Análise Política
São muitos números, então é melhor ir direto para a explicação completa (leia). O fato é que o déficit primário explodiu e as previsões para este ano são astronômicas (leia). O que era para ser uma consistente política de austeridade sustentada foi abalroado pela pandemia da Covid-19.
Paciência, dirão, o imprevisível é sempre muito difícil de prever.
É
razoável supor que quando a pandemia passar (quando?) ficaremos sim com
um problema de estoque de dívida, mas o fluxo vai talvez normalizar-se.
Dirão os pessimistas que é muito otimismo, mas não custa ter algum.
Qual é a dúvida, então? Como fazer para servir a dívida que cresceu esse
tanto, mas de um jeito que não implique tirar o oxigênio da recuperação
econômica.
Se o governo estiver de olho apenas
em aumentar a arrecadação a todo custo, vai asfixiar a economia. O
melhor seria subir a receita graças a um belo aumento da atividade. Mas
isso não está no horizonte próximo, todas as pesquisas mostram um
consumidor cabreiro. Quando a desconfiança do consumidor em relação ao
futuro vai passar? Na boa, ninguém sabe.
O
governo busca recursos para o Renda Brasil. Mas nenhum programa social
terá efeito milagroso para 2022 se, com a outra mão, o governismo
garrotear quem está um pouco acima na escala social.
Alon Feuerwerker, jornalista e analista político