se abraçando e dançando com assessores num ambiente aglomerado, mas isso não tem nada a ver. A máscara de um picareta cairá mais cedo ou mais tarde, então ele não tem mesmo como se prevenir. Ligou pro Mandetta? E aí? Não atende? Insiste, que ele deve estar terminando um comício e daqui a pouco te explica tudo.

Enquanto isso vai ligando pro Butantã. Ligou? E aí? Caiu errado? Como assim? Na telefonia não existe mais esse negócio de “foi engano”, você deve ter discado errado. Ou melhor: teclado. Teclou certo? Estranho. Quem atendeu disse o quê? “Comitê do Bruninho”?! Não é possível. Você ligou pro Instituto Butantã e caiu no comitê de campanha do Bruno Covas?! É, então essa telefonia não presta mesmo. Tem que privatizar. Já privatizou? Então tem que estatizar.

Liga pro Dória. Ele deve ter outro telefone do Butantã. Ligou? Ele atendeu de primeira? Maravilha, o Dória é muito solícito mesmo. E aí, ele te deu outro telefone do Butantã? Não?! Por que? Disse que só te dá se você tomar a vacina chinesa? Espera aí, deve ter entrado uma linha cruzada. A vacina nem existe e você só queria um laudo do Butantã sobre a eficácia do lockdown... Por que você não disse isso com todas as letras? Ah, você disse? E aí, o que ele respondeu? A ligação caiu? É, não dá. Tem que privatizar. Ou melhor, estatizar. Faz o seguinte, dá uma ligada pra Fiocruz. Lá com certeza você consegue o atestado de eficácia do lockdown. Aí pode voltar tranquilo e convicto pro buraco. O que não dá é pra ficar na dúvida, que aí o vírus te pega. Esse vírus é que nem cachorro: se você demonstra insegurança ele te ataca.

Conseguiu falar com a Fiocruz? Maravilha! E aí, te deram os laudos da contenção da Covid pela quarentena horizontal? Não?! O que houve dessa vez? Eles disseram que os laudos existem mas não estão com eles? Ah, menos mal. Hoje em dia tem motoboy pra tudo. Estão com quem, os laudos? Com o Witzel?? A Fiocruz montou um plano de lockdown total com o Witzel e naquela confusão da chegada da polícia os documentos ficaram com ele? Poxa, que azar.

Bom, tenta pegar com ele assim mesmo. Não vai dar? Por que não vai dar? Ele se mudou? A Justiça despejou o Witzel do palácio? O que aconteceu? Não pagou o aluguel? Essa lei do inquilinato é absurda, coisa da ditadura. Por isso é que tem que parar tudo e fazer uma assembleia constituinte. Coitado do Witzel. Por que você não faz uma visita de solidariedade no cafofo novo dele e aproveita pra pegar a papelada científica do lockdown? Não vai dar? Por quê? Foi tudo perdido na mudança?!

Aí fica difícil. Não há ciência que aguente tantos incidentes. Vamos fazer o seguinte: como está a taxa média de letalidade da Covid? Abaixo de 70 anos é inferior à da gripe sazonal? Ok. Então liga pra Seita da Terra Parada, conta isso a eles e avisa para continuarem em lockdown mental, que você vai ficar aqui fora vigiando o perigo.

Guilherme Fiuza, jornalista - Gazeta do Povo - Vozes


sábado, 31 de outubro de 2020

Liderança em xeque - Merval Pereira

O Globo 

Incontrolável? 

O vice-presidente, general Hamilton Mourão, tem um espaço maior que seus colegas de farda para lidar com a política com mais liberdade, pois foi eleito pelo voto direto e é indemissível pelo presidente Bolsonaro. Por se posicionar com independência, já foi visto como uma alternativa mais liberal ao presidente, que avisou: “O Mourão é mais tosco do que eu”. Colocado na vice-presidência da chapa para, segundo o filho 03 Flavio Bolsonaro, tirar qualquer veleidade de derrubar seu pai, Mourão assumiu o Conselho da Amazônia para tentar dar uma organizada no combate às queimadas e ao desmatamento.
[o que nos surpreende e muito - sensação que deve alcançar milhões de brasileiros - é o general Mourão (bem mais comedido do que o presidente Bolsonaro = mais explosivo, pavio mais curto) aceitar a provocação gratuita e entrar na 'guerra pela vacina que ainda não existe'.
A sensatez recomenda que qualquer autoridade adepta do bom senso, não se manifeste sobre comprar ou não comprar um produto que não existe.

Ao declarar “Essa questão da vacina é briga política com o Doria. O governo vai comprar a vacina, lógico que vai. Já colocamos os recursos no Butantan para produzir essa vacina. O governo não vai fugir disso aí”, o general Mourão forneceu munição aos inimigos do presidente Bolsonaro e aos que querem holofotes armando conflitos com o presidente. O declarado não ressalva que a vacina cuja produção já recebeu recursos do governo - ... Já colocamos... - AINDA NÃO EXISTE.

É sabido  que existe uma grande torcida para que o presidente e o vice se desentendam. 
É também certo que tão logo uma vacina contra a peste se torne disponível  - EXISTA e seja eficaz na imunização e segura no uso - o Brasil comprará.

Nos parece imprudente que com a crise econômica que afeta todo o mundo, o Brasil fique investindo recursos em várias pesquisas de uma vacina.
Tais investimentos levam a uma pergunta: se nenhuma das vacinas pesquisadas com participação financeira do Brasil não lograr aprovação?
Não podemos continuar tentando fabricar uma vacina, enquanto no mercado há disponibilidade de outra, ou outras.
Pesquisar vacina não é para países que atravessam grave crise econômica = inclusive com milhões de brasileiros em dificuldades, muitos passando até fome.]

O ministro do Meio-Ambiente não é dos mais chegados a Mourão, que o convidou por último para participar da viagem à Amazônia com representantes estrangeiros. Algo indica que Mourão preferia que não fosse. Por tudo isso, a afirmação dele de que o Brasil comprará, sim, a vacina chinesa, desde que ela seja aprovada pela Anvisa, entrando em confronto com as afirmações de Bolsonaro, que disse que, por sua origem, a vacina chinesa não tinha credibilidade, mostra que há limites para a aceitação das idiossincrasias do presidente.

Também outros ministros militares continuam incomodados com a atuação do presidente Bolsonaro na mediação de desavenças políticas entre seus assessores. “O Jair é fraco de liderança”, comenta um desses ministros, reclamando da aceitação, por parte do presidente, dos militantes digitais, que levam para as redes sociais as baixarias, intrigas e disputas, apoiando os ministros da ala ideológica. Mourão, embora tenha dito que não é de seu feitio o desabafo feito pelo General Rego Barros, ex-porta-voz de Bolsonaro, elogiou o colega de farda, e disse entender “sua mágoa”. Ao afirmar que “política é política e Forças Armadas são Forças Armadas”, o vice-presidente parece querer traçar uma linha que separa as duas, e pode acabar assumindo o protagonismo, por atos e falas, na defesa da ala militar, que está se aproximando de uma fase reativa em relação aos políticos que assumiram a liderança do governo.

Não caiu bem entre eles a revelação, pela mesma revista Veja, das intrigas e brigas palacianas que continuam nos bastidores da ala ideológica contra militares, principalmente o general Luiz Eduardo Ramos, o ministro encarregado da articulação politica do governo e que continua sendo atacado por integrantes da ala ideológica. A desculpa meia boca do ministro Ricardo Salles não acertou as coisas, as brigas de bastidores continuam, e nas redes sociais, os grupos ideológicos são violentos e incontroláveis. Certa ocasião, ainda na campanha presidencial de 2018, conversei com o então Comandante do Exército Vilas Boas, na presença de outros militares. Perguntei por que não controlavam o candidato Bolsonaro, que espalhava agressões para todos os lados na campanha. O General Vilas Boas respondeu: “Ele é incontrolável”. [palavras certas, inteligentes e concordantes com a integridade moral, ética e profissional  de quem as proferiu;

Se as FF AA fossem controlar o candidato Bolsonaro estariam fornecendo argumentos para que a mesma imprensa que 'cobrava' o controle, caluniasse os militares dizendo que queriam controlar o governo. Com inteligência e de forma diplomática o general Villas Boas, evitou a armadilha. Dizer que um candidato em plena campanha eleitoral é incontrolável não configura ofensa].

A aceitação desse tipo de comportamento devia-se à vontade dos militares de impedir a eleição de Lula. A ida para o governo de vários militares que conheciam Bolsonaro há muitos anos, alguns deles, como Luiz Eduardo Ramos, acostumados a terem que controlar o capitão Bolsonaro expulso [?] do Exército, mas que continuava atuando como líder sindical dos militares nas portas dos quartéis, tinha a intenção de ajudá-lo a governar.

Um fato curioso foi o que aconteceu na Academia das Agulhas Negras, quando Bolsonaro, atrás de votos dos militares, postou-se à porta da instituição panfletando para parentes e amigos dos formandos. A cerimônia não podia começar com aquela panfletagem por onde entraria o presidente da República, Itamar Franco.

Quem foi negociar com o capitão Bolsonaro foi o então Major Luiz Eduardo Ramos, e o máximo que conseguiu foi que o candidato fosse panfletar longe do portão principal. Hoje, quem manda é Bolsonaro, que se utiliza da hierarquia militar para enquadrar seus generais, e os submete à atuação das milícias digitais. Ou a suas idiossincrasias, como fez com o General da Ativa Eduardo Pazzuelo, ministro da Saúde, que teve que engolir calado o presidente desmenti-lo publicamente, afirmando que não compraria a vacina chinesa. Hoje, Mourão garante que o país comprará, sim, a vacina chinesa. [para fechar, acrescentamos: desde que exista uma...chinesa, inglesa, japonesa, etc]

Merval Pereira, colunista - O Globo


segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Vacina chinesa, não! Percival Puggina

Discute-se se o Brasil deve, efetivamente, comprar milhões de doses da vacina chinesa. Sem a menor intenção de magoar a sensibilidade do governador João Doria, que tem revelado particular afeição pelos interesses chineses no Brasil, quero proclamar minha completa aversão a esse negócio. Aplica-se a ele a regra segundo a qual jamais compre mercadoria que venha empacotado por algum partido comunista.

Ao que se sabe, há duas hipóteses para a origem do coronavírus. Ou ele em suposta teoria da conspiração - é produto de algum laboratório chinês, ou ele surgiu daqueles hábitos alimentares em que seres humanos acabam metabolizando insetos e animais silvestres com constante risco de trazer à humanidade doenças para as quais não temos imunidade.

A origem desses péssimos costumes é conhecida. Eles foram adquiridos nos tétricos episódios de fome impostos pelo Partido Comunista da China ao povo chinês. Ainda que seja motivo de pesar, é imperdoável que, sabido o alto risco que eles representam, nada tenha sido feito para extingui-los. Num mundo globalizado, não há limites para a expansão de novas pandemias. Portanto, a responsabilidade do PCC é indiscutível, como indiscutível é sua condição de soberano senhor do povo de seu país. Pode-se discutir a maior ou menor responsabilidade moral do Partido numa e noutra hipótese. Mas não se pode pôr em dúvida a responsabilidade.

As suspeitas se foram tornando mais incisivas quando a revista Exame, em matéria do dia 1 de setembro (1), constatou que dezenas de economias nacionais estavam acusando quedas drásticas do PIB. Entre elas, Índia, Brasil, Estados Unidos, Japão e praticamente toda a Zona do Euro. Enquanto isso acontecia no mundo das vítimas, a China, “por haver controlado rapidamente a epidemia”, logo voltou a crescer. Em abril, o jornal El País (2), sobre cuja posição política não pairam incertezas, publicou matéria listando reações de governos europeus, notadamente França e Reino Unido, cobrando responsabilidades do governo chinês:

“Esperamos que a China nos respeite, como ela deseja ser respeitada”, declarou na segunda-feira o ministro francês de Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian. “Nada pode voltar a ser como antes” enquanto a China não esclarecer de forma cabal tudo o que está relacionado com o vírus, observou na semana passada seu homólogo britânico, Dominic Raab.

A interessante matéria destaca, ainda, uma guerra de narrativas, com a qual, propagandisticamente, a China exibe suas remessas de material médico e de enfermagem ao Ocidente, enquanto silencia o fato de haver o Ocidente feito o mesmo quando o problema se manifestou em Wuhan. A BBC, em 28 de julho, divulgou matéria em que médico chinês afirma haver, em 12 de janeiro, informado as autoridades chinesas sobre a transmissão humana do vírus. O alerta, contudo, só foi levado ao público em 19 de janeiro (3).

Por isso, penso que o PCC, soberano senhor do povo chinês, repito, deveria oferecer sua vacina de graça à humanidade. E a humanidade deveria devolver a mercadoria. Alias, gostaria que o presidente da República enviasse uma dose dela para os jornalistas que o recriminam por sua atitude de resistência. Quantos realmente iriam usá-la?
Enfim, a China deveria indenizar a humanidade pelo estrago que fez, deveria usar seu aparelho tecnológico para extinguir os riscos que provenientes dos maus hábitos alimentares de alguns de seus cidadãos, ou dos ensaios empreendidos por eventuais “doutores Nirvana” de seus laboratórios. Jamais, jamais, ganhar dinheiro vendendo vacina às vítimas do vírus que veio de lá.


Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras e Cidadão de Porto Alegre, é arquiteto, empresário, escritor e titular do site Conservadores e Liberais (Puggina.org); colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil pelos maus brasileiros. Membro da ADCE. Integrante do grupo Pensar+.


quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Responsabilidade vacinal - Alon Feuerwerker

Análise Política

O debate sobre tomar ou não vacina para a Covid-19, ou obrigar que seja ministrada, tem tudo para perdurar no tempo, já que a vacinação em massa não parece tão próxima assim. Junto com a suspensão do auxílio emergencial em janeiro, corre o risco de virar uma dor de cabeça e tanto para o governo federal.

Suponhamos que a vacina chinesa de João Doria fique pronta antes da inglesa de Jair Bolsonaro. O que este vai fazer? 
Mandar a Anvisa enrolar a liberação da vacina do desafeto? Complicado. 
E se a vacina, qualquer uma, mostrar-se eficaz, o governo vai fazer corpo mole?

Afinal, se tem campanha de vacinação para tudo, por que não para a Covid-19? Difícil de explicar para o cidadão ou cidadã comum, que querem uma solução e não estão nem aí para as arengas dos políticos. Essa história de liberdade individual é bonita, mas sabe-se que ela vai até onde começa a do outro.

Pois um objetivo de qualquer campanha de vacinação é provocar a tão falada imunidade de rebanho, mas sem o custo de deixar a grande massa da população adoecer. A pessoa não se imuniza só para não ficar doente, imuniza-se para não transmitir o patógeno a outros.

É o que se chama de, na expressão da moda, responsabilidade social.

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político

terça-feira, 16 de junho de 2020

Escravidão voluntária - Vozes - Gazeta do Povo

Guilherme Fiuza



Ok, você quer acordar desse sonho macabro. Mas ainda não é agora. Primeiro você vai ter que sonhar que viu João Dória anunciando com um laboratório chinês a vacina para o coronavírus. Isso um dia depois de ser convidado a explicar por que comprou câmeras frigoríficas para cadáveres que não poderão ser guardados nelas. Pesadelo é pesadelo. A vacina chinesa do governador de São Paulo terá a participação do Instituto Butantã – que seguiu a linha do Imperial College de Londres e soltou projeções arbitrárias sobre a epidemia. Tudo para que o governador pudesse dizer, na ponta de um lápis imaginário, quantas vidas estava salvando com a quarentena totalitária. Nem a OMS, nem cientista nenhum no mundo tem essa fórmula. Mas sonho ruim é assim mesmo, só serve para empapar o lençol de suor.


E não adianta virar para o outro lado, porque vai vir um especialista crispado, enchendo a tela da TV, te dizer que há novos casos de coronavírus no Brasil porque o lockdown precisa ser mais asfixiante. Você vai gritar – e ninguém vai ouvir, como em todo pesadelo – que esse especialista é um irresponsável. Que ele está afirmando algo que a ciência desconhece. Que a comparação entre o Reino Unido e a Suécia joga essa certeza no lixo. Que esses tarados da quarentena burra expurgaram de suas equações delirantes o fator de contágio doméstico, atestado pela própria OMS.

Tudo em vão. Por mais que você berre, a sua voz não sai. Ninguém te ouve. E volta o apresentador funesto à tela da TV para dizer que a culpa é do velhinho que foi à padaria. Aí você grita que isso é uma leviandade, que em Nova York o grupo dos que circularam apresentou muito menos infecção que o grupo dos confinados. Você se esgoela para dizer que, depois de deflagrada a pandemia, a ideia de que a humanidade ia ficar trancada em casa deixando o vírus do lado de fora era uma miragem. Uma miragem terrível.

Mas, e daí? Você queria um pesadelo com miragem bucólica? Entre flashes difusos de Bruno Covas soldando as portas do comércio e recitando planilhas de urnas funerárias e sacos para cadáveres [confira no vídeo], surge um personagem que você não conhecia. Estamos tomando a liberdade de entrar no seu sonho para apresentá-lo: é Berbel, o Feiticeiro Multimídia, que está vendo o filme completo passando na sua cabeça e veio te ajudar a entendê-lo. Ouça as palavras de Berbel:
“Bastou um único comando – fique em casa – para o mundo inteiro parar ao mesmo tempo. E disseram que o vírus veio ajudar o ser humano a dar mais valor a si mesmo e ao semelhante que está ao seu lado. Mensagens lindas começaram a circular na internet sobre a oportunidade valiosa de aprender a viver com menos, de não precisar sair para trabalhar. Caberia aos governos finalmente exercer a bondade e prover o pão para os que não têm.”


Guilherme Fiuza, jornalista - Vozes - Gazeta do Povo